quarta-feira, 30 de março de 2011

O desafio de arrumar função para Serra

Foto: Vitor Santos


Hipótese é rechaçada pelo ex-presidenciável, que afirma ter "projeto nacional"

Entre os aliados do governador de SP, Serra é apontado como único capaz de manter aliança do PSDB com Kassab

CATIA SEABRA
DE BRASÍLIA

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, disse ontem que o ex-governador José Serra "é o melhor nome" para a disputa pela prefeitura da capital no ano que vem.

Embora Alckmin já tenha discutido a hipótese entre aliados, essa foi a primeira vez que o governador explicitou sua preferência. Serra resiste à ideia.

"O Serra é o candidato mais expressivo, o melhor nome, com força para a eleição", disse Alckmin, ressalvando que "não é para discutirmos isso agora".

Apesar da pressão interna, Serra rechaça a hipótese de concorrer à prefeitura. Em recente reunião com vereadores, ele reagiu indignado à pressão para que concorra no ano que vem.

Segundo participantes, Serra disse não ter aberto mão de um projeto nacional.

Ontem, ele se recusou a falar sobre essa reunião.

Entre aliados de Alckmin, o nome de Serra é apontado como único capaz de preservar a aliança do PSDB com o prefeito Gilberto Kassab. Recém-saído do DEM para fundação do novo partido, Kassab repete que só não enfrentaria Serra nas urnas.

Questionado sobre a criação do PSD, Alckmin não escondeu sua contrariedade.

"Sobre o PSD, o meu pai sempre me recomendava: "Filho, lembre-se de Santo Antônio de Pádua. Quando não puder falar bem, não diga nada'", afirmou, acrescentando, minutos depois, que a máxima também se aplica à filiação de seu vice, Guilherme Afif Domingues.

Alckmin declarou sua simpatia pela candidatura de Serra, enquanto esperava o ex-governador para que deixassem Brasília com destino a São Paulo. Serra e Alckmin viajaram juntos para Brasília, onde participaram da cerimônia em celebração aos dez anos da morte do ex-governador Mario Covas.

PACIFICAÇÃO

Além da candidatura de Serra, Alckmin defendeu ontem a criação de um conselho político no PSDB com objetivo de pacificar a disputa pela presidência do partido.

A ideia seria nomear Serra para a presidência do conselho, garantindo a reeleição do deputado Sérgio Guerra (PE) para a presidência da legenda.

A articulação conta, segundo tucanos, com o apoio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.


Fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-desafio-de-arrumar-funcao-para-serra?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

domingo, 27 de março de 2011

Kassab tenta financiar PSD com apoio de empresários


Foto: Vitor Santos

SILVIO NAVARRO
DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO

Sem estrutura nem verba do Fundo Partidário, o novo PSD (Partido Social Democrático) do prefeito Gilberto Kassab espera manter o caixa com recursos captados pelo vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, e doações de fornecedores da prefeitura.

Como nasce após as eleições de 2010, o PSD não entra na partilha da maior parte do fundo, dividido de acordo com os votos para a Câmara dos Deputados. O partido só receberá a fatia mínima, oriunda da divisão dos 5% do bolo, distribuídos igualitariamente por todas as siglas (cerca de R$ 40 mil mensais).

O fundo é composto majoritariamente de recursos da União e multas eleitorais. O PT, o partido mais votado para a Câmara, receberá R$ 3,6 milhões mensais. O DEM, que Kassab e Afif deixam, R$ 1,5 milhão por mês.

Para reverter a falta de caixa, a ideia é apressar na Justiça Eleitoral a formação da figura jurídica do partido para captar doações financeiras.

Segundo aliados de Kassab, ele conta que receberá ajuda de fornecedores da prefeitura e de outras máquinas administradas por futuros filiados, como Mogi das Cruzes (SP) e Manaus (AM).

Em 2008, a campanha à reeleição de Kassab captou quase R$ 30 milhões, especialmente de bancos e empreiteiras que doaram a um comitê financeiro municipal.

O prefeito diz que bancou do próprio bolso a viagem a Salvador, onde fez o anúncio do lançamento do PSD, e fará o mesmo nas próximas viagens, para Goiás e Tocantins.

FIADOR

Nos bastidores, aliados dizem que o fiador financeiro do projeto é Guilherme Afif, detentor de patrimônio declarado de R$ 49,2 milhões.

O vice-governador comandou durante anos a Associação Comercial de São Paulo e a Federação das Associações Comerciais do Estado.

"Para falar a verdade, sou muito ruim nisso [captar recursos]. Tenho vergonha de pedir, é uma característica [risos]. Nesse ponto eu não sei me virar bem", diz Afif.

"O custo de composição é mais um processo voluntário de quem quer participar. Isso já aconteceu comigo no PL [hoje PR], tivemos uma participação voluntária grande."

Outra fonte de financiamento seriam deputados federais interessados em aderir ao partido com o compromisso de que chefiarão os diretórios em suas bases eleitorais.

A adesão de federais é uma das prioridades de Kassab porque a Justiça Eleitoral exige a filiação de pelo menos cinco deputados em cinco Estados para ter direito a dez minutos semestrais na TV.

Nas eleições, o TSE estima que o PDS tenha 55 segundos de TV. Essa previsão, entretanto, deve ser relativizada porque o tempo será recalculado com as coligações.

