sexta-feira, 31 de julho de 2009

Lula diz que decisão sobre destino de Sarney cabe ao Senado


SÃO PAULO - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira que os Poderes são autônomos e que cabe aos senadores a decisão sobre o destino do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), sobre quem pesam denúncias e ações por quebra de decoro parlamentar que podem levar à cassação de seu mandato.

"Não é um problema meu. Não votei para eleger o presidente Sarney a presidente do Senado, nem para senador. Votei nos senadores de São Paulo. Quem tem que decidir se ele fica presidente é o Senado", disse Lula a jornalistas, procurando se afastar da crise que atinge a instituição.

O presidente quer que esta decisão aconteça com o fim do recesso, a partir de semana que vem.

"Tudo o que eu espero é que o Congresso agora, com a cabeça fria, (após as) férias, volte e se reúna como homens adultos que são, todos com mais de 35 anos, e decidam normalizar a atuação do Senado", afirmou, rechaçando que esteja agendado um encontro com Sarney.

Lula, que disse temer a paralisia no Congresso, procurou não se manifestar sobre a posição da bancada de senadores do PT, que pediram afastamento temporário de Sarney.

"São três anos que não vou a uma reunião do PT", disse, ao recomendar a consulta ao presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP).

(Reportagem de Carmen Munari)

Fonte: Reuters

Lula quer marco regulatório para destravar infraestrutura


BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira que os impactos da crise financeira estão ficando para trás e defendeu um grande marco regulatório para destravar os gargalos da infraestrutura do país.

Segundo o presidente, o principal item da proposta seriam mudanças nas leis ambiental e de licitações, que, segundo ele, são tradicionais obstáculos à conclusão de obras consideradas estruturantes.

"A máquina da fiscalização é infinitamente mais poderosa que a máquina da execução", disse Lula em discurso a empresários de empreiteiras, insatisfeito com o grande volume de obras paradas por processos judiciais, ambientais e por ação dos tribunais de contas.

Segundo o presidente, ele não quer "bandalheira", mas é preciso mais transparência e rapidez na execução das obras.

Foi exatamente quando demonstrou frustração com o excessivo número de obras paradas por embargo de diferentes origens que Lula admitiu ser a favor da reeleição para presidente da República, deixando claro porém ser contrário a um terceiro mandato.

"Eu já fui contra a reeleição, agora sou a favor... não conheço um governante que faça uma obra estruturante em quatro anos", afirmou.

Sobre a crise financeira internacional, que eclodiu em setembro do ano passado, disse que "já está ficando uma coisa do passado... porque este país já estava arrumado quando veio a crise".

Lula participou da comemoração dos 50 anos do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), que emprega 5 milhões de pessoas e teve faturamento em 2008 de 102 bilhões de reais, segundo o presidente.

(Reportagem de Natuza Nery)

Fonte: Agência Reuters

Após ações contra Sarney, oposição já vê batalha no plenário


Por Fernando Exman

BRASÍLIA (Reuters) - A oposição concluiu nesta quarta-feira nova etapa de sua estratégia para pressionar a saída de José Sarney (PMDB-AP) da presidência do Senado, depois que os protestos em plenário realizados antes do recesso parlamentar não surtiram efeito.

Ao protocolar cinco representações no Conselho de Ética da Casa, a oposição aumentou a mobilização para que o colegiado abra uma investigação por quebra de decoro parlamentar contra o peemedebista.

Como as relatorias para cada processo devem ser sorteadas, subiu também a probabilidade de algum adversário do presidente do Senado relatar pelo menos uma das ações, que podem causar a cassação do mandato de um dos principais aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Legislativo.

Em paralelo, PSDB, DEM e PSOL se preparam para uma batalha no plenário da Casa, onde podem tentar, com a ajuda de alguns integrantes da base aliada contrários à permanência de Sarney no cargo, punir o senador. Os pareceres do Conselho de Ética precisam invariavelmente ser votados pelo plenário do Senado.

A oposição, entretanto, recuaria se Sarney se afastasse do cargo, saída por enquanto rechaçada pelo presidente do Senado e ex-presidente da República.

"Eles (governistas) têm maioria no Conselho de Ética... eu não gostaria, mas acho que será muito provável que isso vá para o plenário", disse à Reuters o líder do DEM no Senado, José Agripino Maia (RN).

Sarney enfrenta uma série de denúncias. É acusado de cometer irregularidades na administração do Senado, de empregar pessoas ligadas à sua família e desviar dinheiro público por meio de uma fundação que leva o seu nome. Os fatos, no entanto, serão inicialmente analisados por um grupo de senadores majoritariamente amigável ao parlamentar.

Com 10 integrantes contra cinco da oposição, a base aliada tem grande maioria no Conselho de Ética. O partido com o maior número de titulares é justamente a legenda de Sarney, o PMDB, que também preside o colegiado.

Segundo o regimento interno da instituição, os processos devem preferencialmente ser relatados por parlamentares que não sejam dos partidos representantes ou do senador acusado.

Se o processo for instaurado, o plenário do conselho pode decidir pelo afastamento do presidente do Senado caso haja indício de quebra de decoro parlamentar ou risco de dano à imagem do Senado.

Nesta quarta-feira, o PSOL protocolou sua segunda representação por quebra de decoro parlamentar contra Sarney. O PSDB ingressou na véspera com outras três ações. Já a bancada do DEM se reunirá na terça-feira para avaliar se também apresenta um processo.

"Esperamos que pelo menos uma das representações possa ser relatada pela oposição", disse um senador diretamente envolvido no esforço pelo afastamento de Sarney.

Cientes do recrudescimento da situação de Sarney, aliados do presidente do Senado passaram a ameaçar retaliar o PSDB e demais adversários do peemedebista.

"Quando você mete cinco representações, se o Conselho de Ética arquivar, será um desastre. Você vai dar discurso para a oposição", disse o senador Wellington Salgado (PMDB-MG), integrante do colegiado e aliado de Sarney.

"Esse conselho vai ter uma responsabilidade muito grande, porque pode acabar com a carreira de grandes políticos. Tem uma lista de réus confessos que podem ir para o conselho", alertou.

Pelo trâmite, o primeiro passo cabe ao presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ), que tem cinco dias úteis para acatar ou não as representações, o que deve ser realizado após o recesso, na semana que vem.

Seguem de forma paralela quatro denúncias protocoladas pelo líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM). Por ser uma atitude individual, essas ações têm menos probabilidade de progredir.

Fonte: Agência Reuters

quinta-feira, 30 de julho de 2009

P-SOL protocola quinta representação contra Sarney no Conselho de Ética


Brasília - A presidente do P-SOL, Heloisa Helena, protocola no Conselho de Ética do Senado mais uma representação contra o presidente da Casa, José Sarney Foto: Roosewelt Pinheiro/ABr

Brasília - A presidente do P-SOL, Heloisa Helena, protocola no Conselho de Ética do Senado mais uma representação contra o presidente da Casa, José Sarney
Brasília - O P-SOL protocolou hoje (29), no Conselho de Ética, a quinta representação contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). O partido pede a investigação de denúncia de desvio de parte de R$ 1,3 milhão que a Petrobras repassou à Fundação José Sarney, com sede no Maranhão, em 2005. O senador é presidente vitalício da fundação. A representação foi entregue pela presidente do P-SOL, Heloisa Helena, e pelo senador José Nery (PA).

