Presidente Luiz Inácio Lula Da Silva recebeu seu colega chileno Hugo Chávez no palácio do Itamaraty em Brasília.
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BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar nesta quarta-feira que defende o programa de energia nuclear do Irã apenas para fins pacíficos e declarou que o Brasil não será depositário do urânio da República Islâmica.
"O Brasil não trabalha com a hipótese de ser depositário do urânio do Irã", disse Lula ao lado do presidente venezuelano, Hugo Chávez, no Itamaraty.
"Trabalhamos outras hipóteses e obviamente que essas hipóteses têm lugares muito mais perto do Irã do que o Brasil, e obviamente que vai depender muito do Irã", completou.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, sugeriu em março que o Irã entregasse seu urânio para ser enriquecido por um país que atuaria como "fiel depositário", uma solução para destravar as negociações sobre o programa nuclear do país, mas já havia descartado que o Brasil fizesse esse papel.
O chanceler propôs que esse "fiel depositário" enriqueça o urânio enviado pela República Islâmica e depois o devolva a Teerã.
Potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos, acusam Teerã de buscar a fabricação de armas nucleares. A República Islâmica nega e afirma que seu programa nuclear tem objetivos pacíficos.
No ano passado, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) propôs um acordo para a troca de combustível nuclear, o que poderia significar uma saída para a longa disputa sobre o programa nuclear iraniano.
Pela proposta, o Irã enviaria urânio de baixo enriquecimento para o exterior e receberia combustível para um reator de pesquisas médicas. O acordo, no entanto, não foi adiante pois a República Islâmica exigia que a troca fosse em solo iraniano, o que não foi aceito pelas partes envolvidas.
Nesta tarde, Lula afirmou ainda que não vê hipótese nem oportunidade política de os Estados Unidos invadirem o Irã como represália ao eventual desenvolvimento de armas nucleares.
Amorim foi enviado ao Irã nos últimos dias para preparar a viagem de Lula ao país islâmico em maio.
"Espero que a gente possa convencer os companheiros iranianos de não quererem dar um passo adiante para construir bomba nuclear, como também trabalhamos junto com China, Rússia, EUA e França para evitar que houvesse precipitação de sanções contra o Irã", comentou o presidente brasileiro.
Para Lula, o Brasil tem "tamanho e grandeza" para debater o assunto, pois é exemplo de país pacífico.
(Reportagem de Fernando Exman)