Fonte: Folha de SP

sábado, 26 de março de 2011

Para quem o Congresso trabalha

Nas revistas: Para quem o Congresso trabalha

Istoé

Para quem o Congresso trabalha

Com uma agenda própria, alheias aos embates das legendas e indiferentes às cores partidárias, pelo menos 17 grandes bancadas informais exercem hoje enorme influência no Congresso, orientam a atuação parlamentar e revelam o grande poder dos lobbies em Brasília. Por trás desses grupos de pressão organizados, encontram-se verdadeiros conglomerados corporativos, associações, confederações, empresas e movimentos da sociedade civil. Garantindo a coesão dessas frentes pluripartidárias, é corriqueiro encontrar poderosos financiadores de campanhas, que trabalham diuturnamente para ver seus interesses atendidos no Legislativo. Ao contrário das bancadas dos partidos, não é o tamanho dos blocos temáticos que determina suas forças. Importante, no caso, tem sido a capacidade de mobilização.

Em fevereiro, um poderoso lobby da indústria farmacêutica desembarcou em Brasília na tentativa de reverter a proibição dos moderadores de apetite pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). Com pelo menos um deputado ou senador da bancada da saúde a tiracolo, lobistas de laboratórios multinacionais ocuparam gabinetes importantes na Esplanada dos Ministérios. Havia políticos de todos os partidos servindo de cicerones aos empresários do setor. A pressão deu certo. A Anvisa prometeu analisar os argumentos contrários ao veto às substâncias emagrecedoras como a sibutramina, a anfepramona, o femproporex e o mazindol. Não foi estabelecido um prazo para a decisão final. Ou seja, o assunto, por ora, está em suspenso.

Tal como a frente da saúde, a bancada da bola é pequena no tamanho, mas efetiva nas ações. Com apenas nove integrantes, já conseguiu marcar um tento na atual legislatura, favorecendo o lobby da cartolagem dos gramados. Pressionada por dirigentes de clubes e confederações, a bancada da bola aprovou uma emenda que alterou a chamada Lei da Moralização do Futebol. Com isso, a partir de agora, os cartolas não mais serão responsabilizados caso endividem os clubes que dirigem. Até então, eles corriam o risco de ver penhorados seus respectivos patrimônios. A emenda é de autoria do deputado José Rocha (PR-BA), que desde de 2002 figura na lista de doações de campanhas da CBF. Nos registros do TSE, constam doações de pelo menos R$ 150 mil para o deputado baiano.

O principal objetivo do lobby do agronegócio, este ano, é a aprovação do substitutivo do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), que altera o Código Florestal Brasileiro. “A proposta consolida as áreas já ocupadas pelos produtores e restabelece o quadro de segurança no campo”, defende o presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Eduardo Riedel. A preocupação é garantir a aprovação do código até 12 de junho, quando entra em vigor o Decreto 7029/2009, prevendo que todos os imóveis rurais deverão estar com suas reservas legais averbadas. Isso poderá deixar na ilegalidade 90% das propriedades rurais brasileiras.

Leia a íntegra da reportagem

O vírus da corrupção

Ao conquistar a exclusividade na venda Windows no Brasil, Cristina Boner transformou a TBA num conglomerado que fatura quase meio bilhão de reais por ano. Mas, a partir da operação Caixa de Pandora da Polícia Federal, a trajetória de Cristina entrou em parafuso. Seus problemas começaram com a divulgação do vídeo em que ela aparece negociando propinas para abastecer o Mensalão do DEM, que derrubou o governador do DF, José Roberto Arruda. O escândalo mudou o perfil efusivo de Cristina, que vivia em festas da elite brasiliense e, por consequência, nas colunas sociais dos jornais locais. Enquanto tenta se desvincular das graves denúncias que atingem seus negócios, a empresária se mudou para São Paulo. “A Cristina está focando seus negócios mais na iniciativa privada e menos na administração pública”, diz um especialista do mercado de informática.

O esforço para fugir dos holofotes de Brasília tem sido em vão. As imagens nas quais ela aparece negociando o pagamento de R$ 1 milhão para o esquema de desvios no governo Arruda voltaram a ser notícia. Novas imagens mostram conversas indiscretas da dona da TBA. Cristina aparece negociando altas cifras com o ex-secretário Durval Barbosa, o pivô do escândalo do Mensalão do DEM. Segundo funcionários do governo do Distrito Federal, os dois tinham uma relação íntima e Cristina não imaginava que pudesse ser traída pelo ex-parceiro. Além de distribuir o vídeo comprometedor (leia os diálogos ao lado) Durval já tinha prestado três depoimentos ao Ministério Público narrando os encontros com a empresária. No primeiro depoimento, o delator explicou que os R$ 50 mil entregues ao ex-governador Arruda tinham origem nas propinas pagas por Cristina. Eram parte do R$ 1 milhão que a empresária pagou ao esquema para fechar um contrato emergencial de R$ 9,8 milhões com o governo do DF.

A volta dos fichas-sujas

Foi como uma ducha de água fria na opinião pública. Quando se esperava que o Supremo Tribunal Federal fosse alijar da vida pública políticos punidos pela Justiça, os ministros decidiram, de forma surpreendente, que a Lei da Ficha Limpa não se aplica à eleição de 2010. A aguardada moralização do Congresso Nacional simplesmente não emplacou. Por seis votos a cinco, o STF concluiu, na sessão de quarta-feira 23, que a lei só será válida a partir de 2012. Com isso, foram reabertas as portas do Senado, da Câmara e de várias assembleias estaduais para dezenas de políticos condenados ou que haviam renunciado para evitar a cassação. A decisão diferencia, de uma maneira esdrúxula, os políticos do cidadão comum. Um brasileiro que pretende concorrer a um cargo público precisa apresentar folha corrida limpa. Se tiver uma simples condenação em primeira instância, estará alijado da disputa. Já um político tem direito de concorrer a uma vaga até no Senado, mesmo se estiver condenado em tribunais superiores. Entre os representantes das entidades que colheram 1,6 milhão de assinaturas para o projeto da Ficha Limpa houve grande decepção. “Todos os membros do movimento estão extremamente tristes. É lamentável que tenha havido sobrevida pública para essa gente”, afirmou o juiz Marlon Reis, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral. Carlos Ayres Britto, um dos cinco ministros do STF favoráveis à aplicação imediata da lei, expôs à ISTOÉ sua frustração: “Eu também lamento a decisão porque, a meu sentir, o Supremo interpretou incorretamente o artigo 16 da Constituição.”