Na representação, o partido também requer apuração da omissão por Sarney, em declaração de renda à Receita Federal, de um imóvel de sua propriedade em Brasília. O senador José Nery informou que o ainda hoje o P-SOL apresentará uma interpelação judicial no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente do Conselho de Ética, Paulo Duque (PMDB-RJ).

Em conversas com a imprensa, Duque questionou a legitimidade do P-SOL na tentativa de desqualificar a iniciativa do partido de protocolar representação contra Sarney no colegiado. Paulo Duque já se pronunciou publicamente contra a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra o presidente do Senado.

José Nery não acredita que Duque arquive as cinco representações que estão no Conselho de Ética ou que elas deixem de ser investigadas numa ação de blindagem de José Sarney. “Se tentarem liminarmente arquivar ou não investigar, significará que o Conselho de Ética e o Senado Federal concordam com todos esses atos escabrosos praticados”, afirmou.

Com o pedido protocolado hoje, chega a cinco o total de representações contra o presidente do Senado. O P-SOL foi o primeiro partido a tomar a iniciativa quando pediu ao colegiado a apuração das responsabilidades de José Sarney e do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), na edição dos atos secretos ainda durante a gestão de Agaciel Maia na Diretoria-Geral da Casa. Maia foi nomeado para o cargo em 1995, quando Sarney ocupou a presidência pela primeira vez.

Ontem (28), o PSDB encaminhou três representações ao conselho, que resultaram de denúncias feitas pelo líder do partido, Arthur Virgílio Neto (AM). Os tucanos querem que seja apuradas eventuais responsabilidades de senador peemedebista no desvio de recursos da Petrobras pela Fundação José Sarney; a participação do parlamentar na edição dos atos secretos, para suposto favorecimento de parentes; e o favorecimento ilegal da empresa Sarcris, que tem como sócio um neto do presidente do Senado, na intermediação de concessão de empréstimos consignados a servidores da Casa.


Fonte: Agência Brasil

PMDB reage e vai entrar com ação contra Virgílio no conselho

BRASÍLIA - O PMDB apresentará ao Conselho de Ética, entre segunda e terça-feira da próxima semana, uma representação por quebra de decoro parlamentar contra o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM). A ação será uma resposta às representações que os tucanos registraram contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

O Conselho de Ética recebeu ao todo 11 ações contra Sarney. São cinco representações (duas do PSOL e três do PSDB) e seis denúncias - quatro do líder tucano Arthur Virgílio e duas assinadas em conjunto por Virgílio e pelo senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Para o líder peemedebista Renan Calheiros (AL), esta quantidade de ações contra Sarney "é a marcha da insensatez".



À Agência Estado, Renan Calheiros disse que a decisão de apresentar representação contra o líder tucano foi tomada "partidariamente". "O PMDB disse que, se o PSDB entrasse com representações contra o presidente Sarney, existiria um comportamento recíproco", justificou o senador. "Uma coisa era o Arthur Virgílio apresentar denúncias e outra coisa é uma representação encampada pelo partido", disse.



Renan explicou que técnicos do PMDB ainda estão avaliando se o partido apresentará uma única representação contra o líder do PSDB, ou se registrará três documentos em separado. As ações seriam embasadas em reportagem da revista IstoÉ que revelou que Arthur Virgílio teria pego, em 2003, US$ 10 mil emprestado do ex-diretor do Senado Agaciel Maia quando teve problemas com seu cartão de crédito em uma viagem particular a Paris.



Segundo a revista, o senador tucano teria ainda extrapolado o limite permitido pelo Senado para usar em tratamentos de saúde, quando a mãe dele ficou adoentada. Também pesa contra o senador a revelação de que um funcionário de seu gabinete passou 18 meses no exterior sendo mantido lá às custas do Senado. Por causa deste funcionário, Virgílio devolverá R$ 210.696,58 aos cofres públicos, valor referente à soma de salários e recolhimento de impostos que saíram das contas da Casa para custear as despesas com o assessor na folha de pagamento.


Questionado se a retaliação contra o líder tucano não aumentaria a crise no Senado, Renan garantiu que o PMDB "sempre tentou formatar uma solução para a crise". "A representação não é uma ação, é uma consequência", disse. "Conversei com o Sérgio Guerra (presidente do PSDB), e com o Arthur Virgílio e disse que, com essa atitude de radicalização, o PMDB faria tratamento igual", concluiu.

Fonte: O Estado de SP

terça-feira, 28 de julho de 2009

P-SOL apresentará amanhã nova denúncia contra Sarney


Brasília - Após o PSDB protocolar hoje (28) três representações no Conselho de Ética contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o P-SOL pretende ampliar o número de denúncias contra o peemedebista no colegiado. Em nota divulgada à imprensa, o senador José Nery (P-SOL-AC) prometeu para amanhã (29), ao meio-dia, entregar ao conselho mais uma representação contra Sarney. Até o momento, constam quatro representações contra Sarney.

O próprio P-SOL já havia apresentado representação ao Conselho de Ética contra Sarney devido aos atos secretos. Agora, o partido quer que o colegiado investigue a denúncia de que um financiamento no valor de R$ 1,3 milhão, conseguido pela Fundação José Sarney junto à Petrobras por meio do Ministério da Cultura, tenha sido desviado para outros fins. A sigla também pedirá que seja apurada a omissão de duas casas de
de Sarney em declarações na Justiça Eleitoral.

Fonte: Agência Brasil

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Eleições de 2010 ameaçam blindagem de Sarney


SÃO PAULO - A uma semana do fim do recesso parlamentar, o cerco em torno do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), começa a se fechar com o aumento da pressão para que ele renuncie ao comando da Casa. Aliados de Sarney avaliam que as férias dos senadores fragilizaram ainda mais a situação do peemedebista. Afinal, 54 senadores - dois terços do total de 81 parlamentares - vão disputar as eleições em 2010 e retornam na semana que vem de suas bases com cobranças de eleitores, como a contratação do namorado da neta de Sarney por ato secreto. Levantamento feito por governistas aponta que hoje Sarney conta com 45 votos seguros a seu favor, na eventualidade de processo de cassação chegar ao plenário do Senado. Os supostos estragos do recesso na blindagem feita pelos governistas para manutenção de Sarney no cargo começam a ser sentidos em todos os partidos da base aliada. Até o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi aconselhado a não defendê-lo mais com tanta veemência. Os governistas alertam que, dos 45 senadores que estariam ao lado de Sarney, nada menos do que 37 são candidatos nas eleições do ano que vem, o que os deixaria mais suscetíveis à mudança de opinião. Daí, o aumento da pressão para o afastamento.?Não achamos que a situação esteja se complicando. Estamos de recesso e está tudo normal?, desconversou o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL). Apesar da aparente despreocupação, ele estaria cogitando reunir-se esta semana com Sarney. A ideia seria aproveitar a estadia do presidente do Senado em São Paulo, que acompanha sua mulher numa operação no Hospital Sírio Libanês, para o encontro. Apesar da pressão do presidente Lula, a bancada do PT está disposta a abandonar Sarney. A maioria dos petistas é candidata à reeleição: nove do total de 12 senadores. O primeiro passo foi dado na sexta-feira quando, em nota, o líder do partido, senador Aloizio Mercadante (SP), defendeu a licença do peemedebista. ?A cobrança da população é muito grande. A situação do presidente Sarney está muito delicada. Quem andou pelas ruas nesse recesso viu isso?, disse ontem o senador Renato Casagrande (PSB-ES). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Ala do PT comandada por Tarso defende fim do Senado

