terça-feira, 22 de setembro de 2009

Brasil e EUA não devem aceitar golpe militar, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta terça-feira, durante discurso em Nova York, que o Brasil e os EUA não devem aceitar o golpe militar em Honduras e que os países devem estreitar relações para promover a democracia na região, informou o noticiário do canal GloboNews. O discurso de Lula foi feito após o presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, ter voltado ao seu país e se refugiado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
"Não podemos aceitar mais golpe militar. Não temos o direito de aceitar que alguém se ache no direito de tirar uma pessoa eleita democraticamente e colocar no seu lugar uma pessoa que ele entenda que seja boa. Eu acho que a posição dos Estados Unidos e do Brasil é importante, porque fortalece a democracia no nosso continente", disse Lula.
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O presidente interino de Honduras, Roberto Micheletti, pediu ao Brasil que entregue Zelaya, que retornou nesta segunda-feira ao país e está abrigado na embaixada brasileira em Tegucigalpa, para que seja julgado pela Justiça hondurenha. O Ministério das Relações Exteriores do governo interino enviou uma nota de protesto à embaixada brasileira.
O governo brasileiro, que tem sido enfático na defesa do retorno de Zelaya ao poder, informou que foi surpreendido pela presença do presidente deposto em Honduras, mas que autorizou a entrada de dele na sede diplomática em Tegucigalpa depois de ter recebido um pedido de representantes de Zelaya nesta segunda-feira.
Edgard Garrido/Reuters

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, que está em Nova York para participar da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), afirmou que o presidente deposto chegou por meios "próprios e pacíficos" e que agora está sob proteção brasileira. Ele afirmou não acreditar que o governo de interino de Honduras fará "uma flagrante violação do direito internacional" contra a embaixada do Brasil.
O ministro disse esperar que o retorno de Zelaya represente "um novo passo" nas negociações com o governo interino. Segundo o chanceler, as autoridades brasileiras entraram em contato com a OEA (Organização dos Estados Americanos), o governo dos EUA e outras autoridades internacionais que tenham relação com o governo de Honduras para pedir que "sejam sensatos".
O Brasil, disse Amorim, sempre defendeu uma "solução rápida com o retorno de Zelaya" a Honduras, e as eleições de 29 de novembro devem ser conduzidas pelo presidente constitucional do país. Segundo ele, Zelaya declarou a intenção de "iniciar um diálogo com as forças políticas para que se possa chegar a uma solução rápida".
Histórico
Zelaya foi deposto nas primeiras horas do dia 28 de junho, dia em que pretendia realizar uma consulta popular sobre mudanças constitucionais que havia sido considerada ilegal pela Justiça. Com apoio da Suprema Corte e do Congresso, militares detiveram Zelaya e o expulsaram do país, sob a alegação de que o presidente pretendia infringir a Constituição ao tentar passar por cima da cláusula pétrea que impede reeleições no país.
O presidente deposto, cujo mandato termina no início do próximo ano, nega que pretendesse continuar no poder e se apoia na rejeição internacional ao que é amplamente considerado um golpe de Estado --e no auxílio financeiro, político e logístico do presidente venezuelano, Hugo Chávez, -- para desafiar a autoridade do presidente interino e retomar o poder.
Isolado internacionalmente, o presidente interino resiste à pressão externa para que Zelaya seja restituído e governa um país aparentemente dividido em relação à destituição, mas com uma elite política e militar --além da cúpula da Igreja Católica-- unida em torno da interpretação de que houve uma sucessão legítima de poder e de que a Presidência será passada de Micheletti apenas ao presidente eleito em novembro. As eleições estavam marcadas antes da deposição, e nem o presidente interino nem o deposto são candidatos.
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Folha de SP

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