Época

O cadafalso sob Roger Agnelli

Antes visto como uma espécie de monarca absoluto na condução da mineradora, o poder de Roger Agnelli, presidente da Vale, vem sendo desafiado seguidamente nos últimos meses por pessoas ligadas ao governo federal. Há pouco mais de uma semana, segundo noticiou o jornal O Estado de S. Paulo, o ministro Guido Mantega, da Fazenda, foi até o Bradesco informar que o Palácio do Planalto pretende substituir Agnelli em breve. Foi o Bradesco que, como acionista, indicou aquele que em 2001 era um de seus executivos mais promissores para presidir a Vale – e, desde então, sempre deu respaldo a sua gestão.

Nos últimos tempos, porém, os sinais que partem do banco não são animadores para Agnelli. Seus constantes choques com o governo Lula e com o PT não foram bem recebidos no Bradesco, onde impera uma cultura de relação discreta com a política. Na última sexta-feira, o jornal O Globo publicou em seu site que o banco já concordara com a saída de Agnelli. Em nota, Agnelli disse que não se envolve em questões políticas: “A decisão sobre a escolha do diretor presidente da Vale compete exclusivamente aos acionistas controladores da empresa. O que tenho feito nos últimos dias é o mesmo que fiz ao longo de toda a minha carreira: trabalhar. Não tenho envolvimento com qualquer questão política relativa a este assunto”. A depender dos planos da presidente Dilma Rousseff, expressos na atitude de Mantega, Agnelli deverá deixar a empresa em maio, ao final de seu mandato.

Se isso acontecer, será o fim daquela que talvez possa ser considerada a mais bem-sucedida gestão de uma estatal privatizada no Brasil. Na era Agnelli, as vendas da Vale foram multiplicadas por dez (de US$ 4 bilhões, em 2001, para US$ 46,4 bilhões, em 2010). A companhia se consolidou como a maior produtora global de minério de ferro e a segunda maior mineradora do mundo. A estratégia de expansão adotada por Agnelli levou a Vale a comprar outras empresas – como a canadense Inco e a Fosfértil – e a entrar em novos países e mercados – de ferrovias ao carvão, do níquel à petroquímica. Ele soube, acima de tudo, tirar proveito da demanda chinesa e adotou uma política agressiva de preços, que estabeleceu um novo patamar no mercado global de ferro. As ações da Vale registraram na gestão Agnelli uma valorização de 1.583%. Quem aplicou R$ 1.000 na Vale na posse de Agnelli, no dia 1º de julho de 2001, tinha na última quarta-feira R$ 16.829.

O partido lagartixa

Gilberto Kassab é a favor do desenvolvimento econômico do país. Gilberto Kassab é a favor da liberdade de imprensa. Gilberto Kassab é a favor da erradicação da pobreza. Gilberto Kassab, além de ser a favor dessas e de quaisquer outras platitudes políticas às quais ninguém teria coragem de se opor, elogia constantemente o governo da petista Dilma Rousseff – embora frise com a mesma frequência que mantém uma aliança “inquebrável” com o ex-governador José Serra, seu padrinho tucano. De longe, ninguém entende. De perto, também não. Para acolher essa profusão quase incompreensível de opiniões incolores e apoios irrestritos, só restava ao prefeito de São Paulo fazer o que fez na semana passada: deixar o DEM, sua atual morada, para criar seu próprio partido político. Deu-se o nome de PSD (Partido Social Democrático) à agremiação, mas pode chamar apenas de partido do Kassab. Como seu dono, é uma sigla que nasce a favor de tudo que seja unanimidade e não provoque polêmica. Seu único projeto é criar as condições necessárias para que Kassab seja candidato ao governo de São Paulo em 2014.

Eles vão mesmo liberar geral?

Há mais políticos fichas sujas que vão se beneficiar da decisão do STF. São tantos, aliás, que nem a Justiça Eleitoral já sabe quais serão. A decisão da corte resultou de um voto do ministro Luiz Fux, recém-chegado ao Tribunal. Desde setembro do ano passado, quando começou a analisar a constitucionalidade da lei, o Supremo mostrou-se dividido. Embora tenha declarado que a lei é constitucional, metade dos ministros opinou que ela só deveria vigorar a partir de 2012. A outra metade votou para que ela valesse já no ano passado. Essa cisão se deu em virtude do preceito constitucional que proíbe mudanças na Lei Eleitoral no ano do pleito.

A Lei da Ficha Limpa foi sancionada em junho e, portanto, feriria esse princípio. Em tese. A divisão entre os ministros demonstra que a discussão não é tão simples – e envolve outros princípios constitucionais relevantes, como o da moralidade. Tanto que a Procuradoria-Geral da República era favorável à aplicação imediata da lei. O voto de Fux, contrário ao Ministério Público, encerrou esse debate.


Carta Capital

Kassab monta no cavalo de Troia

O novo partido de Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, provocou um consenso aparentemente improvável entre tucanos e petistas. Nas duas legendas, a desconfiança quanto aos objetivos do PSD é absolutamente idêntica. Em resumo, a empreitada de Kassab não passaria de um cavalo de Troia para quem se aventurar ao seu lado. Pesa o ecumenismo da legenda. Ao mesmo tempo que jura fidelidade eterna a José Serra, que o tirou da segunda divisão da política nacional, caminha rumo à base aliada de Dilma Rousseff, a quem tem dispensado repetidos elogios.