SÃO PAULO - O governo e o PT vão calibrar o discurso sobre a crise política diante do agravamento da situação do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Enquanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva é cada vez mais aconselhado a conter os elogios ao aliado e a dizer que a crise se trata de ?assunto interno do Congresso?, dirigentes do PT defendem abertamente a extinção do Senado. Sem efeito prático no momento, pois só poderia sair da prateleira numa reforma constitucional, a polêmica proposta consta da plataforma da corrente Mensagem ao Partido, capitaneada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro.?Os debates sobre o unicameralismo ou sobre as restrições ao poder revisor do Senado e sua composição (...) devem ser retomados pelo partido?, diz um trecho do programa do grupo de Tarso para a disputa que vai renovar, em novembro, o comando nacional do PT. O texto preliminar era ainda mais duro: dizia que a crise no Senado ?relembra o arcaísmo desta instituição vinda do Império?. No entanto, Tarso Genro considerou o comentário excessivo e a observação foi retirada do documento apresentado pela chapa.Candidato do grupo à presidência do PT, o deputado José Eduardo Martins Cardozo (SP) admitiu haver uma discussão jurídica sobre a viabilidade da proposta. O motivo é que, na opinião de muitos advogados, o modelo de representação do Congresso - composto por Senado e Câmara dos Deputados - seria uma ?cláusula pétrea?, que não pode ser modificada na Constituição.Adotado em vários países, como Suécia, Finlândia, Portugal, Nova Zelândia, Dinamarca e Noruega, o sistema unicameral é mais um assunto que divide o PT. ?Sou contra?, disse o presidente da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra, que encabeça a chapa da corrente Construindo um Novo Brasil para o comando do PT. ?Pode-se discutir as prerrogativas do Senado, mas não acabar com ele.? As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Fonte: O Estado de SP

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Senadores criticam declarações do presidente


Os senadores Pedro Simon (PMDB-RS) e Cristovam Buarque (PDT-DF) atacaram ontem a insistência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em desmerecer as investigações de um órgão do Estado como a Polícia Federal (PF) e em defender o senador José Sarney (PMDB-AP). Simon disse que Lula está sendo "infeliz" nos comentários e pediu que o presidente "feche a boca e pare de falar". Cristovam ficou particularmente incomodado com a recomendação de Lula para que as investigações do Ministério Público levem em conta a "biografia dos investigados". Segundo ele, "a biografia é para os livros, a Justiça é para ações deste momento, uma coisa é a história, outra é a política". "Feche a boca, Lula", disse Simon. "Ele (Lula) está sendo infeliz porque entrou numa situação que não precisaria ter entrado da maneira que está entrando." Simon lembrou que foi a operação Boi Barrica, da PF, que obteve as gravações autorizadas pela Justiça, divulgadas pelo Estado, nas quais Sarney e seu filho Fernando Sarney tratam de nomeações para cargos de confiança de parentes e até de um namorado da neta.Simon considerou "infeliz" a intervenção de Lula por dois motivos: primeiro, porque ao tomar partido de Sarney ele ignora a autonomia do Senado na busca de solução para seus problemas; segundo, porque avalia que o apoio a quem foi investigado pela Polícia Federal desmerece o trabalho do órgão. Simon e Cristovam estão convencidos de que a resistência de Sarney em permanecer no comando do Senado se deve ao apoio do presidente. É ele, na avaliação de Cristovam, a "base mais sólida da sua continuação na cargo, além da teimosia dele (Sarney) e da blindagem que o PT e seus aliados estão fazendo". "Lula vem cometendo um grave erro porque, como presidente, ele é um educador e o que ele diz a população ouve", avaliou. Cristovam disse ainda que Lula tira proveito da crise do Senado, passando a ideia de que a instituição é ruim e ele é o bom. "Isso tudo é muito negativo para o processo democrático."
Fonte: O Estado de SP

quinta-feira, 23 de julho de 2009

nova denúncia contra Sarney

Fonto de José Cruz

Líder do PSDB apresentará nova denúncia contra Sarney

Brasília - O líder do PSDB, Arthur Virgílio Neto (AM), vai entrar com nova denúncia no Conselho de Ética contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) com base nas gravações divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo de uma conversa interceptada pela Polícia Federal entre o presidente e seu filho Fernando. As interceptações nos telefones de Fernando Sarney foram feitas, com autorização judicial, em março do ano passado.
Na semana passada, o jornal informou que Fernando teria pedido a José Sarney para que empregasse no Senado o namorado da sua filha, Maria Beatriz. Disposto a entrar com nova denúncia, o líder tucano foi desaconselhado por sua assessoria com a alegação que não haveria fato concreto que vinculasse o presidente do Senado as conversas de Fernando Sarney com o então diretor-geral, Agaciel Maia.
Hoje, no entanto, o líder disse que as gravações apresentadas pelo jornal já ligam o parlamentar ao ex-diretor, acusado de uma série de irregularidades administrativas, entre elas a contratação por atos secretos de parentes e pessoas ligadas a parlamentares. “Se a minha assessoria deixar pronta a denúncia, a encaminho ainda hoje ao Conselho de Ética”, afirmou Arthur Virgílio.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF), por sua vez, defende que os partidos passem a reforçar as representações contra Sarney no Conselho de Ética não deixando mais esta incumbência somente ao P-SOL. “A partir de agora esta briga não pode ser apenas do P-SOL, mas de outros partidos”, afirmou o pedetista que já conversou com a direção de seu partido sobre o assunto.
Ele também foi duro ao comentar a possibilidade de o presidente do conselho, Paulo Duque (PMDB-RJ), arquivar as denúncias e a representação contra o presidente do Senado. Segundo Buarque “o senador Duque não tem o direito de não levar esta decisão ao plenário [do conselho]”. Para ele, o arquivamento seria “uma bofetada na cara do cidadão”.
O vice-líder do PSDB, Álvaro Dias (PR), não descarta a possibilidade de, na eventualidade de arquivamento da representação e das denúncias, esta decisão ser encaminhada ao plenário do Senado. Neste caso, disse ele, haverá uma “guerra regimental” uma vez que aliados do presidente consideram que a decisão do Conselho de Ética é soberana.
Aliados de Sarney evitaram comentar a situação cada vez mais delicada pela qual passa o presidente do Senado. O líder do PTB, Gim Argello (DF), por exemplo, argumentou que, por ser membro do conselho e portanto juiz na apreciação das denúncias e da representação, não poderia tecer um juízo de valor sobre o assunto. Já o tucano Papaléo Paes (AP) reconheceu apenas que a situação de José Sarney “está ficando cada vez mais delicada”.

Fonte: Agência Brasil

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Gravação liga Sarney a atos secretos


Em conversa com o filho, ele se compromete a falar com Agaciel e sacramenta nomeação de namorado da neta
Uma sequencia de diálogos gravados pela Polícia Federal com autorização judicial, durante a Operação Boi Barrica, revela a prática de nepotismo explícito pela família Sarney no Senado e amarra o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP), ao ex-diretor-geral Agaciel Maia na prestação de favores concedidos por meio de atos secretos. Em uma das conversas, o empresário Fernando Sarney, filho do parlamentar, diz à filha, Maria Beatriz Sarney, que mandou Agaciel reservar uma vaga para o namorado dela, Henrique Dias Bernardes.
Em conversa com o filho, alvo da investigação, Sarney caiu na interceptação. Segundo a gravação, o senador se compromete a falar com Agaciel para sacramentar a nomeação. O namorado da neta foi nomeado oito dias depois, por ato secreto. Segundo a PF, a mobilização da família começa na tarde de 30 de março de 2008, quando a neta do senador liga para o pai, indagando se não dava "pro Henrique (seu namorado) entrar na vaga". Bernardo Brandão Cavalcanti Gomes, irmão de Bia por parte de mãe, acabara de pedir demissão do Senado, onde estava desde 2003. "Podemos trabalhar isso, sim", respondeu Fernando à filha.Já na primeira conversa, Fernando demonstra conhecer o caminho para efetivar a nomeação. "Amanhã de manhã cedo tu tem que me ligar, pra eu falar com Agaciel", diz. Referia-se a Agaciel Maia, o então todo-poderoso diretor-geral do Senado, alçado ao posto em 1995 pelas mãos de José Sarney, em sua primeira passagem pela presidência da Casa. No diálogo, pai e filha tratam da vaga como se fosse propriedade da família. Fernando cumpre o prometido. No dia seguinte, diz: "Já falei com o Agaciel. Peça ao Bernardo pra procurar o Agaciel." E passa a relatar a conversa com o diretor-geral. "Eu disse: mas pelo menos, ô Agaciel, segura a vaga."Segundo Fernando, Agaciel lhe pediu que conversasse sobre o assunto com Sarney, porque a nomeação dependia, formalmente, da chancela de Garibaldi Alves (PMDB-RN), à época presidente do Senado. "Eu vou falar com o papai ou mesmo com o Garibaldi amanhã aí em Brasília, quando eu for, amanhã ou depois, pessoalmente, porque é o único jeito de resolver." Fernando finaliza o telefonema dando uma orientação à filha - ao pedir para levarem a Agaciel o currículo do namorado de Bia, ele pede para informar: "Ó, a pessoa que o Fernando quer botar é essa aqui."Foram quatro dias de troca de telefonemas até o assunto ser resolvido. No terceiro dia, Bia liga para Fernando. Diz que o irmão, de saída do Senado, já tinha ido até Agaciel, conforme orientação do pai. O ex-diretor não ficara com o currículo do namorado, repetindo o discurso de que era preciso, primeiro, autorização de Garibaldi. SARNEY EM CENAFernando recorre, então, a um atalho: "Vai lá em casa hoje à noitinha, e entrega pro ajudante de ordem do seu avô, ou o Picollo ou o Aluísio, o currículo do Henrique", orienta. A neta entende que era preciso de uma mãozinha do avô. Ainda naquele dia, após a visita à casa do avô para levar o currículo, Bia telefona novamente para o pai. "Falei com vovô", diz. Em seguida, relata ao pai que Sarney mostrara contrariedade por não ter sido avisado com antecedência sobre a demissão de Bernardo: "Ele falou assim: Ah, você tinha que ter falado antes pra eu já agilizar." No dia seguinte, 2 de abril de 2008, quarta-feira, Fernando pega o telefone e liga para um dos ajudantes de ordem de Sarney, Aluísio Mendes Filho, e explica a situação. Ele queria que o pai desse a ordem a Agaciel para efetivar a nomeação. A explicação de Fernando é o resumo de uma confissão do nepotismo: "O irmão da Bia, quando papai era presidente do Senado, eu arrumei um emprego pra ele lá. Ele agora tá saindo e eu liguei pro Agaciel pra ver a possibilidade de botar o namorado da Bia lá, porque me ajuda, viu, é uma forma e tal de dar uma força pra mim. E o irmão tá saindo, é uma vaga que podia ser nossa." No fim, ele diz o que faltava para a nomeação: "Uma ligação de papai pro Agaciel." Menos de uma hora depois, o próprio Sarney liga para o filho. "Olha, você não tinha me falado o negócio da Bia", protesta. Na visão do senador, a demissão não deveria ter sido solicitada até que a nomeação do namorado de Bia estivesse resolvida. "Mas ele (Bernardo) entrou logo com um pedido de demissão", reclama. Sarney pergunta: "Já falou com Agaciel?" Recebe uma resposta afirmativa e promete interceder. "Tá bom. Eu vou falar com ele." NOMEAÇÃOA conversa entre pai e filho se deu às 10h32 de 2 de abril, segundo a PF. No dia 10 do mesmo mês, foi assinado o ato que nomeou Henrique, namorado de Bia, para assessor parlamentar 3, com salário de R$ 2,7 mil. Os diálogos foram captados no curso da Operação Boi Barrica, rebatizada pela Polícia Federal de Operação Faktor depois de reclamações do conjunto folclórico maranhense que inspirou o nome da ação. O grupo de boi-bumbá Boizinho Barrica tem os Sarney como padrinhos. A operação, iniciada há quase três anos para investigar negócios envolvendo empresas da família no Maranhão, acabou por esbarrar em suspeitas de corrupção em órgãos do governo federal comandados por apadrinhados de Sarney. O caso da nomeação do namorado da neta de Sarney não é único. Desde que o Estado revelou, em junho, a existência de centenas de atos editados secretamente pelo Senado para esconder nomeações de parentes de senadores e outras decisões impopulares, apareceram vários familiares e agregados do presidente do Senado pendurados na folha de pagamento da Casa. A lista inclui, por exemplo, irmão, cunhada, sobrinhas e neto de Sarney.