Mas nem o grupo não serrista do PSDB ou os chefes do PT paulista desconfiam de tanta generosidade. No mundo das aparências, funciona assim: Kassab nem acumularia tanto cacife popular que justifique se tornar objeto de desejo de um desses campos adversários. Recebeu sua pior avaliação, segundo recente pesquisa Datafolha (43% de rejeição) e enfrenta protestos frequentes pela capital paulista. Seu futuro partido, já comparado a uma “janela indiscreta” para driblar a lei da fidelidade partidária, tem atraído menos barões de votos que o esperado. Talvez o grande nome até agora seja o do vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos. Para emendar, a infidelidade ficou cravada em seu DNA político desde as eleições de 1998, quando apoiou Paulo Maluf em vez de Mário Covas em São Paulo e depois ficou com Celso Pitta no lugar de Maluf. No drible, fechou com Serra, rachou o PSDB e derrotou Alckmin nas eleições municipais de 2008.

Ideologicamente, Kassab não dá linha à coerência. “Não somos de esquerda, de direita, nem de centro”, declarou recentemente. Sobre o conflito no ideário do PSD e de Kassab, Afif responde com ironia: “Esse negócio de centro, direita, esquerda é para parafuso, quando você está numa linha de montagem”. O PSD afirma, em seus mandamentos, que vai priorizar a defesa do capital privado, mas também fazer a inclusão social. Como poderá tentar esse discurso nas eleições, se na própria gestão o prefeito terceirizou para as ONGs todas as suas ações sociais?, pergunta o grande desafeto do momento, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), ex-presidente do partido. Politicamente, também seria muito confuso: “Vai apoiar Dilma Rousseff, Alckmin, Serra e o papa também”, ironiza Maia.


Fonte; Congresso em Foco

quinta-feira, 24 de março de 2011

Temer cobra ‘direito’ do PMDB de governar

Em festa, vice encampa a defesa da ocupação de cargos no governo pelo partido e chega a propor candidatura própria ao Planalto em 2014

Eugênia Lopes e Rosa Costa, de O Estado de S. Paulo

BRASÍLIA - Descontente com a partilha do poder, o vice-presidente da República, Michel Temer, aproveitou a festa de comemoração pelos 45 anos do PMDB, na terça-feira à noite, para defender a ocupação de cargos no governo por integrantes do partido. Diante de uma plateia de 300 peemedebistas, Temer foi ovacionado ao argumentar que o partido venceu as eleições e, por isso, "tem o direito" a participar do governo, sem ter a pecha de fisiologista.

"Nós participamos de uma eleição em que fomos vencedores. PT e PMDB fizeram uma aliança. Então, estamos no direito de, tendo participado de uma eleição, de ocupar os cargos", disse. Para ilustrar seu discurso, o vice-presidente usou de ironia: "Proponho que daqui a cinco, quatro anos nós lancemos um candidato à Presidência e, se ganharmos, e quando ganharmos, dizer que, como nós não somos fisiológicos, não vamos indicar ninguém para o governo".

Depois de se reunir na tarde desta quarta-feira, 23, com a bancada do PMDB no Senado, Temer reiterou que não defendeu o lançamento de candidatura própria à sucessão da presidente Dilma Rousseff, em 2014. Explicou que "muitas vezes" ouve críticas de que o PMDB não pode participar do governo, apesar de o partido ter vencido a eleição. Temer não descartou, no entanto, que no futuro o PMDB venha a lançar candidato próprio à Presidência. Não é a primeira vez que Temer "ameaça" com candidatura própria do PMDB. Já parte do governo Lula, Temer chegou a defender candidatura própria nas eleições de 2010.

O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o partido pretende lançar candidaturas na maioria dos municípios nas eleições do ano que vem. É uma forma de a legenda se preparar para ter candidato próprio à Presidência. "Não quer dizer que seja na próxima eleição. Nós teremos candidato à Presidência no momento em que tivermos condições de ganhar as eleições. Não se falou especificamente em 2014, não se falou em datas", observou.

Fonte: Jornal O Estado de SP

quarta-feira, 23 de março de 2011

Reforma Política

Por Luiza Erundina

Logo_FrenteRefPoliticaO tema da Reforma Política voltou a ser discutido pelo Congresso Nacional, por meio de duas Comissões Especiais recentemente criadas: uma no Senado Federal; outra na Câmara dos Deputados.

Ambas já estão funcionando, porém, sem nenhuma articulação entre si, seja em relação aos aspectos da Reforma a serem tratados, seja quanto aos prazos e calendário dos trabalhos, o que poderá gerar dificuldades no momento da tramitação e votação da matéria nas duas Casas.

Outra iniciativa importante foi a criação da “Frente Parlamentar pela Reforma Política com Participação Popular”, integrada por Deputados, Senadores e representantes de entidades da sociedade civil, cujo ato de lançamento será dia 23 de março, na Câmara dos Deputados.

Essa Frente tem como finalidades acompanhar e procurar influir no debate sobre a reforma política e servir de instrumento para motivar a participação dos cidadãos e cidadãs brasileiros no processo de construção de uma proposta de reforma que corresponda aos anseios de toda a sociedade e, como tal, não deve se restringir ao âmbito do Parlamento.

Existem no Congresso Nacional inúmeros projetos de lei que propõem alterações de um ou outro aspecto. Entretanto, nenhum oferece uma proposta de mudança estrutural do sistema político brasileiro; a não ser o Projeto de Lei nº 1.210/2003, que resultou da Comissão Especial, criada pela Câmara dos Deputados em 2002, e que foi aprovado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC). Esse projeto só foi para votação no plenário da Câmara em 2007, portanto, cinco anos depois, e enfrentou forte resistência da maioria dos deputados, não conseguindo aprovação.