Fonte: O Estado de SP

terça-feira, 21 de julho de 2009

Daniel Dantas e mais 13 investigados

Atualizada às 19h40O juiz Fausto Martin De Sanctis, da 6ª Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, recebeu nesta segunda-feira (20) denúncia contra o sócio-fundador do banco Opportunity e mais 13 pessoas, apresentada pelo MPF (Ministério Público Federal) de São Paulo. O juiz também determinou a abertura de três novos inquéritos para aprofundar as investigações da Operação Satiagraha, ligada na denúncia a outro escândalo, o do mensalão. A informação é da Procuradoria da República de São Paulo.
MPF: grupo teria financiado o "valerioduto"
Daniel Dantas foi condenado a dez anos de prisão por corrupção ativa e responde em liberdade
Dantas é condenado a dez anos de prisão; defesa pede anulação
Ministério Público vai denunciar Dantas e outros investigados
Juiz diz que auxílio da Abin a Protógenes é ilegal e encaminha caso à Procuradoria
Protógenes vira réu por violação de sigilo na Satiagraha; para juiz, ação da Abin foi ilegal
MPF denuncia Protógenes por vazamento durante a Satiagraha e fraude processual
Entenda a Operação Satiagraha da Polícia FederalSegundo o MPF, um dos inquéritos deve servir para aprofundar a participação de pessoas investigadas e não denunciadas inicialmente, como o ex-deputado federal Luís Eduardo Greenhalgh (leia nota em que Greenhalgh diz ser alvo de represália) e Carlos Rodenburg (ex-cunhado e sócio de Dantas). Outro deles apurará crimes financeiros na aquisição do controle acionário da Brasil Telecom pela Oi, e, por fim, uma das investigações será de evasões de divisas supostamente praticadas por cotistas brasileiros do Opportunity Fund, com sede nas Ilhas Cayman, no Caribe.Na denúncia, oferecida no início do mês, o MPF afirma que as investigações constataram que Dantas, o presidente do banco Opportunity, Dório Ferman, e a irmã do banqueiro, Verônica Valente Dantas, constituíram "um verdadeiro grupo criminoso empresarial, cuja característica mais marcante fora transpor métodos empresariais para a perpetração de crimes, notadamente delitos contra o sistema financeiro, de corrupção ativa e de lavagem de recursos ilícitos"."O juiz abriu processo contra todos os acusados na denúncia do MPF, que detalhou sete diferentes fatos criminosos praticados ao longo dos últimos dez anos por Dantas, Ferman e Verônica e mais 11 pessoas a eles relacionados", afirma o texto do MP.Os denunciados são Itamar Benigno Filho, Danielle Silbergleid Ninnio, Norberto Aguiar Tomaz, Eduardo Penido Monteiro, Rodrigo Behring Andrade e Maria Amalia Delfim de Melo Coutrim, todos ligados ao banco e às empresas do grupo; Humberto José Rocha Braz e Carla Cicco, ex-diretores da Brasil Telecom (BrT), na época em que a empresa era gerida pelo Opportunity; e os colaboradores Guilherme Henrique Sodré Martins, Roberto Figueiredo do Amaral e Willian Yu. Todos eles agora se tornam réus nessa ação.Em nota, o advogado do grupo Opportunity Andrei Schmidt afirma que seus clientes ainda não foram citados do recebimento da denúncia. "Independentemente disso, negamos veementemente as imputações recebidas pelo juízo. Os fatos narrados ou não constituem crime, ou estão baseados em provas fraudadas no âmbito da Operação Satiagraha", diz.O juiz também determinou à corretora BNY Mellon a liquidação do Opportunity Special Fundo de Investimento em Ações em até 48 horas depois de ser notificado. O fundo está bloqueado desde setembro do ano passado, depois de o Ministério Público receber um relatório de inteligência do (Coaf) Conselho de Controle de Atividades Financeiras, indicando suspeitas de lavagem de dinheiro pelo fundo.De Sanctis diz que tomou a medida para preservar os cotistas do fundo, alguns deles réus na ação. Por conta do bloqueio do fundo, suas ações não podem ser negociadas e estão sujeitas às variações do mercado, inclusive depreciação, diz o MPF.O dinheiro obtido com a venda dos papéis do fundo será depositado na Caixa Econômica Federal e sujeito a correção. Se os réus forem condenados, perderão os valores. Satiagraha e mensalãoA peça apresentada é a segunda denúncia do MPF no caso Satiagraha, operação da Polícia Federal que prendeu Daniel Dantas em julho do ano passado, juntamente com o ex-prefeito de São Paulo Celso Pitta e o megainvestidor Naji Nahas, entre outros investigados. Eles são acusados por crimes como lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e temerária de instituição financeira, evasão de divisas e formação de quadrilha. Os indiciamentos ocorreram no final de abril.Contra o banqueiro Daniel Dantas, pesam as acusações de lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira, evasão de divisas e crime de quadrilha e organização criminosa.O Opportunity foi apontado como parte de um esquema que desembocaria no chamado "valerioduto", do escândalo do mensalão. Segundo a Procuradoria, por meio da Brasil Telecom, o grupo teria financiado contas pertencentes ao publicitário Marcos Valério, utilizadas no desvio de dinheiro público para o pagamento de parlamentares em troca de apoio político ao governo Lula. Este esquema nunca foi comprovado. Segundo o MPF, a Brasil Telecom firmou dois contratos superiores a R$ 50 milhões com as empresas de Valério -DNA Propaganda e SMP&B.No dia da denúncia, em nota, o Opportunity classificou a acusação de "absurda" e taxou a Satiagraha de "fraude". Segundo o grupo, também "não há qualquer envolvimento do Opportunity com o mensalão, conforme já reconhecido pelo Poder Judiciário. (Leia a íntegra aqui)
Satiagraha foi conduzida por Protógenes Queiroz, que também foi denunciado

O delegado da Polícia Federal é réu em processo por vazamento de informações e alteração dados de uma gravação
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Leia o Blog do ProtógenesPara o MPF, Dantas, Dório Ferman, presidente do Opportunity, e a irmã do banqueiro, Verônica Valente Dantas, constituíram "um verdadeiro grupo criminoso empresarial, cuja característica mais marcante fora transpor métodos empresariais para a perpetração de crimes, notadamente delitos contra o sistema financeiro, de corrupção ativa e de lavagem de recursos ilícitos".O MPF pediu ainda para que a Justiça requisitasse cópia e acórdão de recebimento da denúncia do inquérito 2245 (que investigou o mensalão) ao ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal. O juiz Fausto De Sanctis entendeu que a solicitação pode ser feita diretamente pelo MPF.As acusaçõesDe acordo com o MPF, o grupo pratica crimes desde 1999. Dantas, Verônica e Ferman, no comando do Opportunity Fund e do banco Opportunity, teriam permitido a presença de cotistas brasileiros no fundo, quando a prática era proibida, e desviado recursos da Brasil Telecom para autofinanciamento do Opportunity, além de outras ações que configuram gestão fraudulenta e temerária, com o apoio material de outros denunciados.A evasão de divisas teria ocorrido entre 1998 e 2004, porque cotistas brasileiros foram autorizados a investir no Opportunity Fund, o que era vedado. Já a lavagem de dinheiro teria ocorrido porque os acusados tentaram ocultar recursos próprios e de terceiros por intermédio de fundos do Opportunity, dissimulado transferência de recursos por meio de uma consultoria e envolvendo duas offshores e uma empresa de fachada, MB2 Consultoria Empresarial.

Fonte: A Folha SP

Corrupção impede a vida republicana plena

Filósofo explica por que a corrupção impede a vida republicana plena

"Quem anda por nossas ruas, com medo até de crianças pequenas, e depois se espanta com a descontração das pessoas em outros países pode sentir o preço que pagamos por não vivermos numa república --por termos um regime republicano só de nome" - Renato Janine Ribeiro - "Folha Explica A República"
O regime republicano vigora no Brasil desde 15 de novembro de 1889. Porém, o país ainda convive com o problema da corrupção, um dos "inimigos" da república.
Divulgação

Livro analisa o papel da corrupção como inimigo da república
O filósofo Renato Janine Ribeiro trata do tema no volume "A República", da série Folha Explica, editada pela Publifolha. O livro contrapõe os ideais republicanos originais a seus "inimigos" --a monarquia, a corrupção e o patrimonialismo-- e questiona qual república é possível hoje.
No capítulo "O Inimigo da República (2): a Corrupção", que pode ser lido na íntegra no trecho abaixo, Renato Janine demonstra que a "corrupção" não é apenas o desvio do dinheiro público para fins particulares --essa definição simplifica demais o tema.
De acordo com o autor, "o corrupto impede que esse dinheiro vá para a saúde, a educação, o transporte, e assim produz morte, ignorância, crimes em cascata. Mais que tudo: perturba o elo social básico que é a confiança um no outro". Sem confiança e sem um elo social, não há a vida republicana, em que prevalece a "coisa pública" (res publica), e, assim, as pessoas andam na rua com medo da violência.
O filósofo também traça um panorama dos sentidos que a corrupção assumiu ao longo da história republicana, desde Roma, quando se referia à corrupção dos costumes.
Leia o trecho abaixo:
*
O INIMIGO DA REPÚBLICA (2): A CORRUPÇÃO
Qual a sua idéia de corrupção? É quase certo que você fale em desvio, por um administrador desonesto, do dinheiro público. É a idéia que se firmou hoje em dia. Mas, antes disso, a corrupção era termo mais abrangente, designando a degradação dos costumes em geral.
Como a corrupção veio a se confinar no furto do bem comum? Talvez seja porque, numa sociedade capitalista, o bem e o mal, a legalidade e o crime acabam referidos à propriedade. Por analogia com a propriedade privada, o bem comum é entendido como propriedade coletiva - e até como bem condominial, aquele do qual cada um tem uma parcela, uma cota, uma ação.
Mas o bem comum é diferente, por natureza, do bem privado. No estatuto de uma sociedade comercial, é obrigatório incluir o destino a dar aos bens, caso ela se dissolva. Se constituo uma firma com um sócio, caso a fechemos repartiremos os bens que pertencem a ela. Mas isso é impossível quando se trata da coisa pública. Há certos "bens" que só ela produz e que não podem ser divididos: virtudes, direitos e uma socialização que não só respeita o outro como enriquece, humanamente, a nós mesmos.
Pensar o mau político como corrupto e, portanto, como ladrão simplifica demais as coisas. É sinal de que não se entende o que é a vida em sociedade. O corrupto não furta apenas: ao desviar dinheiro, ele mata gente. Mais que isso, ele elimina a confiança de um no outro, que talvez seja o maior bem público. A indignação hoje tão difundida com a corrupção, no Brasil, tem esse vício enorme: reduzindo tudo a roubo (do "nosso dinheiro"), a mídia ignora - e faz ignorar - o que é a confiança, o que é o elo social, o que é a vida republicana.
UM TEMA REPUBLICANO
Pode haver corrupção em outros regimes, mas sem esse nome ou sem os perigos que traz para a república. Lembremos a tipologia de Montesquieu: há três regimes, monarquia, república e despotismo. O despotismo é um fantasma; reside no Oriente; é a grande ameaça à política, porque nele tudo é comandado pelo desejo. Os súditos do déspota desejam muito, porque, com os nervos excitados, são sensíveis a toda impressão externa. Daí que sejam lúbricos, luxuriosos, imediatistas.
O império da lei é impossível sob o calor. Não havendo autodisciplina, só pela irrestrita repressão externa se dá o controle social. Para conter o desejo sexual das mulheres, é preciso trancá-las num harém e castrar os homens que as vigiam. No calor, governar é reprimir.
O curioso é que nesse regime -- mais uma caricatura que um retrato fiel dos sultanatos orientais -- não há o tema da corrupção. Como se corromperia um regime cuja essência já é a degradação (a corrupção) do ser humano? Mesmo que os ministros saqueiem os cofres, não existe, no despotismo, uma regra da honestidade, uma medida do equilíbrio, um padrão da decência. Sem regra, medida ou grau, não há como falar em desregramento, em desmedida, em degradação. A corrupção só cabe quando o regime social e político valoriza o homem. Não é o caso do despotismo.
Será o da monarquia? Nela, o princípio é a honra, e portanto uma valorização está presente. O nobre preza mais a honra que a própria vida. É isso o que limita o arbítrio do soberano. Mas há dois pontos a assinalar. Primeiro, poucos têm honra - só os grandes. Segundo, a monarquia é uma hábil construção para que de um princípio filosoficamente falso - a desigualdade natural entre os homens - decorram resultados socialmente positivos. A engenharia política aqui faz que o mal produza o bem.
O preconceito é valorizado na monarquia. Dele resulta uma sociedade que, se respeita a lei, não é pela repressão externa, nem pela autodisciplina ou pela convicção de que é justo acatá-la. Em suma, na monarquia há um uso sábio daquilo que, em linguagem republicana, seria corrupção: ela dá bons frutos. Há privilégios, há desigualdade, há apropriação privada do que seria o bem público. Mas isso é da essência do regime, e é usado por ele para evitar males piores, que estariam no arbítrio do rei, tornado déspota. E por isso não é correto falar, aqui, em corrupção.
Corrupção só pode haver, como nome, num regime que a vê como negativa, como má - num regime cuja existência é diretamente ameaçada por ela. É a república. Seus padrões são altos. Nela, o bem pessoal é requisito para produzir o bem social. Individualmente, tenho de agir bem. Só quem atinge esse nível de conduta é cidadão, na república. Ou, inversamente, apenas dos cidadãos se pede esse patamar de comportamento. Não se exige isso das mulheres, escravos, estrangeiros e de todos os que terão uma cidadania reduzida ou negada. Em outras palavras, a república é o regime da ética na política.
A CORRUPÇÃO ANTIGA
Há dois tipos de corrupção, na república, conforme ela seja antiga ou moderna. Na república romana, falava-se em corrupção dos costumes. O cidadão romano é o pater famílias. O nome "pai de família" não quer dizer que ele tenha filhos: seu significado é político e não biológico. Ele é o chefe da família, o varão que nela manda. Se um menino perder o pai e o avô, pode ser pater ainda bebê. Será "pai" de sua mãe, avó, tios e irmãos.
O pater manda na casa. Costuma-se dizer que a lei romana lhe conferia direito a punir e até matar as mulheres a ele subordinadas, mesmo a mãe, a esposa, as irmãs. Não é bem isso. É pior. Nenhuma lei lhe dá esse direito, simplesmente porque o membro da cidade é ele, e não as pessoas suas subordinadas. Elas não são cidadãs, mal têm identidade pública. Punir quem pertence a sua "família" é direito privado do pater, e não público.
O eixo do controle que o pater exerce sobre os seus passa pela moral. Um homem que não controle as mulheres que dele dependem é infame e será punido pelos magistrados que cuidam da moral. Essa moral não é apenas sexual (a vitoriana será exagerada e centralmente sexual), mas em parte o é. Discrição, autocontrole, contenção são alguns de seus termos principais.
É talvez em Roma que se elabora, ou se aprimora, um traço fundamental das sociedades mediterrânicas, que ainda perdura em alguma medida: a idéia de que a mulher não tem honra própria, mas porta a honra - ou desonra - do homem seu senhor. Violar ou desrespeitar uma mulher se torna assim a melhor via para infamar seu marido, irmão ou pai. Quem perde a honra não é ela, são eles. Daí que, ao se vingarem, eles às vezes matam também a mulher que - mesmo se foi violentada - serviu de veículo para eles serem desonrados.
Portanto, na república antiga, o centro da corrupção são os costumes. É preciso as pessoas serem decentes, para que haja república. Nisso se inclui a contenção sexual, mas sobretudo a capacidade de fazer passar o bem comum à frente do pessoal. Evoquemos Múcio Cévola, que - estando Roma cercada - vai ao acampamento dos inimigos matar o general deles. Erra e é preso. Vão executá-lo. Mas ele queima o próprio braço numa chama, sem um gemido sequer de dor, dizendo que assim o castiga pelo fracasso de seu intento. Horrorizados, apavorados diante de gente tão resoluta, os inimigos debandam.
Não há prova dessa história, que talvez não passe de lenda, mas o importante é que ela educou gerações de romanos na convicção de que o fim público passa à frente de qualquer elemento particular. Como escravos, mulheres e estrangeiros não sentem assim, é óbvio que não terão a dignidade de cidadão.