Como se vê, as tentativas de reforma política no Congresso frustraram-se todas, até agora, o que indica a necessidade de ampla mobilização da sociedade civil para pressionar os parlamentares e exigir uma Reforma Política que repense o sistema político como um todo e promova uma profunda reforma do Estado brasileiro, com vistas ao fortalecimento e à radicalização da democracia no país.

É preciso, pois, levar o debate sobre a Reforma Política às ruas, às praças, aos locais de trabalho..., enfim, a todos os ambientes de convivência social. Não vale a alegação de tratar-se de uma questão complexa e, assim, difícil de ser entendida pelo povo. Pensar dessa forma, é subestimá-lo. O povo é capaz, sim, de entender tudo, desde que seja numa linguagem simples e compreensível.

Chegou a hora, finalmente, de cada um buscar a forma de participar desse debate. Não se deve perder mais tempo, esperando, passivamente, que o Congresso faça a tão propalada reforma política. Ele não a fará, se a sociedade não pressionar. E se a fizer, serão simples remendos que não corrigirão as distorções e imperfeições do sistema político. Ao contrário, poderão até agravá-las.

Sendo assim, assumamos todos o compromisso de contribuir para a construção de uma proposta de Reforma Política inspirada em princípios republicanos e democráticos e que habilite o Estado brasileiro a promover o desenvolvimento nacional, de modo a assegurar igualdade e cidadania plena a todos e todas.


Luiza Erundina é Assistente Social, Mestre em Ciências Sociais pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo e Deputada Federal reeleita (PSB-SP). Foi prefeita de São Paulo (1989-1992).

Fonte: Jornal Brasil Econômico, edição de 22/03/2011

sábado, 19 de março de 2011

Obama visita Cidade de Deus e faz discurso no Theatro Municipal neste domingo no Rio

André Muzell/R7André Muzell/R7

Obama e família desembarcaram no Galeão na noite de sábado



O presidente, a primeira-dama e suas duas filhas chegaram ao Rio no começo da noite e seguiram para o hotel Marriott, em Copacabana, na zona sul. Neste domingo, a programação deve começar com um voo de helicóptero até o campo do Flamengo, na Gávea, na zona sul. A diretoria do clube tenta permissão para se aproximar e entregar uma camisa oficial para o presidente. Outros times cariocas querem fazer o mesmo.Conselho de Segurança das Nações Unidas. A diplomacia brasileira deseja integrar permanentemente o grupo que têm poder de veto nas decisões, composto pelos EUA, França, Rússia, China e Reino Unido.

A partir do campo do time, Obama seguirá para uma visita aoCristo Redentor, um dos principais pontos turísticos do Rio. A Riotur informou que as visitações ao monumento estarãosuspensas desde as 0h até as 11h do domingo. Em seguida, ele deve seguir para a comunidade da Cidade de Deus. Após a visita a Cidade de Deus, Obama deve se reunir com autoridades do Estado em almoço.

Discurso só para convidados

O evento mais esperado seria o discurso aberto que o americano faria na Cinelândia. O evento mobilizou a prefeitura da cidade, que promoveu pequenas reformas e a limpeza da praça. Entretanto, na sexta-feira (18), a assessoria da Embaixada dos Estados Unidos no Rio de Janeiro informou que o discurso do presidente vai ocorrer no interior do Theatro Municipal.

O evento será fechado para cerca de 800 convidados pelo Consulado e Embaixada dos Estados Unidos e pelo governo brasileiro. O discurso de Obama será transmitido ao público por telões. Cerca de 500 homens das Forças Armadas vão participar da segurança só no entorno do Theatro Municipal. O controle e a varredura no interior do teatro ficarão sob a responsabilidade exclusiva da Polícia Federal brasileira.

No domingo, a partir das 5h, todas as transversais da avenida Rio Branco, da avenida Beira Mar até a avenida Presidente Vargas, serão interditadas. A estação Cinelândia do Metrô não ficará mais fechada, como informado anteriormente, e o comércio da praça poderá abrir no domingo no horário do discurso do líder americano. As ruas Evaristo da Veiga e 13 de Maio, que anteriormente seriam fechadas na noite desta sexta-feira, foram interditadas às 7h de sábado junto com os demais bloqueios deste dia.

A Rio Ônibus vai colocar nas ruas toda a sua frota – 2.088 veículos, divididos em 83 linhas – durante todo o fim de semana. A CET-Rio (Companhia de Engenharia de Tráfego) recomenda que os motoristas evitem a região central a partir de sábado.

Após o discurso o presidente americano não tem agenda pública. A previsão é de que ele deixe o Rio de Janeiro na manhã de segunda-feira (21).

Michelle Obama

O general Adriano Pereira Junior, do Comando Militar do Leste, informou que a primeira-dama americana,Michelle Obama, não tem itinerário definido durante a visita ao Rio. A primeira-dama deve visitar a Cidade do Samba, na zona portuária.

Fonte: R-7

O presidente norte-americano Barack Obama acena antes de entrar em carro, logo após desembarcar em base aérea de Brasília

Alan Marques/Folhapress

Presidente Obama chega a Brasília ao lado da família

Obama no BrasilO presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acaba de chegar a Brasília, primeira parada de sua breve visita ao Brasil. Obama desembarcou aproximadamente às 7h42, sob forte esquema de segurança e ao lado de sua família, a primeira-dama Michelle Obama e as filhas Malia e Sasha.

Obama deve seguir direto para seu hotel, próximo do Palácio do Planalto, onde descansará por algumas horas. Às 10h, ele deve se encontrar com a presidente Dilma Roussef, um evento considerado de importância histórica por ser o primeiro presidente negro dos Estados Unidos e a primeira presidente mulher do Brasil.

Pablo Martinez Monsivais/AP
Barack Obama desembarca com as filhas Malia e Sasha e a mulher, Michelle Obama, na primeira visita ao Brasil
Barack Obama desembarca com as filhas Malia e Sasha e a mulher, Michelle Obama, na primeira visita ao Brasil

A "primeira família" americana foi recebida pelo chefe da base aérea de Brasília e por uma equipe do governo brasileiro. Ele conversou brevemente com os presentes e embarcou, às 7h44, em uma limusine que o esperava no local.

O presidente não conversou com os jornalistas, que foram mantidos em uma área isolada a cerca de 150 metros do avião.

A agenda do democrata em Brasília será curta, mas lotada. Em cerca de nove horas, Obama deve se reunir privadamente com a presidente Dilma, além de manter encontros com líderes empresariais na Cúpula de Negócios EUA-Brasil e fazer uma coletiva com jornalistas.

RIO DE JANEIRO

Aproximadamente às 16h50, Obama embarca com a família para o Rio de Janeiro.

Na capital carioca, ele deve conhecer os principais cartões-postais. A agenda começa com a visita ao Corcovado, na zona Sul, onde fica o Cristo Redentor.

De lá, Obama segue para a Cidade de Deus, favela celebrizada mundialmente pelo filme homônimo, de Fernando Meirelles. A Cidade de Deus é uma das comunidades na cidade que receberam as UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), mas é considerada pelo governo do Estado a mais problemática entre as comunidades já pacificadas --tanto que recentemente o governo decidiu que a favela deveria ter duas UPPs, e não só uma.

Obama finalizaria sua visita ao Rio com um discurso "ao povo brasileiro", na Cinelândia, que acabou cancelado por razões de segurança. O presidente, conhecido por sua retórica, deve falar a um público de empresários, políticos, líderes da sociedade civil e artistas no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

A família americana passa a noite no Rio e segue na manhã de segunda-feira para Santiago, no Chile, segunda parada de sua primeira visita à América Latina.

Fonte: Jornal Folha de SP

Kassab lança novo partido em Salvador domingo e em SP na 2a

Por Carmen Munari

SÃO PAULO (Reuters) - O vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif, confirmou nesta sexta-feira que ele e o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, irão deixar o Democratas e criar uma nova legenda. O anúncio formal será na segunda-feira na Assembléia Legislativa de São Paulo, mas uma prévia acontece em Salvador (BA) no domingo.

"A decisão é essa. Sair para a criação de um novo partido", disse Afif a jornalistas após cerimônia no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.

Ele afirmou que acertaria com Kassab os detalhes da nova sigla. "Agora é uma questão de definição, não é mais hipótese. Agora nós vamos trabalhar sobre os fatos, sobre o que se quer".

Para a decisão, Kassab aguardou a mudança de direção do DEM, que ocorreu na última terça-feira, quando o senador José Agripino (RN) assumiu a presidência do partido.

Com a adesão a uma nova legenda, como prevê a lei, Kassab procura escapar de um processo de infidelidade partidária por parte do DEM. Se trocasse para uma legenda existente, o Democratas poderia requisitar o mandato na Justiça.

Afif não confirmou o nome que será dado à nova sigla. Comentava-se até agora que seria Partido da Democracia Brasileira (PDB), mas, segundo uma fonte envolvida na formação da legenda, uma possibilidade é de que a denominação seja Partido Social Democrático (PSD).

O vice-governador negou que a nova sigla vá aderir à base aliada do governo da presidente Dilma Rousseff. "Você não forma um partido para aderir à base do governo. Você forma um partido novo para ir de encontro à sociedade", afirmou.

Sobre sua situação no governo paulista, disse que nada muda, e que o compromisso assumido com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) será mantido.

"Sou vice-governador do Estado e vou cumprir até o fim a aliança com o governo Geraldo Alckmin."

Questionado sobre a situação de Afif, Alckmin disse que "no que depender de nós não muda nada".

O movimento de Kassab busca ampliar seu espaço político rumo a uma candidatura ao governo de São Paulo em 2014. Afif deixou claro, no entanto, que o partido já vai às urnas nas eleições municipais de 2012 e não quis se manifestar sobre a possibilidade de ele próprio disputar a prefeitura paulistana.

Antes da oficialização em São Paulo, a nova sigla estreia em Salvador, onde o vice-governador da Bahia, Otto Alencar (PP), está organizando um evento. Ele deve aderir à nova sigla.

"A informação que circula aqui em Salvador é que haverá um evento no hotel Fiesta, no domingo, às 9h, organizado pelo vice-governador Otto Alencar para anunciar a criação do novo partido do Kassab", disse o líder do DEM na Câmara, ACM Neto, à Reuters.

O ex-presidente do então PFL (antigo nome do DEM) Jorge Bornhausen (SC) disse que Kassab informou a Agripino nesta sexta-feira sobre sua saída. O ex-senador por Santa Catarina contou que não vai acompanhar o amigo e pupilo Kassab e que permanece no DEM, seguindo o governador de seu Estado, Raimundo Colombo.

"Não tenho mais idade para fazer um partido. Vou me restringir a acompanhar as evoluções", declarou Bornhausen.

Mesmo lançada agora, a nova legenda terá que estar registrada oficialmente no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até setembro para poder lançar candidatos nas eleições municipais do ano que vem. Entre as exigências do TSE está a coleta de quase 500 mil assinaturas de eleitores.


Obama inicia viagem ao Brasil em meio a crises externas

Por Matt Spetalnick

WASHINGTON (Reuters) - O presidente norte-americano, Barack Obama, chegou ao Brasil neste sábado em uma missão para reafirmar os interesses dos Estados Unidos na América Latina ao mesmo tempo em que tem de lidar com crises internacionais da Líbia ao Japão.