Contrastemos a coragem de Múcio Cévola com a dos exércitos orientais, descritos por Montesquieu nas Cartas Persas (lembrando sempre que ele exagera em suas referências ao mundo islâmico). Os soldados do sultão se batem até a morte, mas - diz ele, na carta 89 - sua valentia não é a de quem preza a si próprio, e sim a de quem se despreza. É medo (ao sultão) tornado coragem (diante do inimigo). Não é o caso do romano. A cidade é o que o realiza. É o que dá sentido à sua vida.
Daí, finalmente, que na república antiga a educação seja fundamental. Ninguém age - naturalmente - como Múcio. Pela natureza estamos mais perto da conduta feminina. As mulheres são os seres mais naturais. Querem satisfazer seus desejos. Desejam enfeitar-se, ter prazer. Precisam ser contidas - a fim de contermos nossa tendência natural a ser como elas. A educação do cidadão será permanente, pois em última análise pode fracassar. Não é uma educação como a moderna, que desde o Emílio de Rousseau (Émile, ou_De l'éducation_, 1762) acredita em transformar o ser humano em algo melhor e estável. A educação do cidadão antigo é interminável, porque não há como estabilizar seu produto. O homem pode - sempre - decair e corromper-se.
A LIBERDADE PESSOAL
A corrupção moderna é outra. É verdade que, quando a França institui sua Primeira República, durante a Revolução, muitos sonham com Roma, mais talvez que com Atenas. Mas isso não dura. E já os Estados Unidos, ou antes deles a Inglaterra monárquica, mas constitucional, haviam-se aberto para uma república de exigências aliviadas - como veremos com Mandeville.
Benjamin Constant (1767-1830), político liberal franco-suíço de tanto impacto no século 19 que um republicano brasileiro foi batizado com seu nome, criticou aqueles, como Rousseau, que davam tal importância à Antiguidade que não conseguiam ver as reais características dos novos tempos. Esse foi, disse, o erro dos revolucionários que quiseram restaurar a sociedade antiga, na qual a coletividade era tudo e o indivíduo, nada.
Para os antigos - explica Constant - a liberdade importante era a da pólis grega, da civitas romana. O cidadão aceitava sacrificar-lhe tudo. Mas nos tempos modernos a liberdade que conta é a do indivíduo, que não admite ser oprimido pelo coletivo. A coletividade para nós é um peso, um fardo. O convívio político e mesmo social se tornou custoso. Ampliou-se enormemente a vida privada, como área de produção econômica, como tempo de lazer e como espaço em que escolho os valores e fins mais preciosos de minha vida.
Disso resultam duas coisas. Primeiro, aumenta incrivelmente nossa liberdade - insistindo: como indivíduos, como pessoas. Escolho minha profissão, minha religião, meu amor. Cada vez preciso dar menos satisfação disso. Mas, se isso passa a constituir minha liberdade, é porque se esvazia o alcance social das escolhas. Se antes do século 17 tantas sociedades puniam severamente quem adotava uma religião distinta da dominante, era porque passava pela religião o elo social. Quando um budista se abstém de carne, um muçulmano de vinho, um judeu de porco, ele dá à sua religião um alcance bem maior do que no mundo leigo que a modernidade cristã construiu.
O que significa o casamento se tornar escolha pessoal? A justificação romântica é que assim escolho um cônjuge com o coração. Mas quer isso dizer que eu seja mais feliz? Não é óbvio. O casamento como contrato entre famílias tinha menor sentido sexual e sentimental, mas seu alcance social fazia dele um espaço de maior satisfação pública. Modernamente, estamos condenados a buscar a realização, a felicidade, no plano privado, quase íntimo. Perdemos a dimensão pública e sofisticamos a particular, a pessoal. Não é uma crítica; é uma constatação. Houve ganhos, mas também custos, uns e outros enormes.
A segunda conseqüência da modernidade é, assim, a redução do espaço público. Tornou-se exíguo. Os costumes passaram, de sociais ou grupais, a individuais. Surgiu a vida psíquica como campo cada vez maior de indagação, de perplexidade, de escolha. Ora, isso torna praticamente absurdo pensar em costumes como fiadores da república. Quando o valor básico é o da realização pessoal, como queimar a mão ou sacrificar a sexualidade a um ideal social? Ao contrário: se alguém nos propuser um ideal que passe por tais custos pessoais, provaremos que só pode ser um falso ideal, gerador de males sem fim e até de doenças. E provaremos isso tão bem quanto um antigo provaria o contrário.
A CORRUPÇÃO DESPOLITIZADA
Mas a idéia de corrupção dos costumes não desapareceu de um momento para o outro: provavelmente passou por duas fases. Para os antigos, ela ameaçava a república. Quando a França retoma uma república mais próxima da romana, em 1792-3, a corrupção e seu antônimo, a virtude, voltam à cena. Mas isso dura pouco. Daí a dois anos, Robespierre, o Incorruptível, é deposto e guilhotinado. Na vitória dos moderados - ou corruptos, como outros os vêem -, é interessante que as roupas femininas se tornem vaporosas e que em fins da década de 1790 mulheres da sociedade até exibam em público os seios nus.
Poucas sociedades se dispõem a pagar, pela república, o preço da contenção dos costumes; talvez o último movimento a fazê-lo tenha sido o Khmer Rouge, que tomou o poder no Camboja em 1975 e chacinou um terço da população, querendo purificá-la. Alguns temas republicanos, reativados em nossos dias, correm o risco de resultar em crime contra a humanidade.
Essa foi a primeira fase, tentando-se reciclar Roma em Paris. Mas não sumiu o tema da corrupção dos costumes. Não deu certo articulá-lo com a república, mas ele ressurgiu, fortíssimo, com os vitorianos. É curioso: Constant mostrou que não pagaríamos, pela república moderna, o sacrifício de nossa vida íntima. Mas se pagou esse preço, pela monarquia moral da rainha Vitória. A contenção dos costumes veio não com a república, com o regime da autonomia ou do autogoverno, mas com o da heteronomia, do moralismo, das reverências à realeza.
Nessa segunda fase, a corrupção tornou-se tema exclusivamente moral. Sustentou, é claro, uma política - mas sustentou-a de maneira não clara e explícita, como na república romana, e sim implícita e indireta. Até porque a contenção dos costumes era apresentada não como a condição para uma política (se quiserem ser livres politicamente, abram mão da liberdade íntima), e sim como a única conduta decente. No século 19, quando alguns religiosos cristãos, chocados com o deboche sexual dos polinésios, procuraram ensinar-lhes um modo tido como decente de ter relações sexuais (o papai-mamãe, como chamamos, ou a missionary position, como ficou conhecido em inglês), o que faziam era transmitir essa moral única para toda a humanidade. A política - no caso, a destruição de uma cultura em proveito da ocidental - vinha a reboque, discreta, escondida.
Enfim: a contenção e a corrupção dos costumes deixaram de ser tema explicitamente político e essencialmente republicano. Ocultaram a dimensão política e favoreceram a opressão. Nossos políticos da República Velha podiam ler Cícero e reprimir as mulheres de sua família: com isso nada efetuavam de republicano. Temas romanos podiam ser repetidos, mas tinham-se tornado vitorianos.
NOSSO PROBLEMA
A corrupção continua, porém, sendo um tema republicano - só que com outro sentido, outro conteúdo. Ela ainda é o grande perigo para a república. Como esta valoriza o bem comum, todo desvio dele para o particular a ameaça. Mas nossa idéia de corrupção é mais fraca que a antiga.
Chamamos de corrupção o furto do patrimônio público. Ora, isso faz esquecer que o bem público tem natureza distinta do bem particular ou da propriedade privada. Muitos se referem ao Estado como se fosse equivalente a um indivíduo ou empresa. Com isso, ficam na perspectiva patrimonialista, cujos problemas vimos no capítulo anterior.
Uma saída para a pouca importância, hoje, do tema da corrupção seria apostar na educação. Diríamos: a corrupção ameaça a república, mas não se resume no furto do dinheiro público. O corrupto impede que esse dinheiro vá para a saúde, a educação, o transporte, e assim produz morte, ignorância, crimes em cascata. Mais que tudo: perturba o elo social básico que é a confiança no outro. Quem anda por nossas ruas, com medo até de crianças pequenas, e depois se espanta com a descontração das pessoas em outros países pode sentir o preço que pagamos por não vivermos numa república - por termos um regime que é republicano só de nome.
A saída educativa é indispensável. Mas ela exige dar à educação dos costumes um sentido distinto do que teve no antigo pensamento republicano. Não se trata mais de conter a sexualidade, de promover a castidade e a discrição. Os costumes viáveis, a educação desejável em nosso tempo têm a ver com a realização pessoal. Será preciso combinar essa promoção de si com o respeito devido ao outro. E será necessário, mais que tudo, recuperar - ou reinventar - a idéia de que haja algo, no espaço comum a todos, que seja mais do que um simples arremedo social da propriedade privada.