A visita de Obama à potência econômica da região será o centro de um esforço para retomar as relações com vizinhos que não se contentam mais em ser o "quintal" de Washington e onde os EUA enfrentam uma crescente concorrência da China.

Obama decidiu seguir com sua viagem de cinco dias, que inclui Chile e El Salvador, apesar dos crescentes problemas internacionais do momento e que, seguramente, irão dividir sua atenção.

Assessores de alto escalão estarão com ele em cada parada em seu tour latino-americano para ajudá-lo a seguir com os eventos enquanto os Estados Unidos trabalham com seus aliados em uma possível ação militar contra o líder líbio Muammar Gaddafi e preparam uma reposta ao desastre nuclear do Japão.

Críticos republicanos têm acusado o presidente de não adotar um papel de liderança em meio às crises que têm ocorrido no mundo.

A Casa Branca justificou a viagem de Obama em grande parte por seus possíveis dividendos de aumentar as exportações norte-americanas para ajudar a criar empregos no país, o que é considerado chave para suas chances de ser reeleito em 2012.

A América Latina quer o respeito que sente que merece de Washington por seu cada vez mais vibrante desenvolvimento econômico, incluindo o crescimento que supera a lenta recuperação dos Estados Unidos.

Obama terá uma agenda cheia em Brasília, depois de um voo noturno. Logo pela manhã ele terá uma reunião com a presidente Dilma Rousseff e, depois, terá encontro com empresários dos dois países.

"Neste mundo cada vez mais interconectado e competitivo, nossa maior prioridade deve ser criar e nutrir novos empregos e novas oportunidades para nosso povo", disse Obama em um artigo de opinião no jornal USA Today antes de sua viagem. "Esta é uma das razões pelas quais viajarei à América Latina."


Obama chega ao Brasil; inicia tour a 3 países da América Latina

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente norte-americano, Barack Obama, chegou ao Brasil neste sábado em uma missão para fortalecer os interesses dos Estados Unidos na América Latina, em meio a crises internacionais da Líbia ao Japão.

Além do Brasil, Obama visitará Chile e El Salvador com o objetivo de fortalecer a relação com a região e buscar mais espaço para exportações dos Estados Unidos e, consequentemente, mais empregos para os norte-americanos.

(Reportagem de Matt Spetalnick)

-Obama discutirá petróleo e tecnologia no Brasil

Por Brian Winter

n">(Reuters) - Brasil e Estados Unidos esperam acertar sobre questões estratégicas e econômicas quando o presidente norte-americano, Barack Obama, visitar o país neste final de semana.

Abaixo estão algumas das principais questões que serão discutidas, segundo autoridades, com chances de sucesso:

PETRÓLEO

Este tema provavelmente oferece a mais sólida oportunidade de substanciais progressos durante a visita de Obama. O Brasil detém uma das maiores reservas mundiais de petróleo em alto mar, mas pode precisar de ajuda de outros países --possivelmente de empresas norte-americanas de petróleo-- para ajudar a extrair o óleo, que está a 6 quilômetros abaixo da superfície do oceano.

A presidente Dilma Rousseff disse autoridades dos EUA em visita ao país, incluindo o senador republicano John McCain, que as reservas do pré-sal podem ajudar o Brasil a se tornar um importante exportador de energia e gerar recursos para obras de infraestrutura e desenvolvimento econômico.

Contudo, Dilma também afirmou querer encontrar mercados externos para o consumo da maior parte do petróleo. Ela acredita que o Brasil deve continuar dependendo de fontes de energia renovável, como a gerada por hidrelétricas e a partir de etanol, para a maior parte de suas necessidades.

Os Estados Unidos são um consumidor ideal, disse Dilma.

O secretário de Energia dos EUA, Steven Chu, fará parte da delegação de Obama, o que sugere possíveis negociações.

A viagem poderia render acordos preliminares que levariam a um compartilhamento de tecnologias para a exploração no mar ou a uma participação maior de companhias de energia dos Estados Unidos na extração do pré-sal.

INFRAESTRUTURA

Obama oferecerá novos financiamentos para ajudar o Brasil a expandir sua infraestrutura nos próximos anos e permitir que mais companhias norte-americanas participem do esperado "boom" no setor de construção civil.

Os empréstimos, de centenas de milhões de dólares anualmente ou mais, ajudariam o Brasil a construir a infraestrutura necessária para sediar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016. Alguns importantes projetos, entre eles estádios, estradas e aeroportos, estão bem atrasados.

A proposta também ajudaria a financiar projetos de infraestrutura em conjunto com outros países, principalmente na África.

COMÉRCIO

Essa é a pedra no sapato. Apesar do progresso e a boa vontade em outras áreas, Brasil e Estados Unidos ainda estão se arrastando em questões comerciais, continuando um confronto que caracterizou a maior parte da década passada.

Em poucas palavras, o Brasil quer um acesso maior de seu etanol e de outras commodities e menos subsídios dos EUA nas culturas de algodão e agricultura no geral. Por outro lado, os EUA estão pressionando por mais acesso de seus bens de consumo no Brasil.

Conversas preliminares, incluindo um recente encontro entre a secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, e o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota, em Washington, convenceram ambos os lados a esperar um progresso insuficiente.

O Brasil diz que não pode oferecer mais acesso a seu mercado consumidor, em parte porque as indústrias estão sofrendo devido ao real valorizado e a uma onda de produtos baratos importados da China.

No entanto, Dilma tem dito aos visitantes que a menor participação de mercado das exportações e importações brasileiras nos últimos anos é algo negativo e deveria ser revertido.

Os dois lados estão dispostos a evitar confrontos. Dessa forma, as conversas provavelmente deverão se concentrar num Acordo Quadro de Comércio e Investimento (Tifa, na sigla em inglês), que as duas partes podem apresentar como um avanço claro. O Tifa oferece um mapa do caminho para conversas mais profundas sobre comércio.

CHINA

A expansão econômica chinesa é uma importante razão para Brasil e Estados Unidos buscarem uma aliança bilateral mais forte, e isso será objeto de discussão nesta semana. Mas autoridades tomarão cuidado para não aborrecer os chineses em seus comunicados, e há ideias diferentes sobre que estratégia assumir.

Preocupado com as políticas cambial e comercial chinesas, o Brasil se juntou pela primeira vez ao coro, liderado pelos EUA, para que a China deixe sua moeda se fortalecer.

Importantes autoridades têm culpado publicamente as baratas importações chinesas por golpearem as indústrias brasileiras. Os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, e das Relações Exteriores, Antonio Patriota, viajaram à China neste mês em parte para apresentar queixa às autoridades chinesas.

Algumas autoridades brasileiras acreditam que uma cooperação maior com os Estados Unidos é a melhor chance de convencer a China a adotar práticas comerciais mais justas. Mas o Brasil ainda evita pressionar a China, como quer Washington, em fóruns públicos como o G20.

Brasília demonstra cuidado para não se indispor com seu parceiro comercial número um e fonte de investimento estrangeiro e acredita que o movimento poderia ser ineficaz ou contraprodutivo.

REFORMA NA ONU

O Brasil tem feito "lobby" por mais de uma década por um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), argumentando que merece um maior papel nos assuntos globais uma vez que seu forte crescimento pode transformar sua economia na quinta maior do mundo nos próximos anos.

Autoridades recentemente têm tido cuidado para não discutir a questão em público, para não criarem uma percepção de que a visita de Obama será um sucesso ou um fiasco com base em apenas um tópico. Em privado, contudo, as autoridades esperam algum tipo de inflexão e estão tentando convencer seus colegas norte-americanos nos bastidores.

Obama surpreendeu o mundo ao endossar a candidatura da Índia como membro permanente do Conselho de Segurança quando esteve no país no ano passado, e o Brasil espera um gesto similar nesta viagem.

Eles dizem que o Brasil deveria ser um candidato mais forte do apoio norte-americano, porque, diferente da Índia, o país não possui bombas atômicas e compartilha valores comuns com o Ocidente. Autoridades norte-americanas não descartaram alguma novidade, mas estão tratando a questão com cuidado.

Sob o governo do antecessor de Dilma, Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil irritou os Estados Unidos e alguns países da Europa Ocidental ao tentar negociar um acordo com o Irã sobre seu programa nuclear.

Dilma comprometeu-se a assumir uma postura mais rígida com países que violam direitos humanos --incluindo o Irã--, mas o ceticismo sobre se a política externa brasileira é suficientemente pró-Ocidente para justificar o apoio norte-americano à candidatura do país a um assento no Conselho de Segurança permanece alto, principalmente entre os republicanos do Congresso dos EUA.

COMMODITIES

Essa é uma questão extremamente importante para o Brasil. Dilma é veementemente contra uma proposta francesa para limitar a alta nos preços das commodities e quer que os Estados Unidos ajudem a garantir que essa ideia não tenha apoio nos próximos fóruns como o G20.

O Brasil é um dos maiores produtores de commodities, como minério de ferro, soja e carne bovina, e tem se beneficiado bastante nos últimos anos do crescimento da demanda chinesa e de outras economias em desenvolvimento. Autoridades norte-americanas mostram ceticismo com a proposta francesa e parece provável que apoiem o Brasil.

DEFESA

Dilma parece estar se inclinando a favor da Boeing em um acordo multibilionário com a Força Aérea Brasileira, e Washington tem esperança de avanços nas discussões, embora nenhuma conversa importante seja esperada.

A decisão surpresa de Dilma em janeiro de reiniciar o processo para o acordo foi um dos mais recentes sinais de uma mudança em favor dos EUA sob seu governo.

Lula deu fortes sinais a favor da proposta da francesa Dassault, enquanto Dilma disse ao secretário de Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, acreditar que o F-18 da Boeing é o melhor jato entre os finalistas e que o acordo poderia modernizar a Força Aérea e melhorar os laços estratégicos e comerciais com Washington.

As dúvidas de Dilma envolvem a falta de boa vontade de Washington de autorizar transferências de tecnologia que o Brasil quer como modo de ajudar a desenvolver sua própria indústria de defesa.

SATÉLITE E ESPAÇO

Autoridades dizem que estão trabalhando em um acordo que poderia envolver transferências de tecnologia norte-americana para o programa de satélites brasileiro.

Os detalhes ainda estão sendo negociados, mas o acordo poderia servir de base para que os EUA participem do programa ou auxiliem bases de lançamento operadas pela Força Aérea Brasileira.

O Brasil está ávido para desenvolver um programa espacial e satélite, mas necessita melhorar primeiramente sua tecnologia.

ENERGIA RENOVÁVEL E LIMPA

O Brasil é pioneiro no uso de biocombustíveis e outras fontes de energia renovável, e Washington entende que pode aprender com a experiência e tecnologia do Brasil. Lisa P. Jackson, chefe da Agência de Proteção Ambiental, faz parte da delegação de Obama que visitará o Brasil.

No governo Lula, as conversas eram caracterizadas por irritação do Brasil com as elevadas tarifas dos EUA que tornam quase impossível a exportação de etanol da cana-de-açúcar aos Estados Unidos.

Contudo, essas pressões têm diminuído um pouco recentemente. O aquecido mercado consumidor brasileiro sugere que há menos etanol para o Brasil exportar.

Como resultado, o foco será em outras áreas para um aumento na cooperação. Um proposta em discussão envolveria como a tecnologia brasileira e os combustíveis poderiam ser utilizados para fo