Fonte: A Folha SP

Senado faz revisão e reduz para 544 total de atos secretos

A Direção Geral do Senado divulgou nesta segunda-feira uma nova contagem para os atos secretos editados nos últimos 14 anos. O número caiu de 663 para 544 medidas administrativas que não tiveram publicidade de acordo com a Constituição.
A comissão criada para colocar em prática a decisão do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de anular todos os atos que não tiverem sido divulgados em boletins administrativos de pessoal afirmou que 119 dos 663 atos foram publicados corretamente no "Diário Oficial do Senado Federal".
"Desse modo, o princípio constitucional da publicidade foi atendido. Vamos pedir ao presidente Sarney para cancelar a anulação desses 119 atos", disse o diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra.
Ontem, a comissão recomendou a demissão imediata de 218 servidores contratados por meio das medidas ilegais. Tajra vai esperar para que as exonerações sejam executadas somente após a conclusão dos trabalhos da comissão e pediu avaliações individuais dos casos.
Há suspeita de servidores fantasmas e indefinições sobre quem foi contratado por nomeação sigilosa e exonerado legalmente. Segundo interlocutores de Tajra, esses servidores não precisarão ressarcir os cofres públicos se for comprovado que eles prestaram serviço.
A verificação vai ser realizada de gabinete em gabinete para apontar quem realmente trabalhou e quem não aparecia no local em que estava lotado. Mesmo que sejam demitidos, esses servidores poderão retornar imediatamente aos quadros do Senado.
Aumento de benefícios
A anulação dos atos secretos do Senado começou a valer na semana passada. Além de definir a situação dos servidores contratados por atos secretos, os técnicos do Senado precisarão encontrar uma definição sobre o que vai ocorrer com a anulação de decisões administrativas mantidas em sigilo e que envolvem o aumento de benefícios e criação de cargos.
Os assessores terão que encontrar uma saída, por exemplo, para regularizar o aumento da verba indenizatória paga aos senadores que foi mantida em sigilo nos últimos quatro anos e acabou revogado por Sarney.
A Mesa Diretora do Senado aprovou em junho de 2005 um ato determinando o reajuste da verba indenizatória --benefício mensal pago para os parlamentares custearem despesas nos Estados-- de R$ 12 mil para R$ 15 mil.
A deliberação, que teve efeito retroativo a janeiro de 2005, só foi tornada pública em maio deste ano. Se a decisão de Sarney fosse colocada em prática, todos os 81 senadores teriam que ressarcir aos cofres do Senado o valor pago a mais da verba desde 2005. Caso tenha utilizado todo o benefício mensal, cada parlamentar teria que devolver R$ 144 mil.

Fonte: A Folha SP

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ministério Público vai investigar contas bancárias secretas do Senado


Brasília - O Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF/DF) instaurou hoje (16) um inquérito cível para apurar a existência de contas bancárias não registradas na contabilidade oficial do Senado ou nos sistemas de controle e acompanhamento de gastos públicos.
Segundo os procuradores Bruno Acioli, Anna Carolina Resende e José Alfredo Silva, que assinam a ação, a ausência de publicidade e de fiscalização da movimentação das contas pode resultar na caracterização de “ato lesivo ao patrimônio público, atentatório do princípio da legalidade, da publicidade e da moralidade”.
No último dia 5, o jornal Folha de S.Paulo noticiou que o Senado possuía três contas paralelas no Banco do Brasil e na Caixa Econômica Federal, utilizadas para fazer “empréstimos a fundo perdido” a senadores.
Ao presidente do Senado, José Sarney, os procuradores vão solicitar, via Procuradoria Geral da República, atos normativos que disciplinam o uso de tais contas; números das contas-correntes e das agências; os nomes das instituições financeiras; nomes, qualificação e endereço dos titulares das contas. A partir do recebimento do ofício, Sarney terá prazo de dez dias úteis para prestar as informações.
Sarney já havia determinado no fim do mês passado a abertura de uma comissão de sindicância para investigar a existência de uma conta corrente e de uma poupança, na Caixa Econômica Federal, em nome da Casa. No último dia 14 o presidente do Senado também enviou ofício ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel, requerendo que o Ministério Público investigue em bancos internacionais se há qualquer espécie de conta em seu nome.
Segundo matéria veiculada pela revista Veja, esta semana, Sarney teria mantido, entre 1999 e 2001, conta no exterior não declarada à Receita Federal.

Fonte: Agência Brasil

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Novo presidente do Conselho de Ética do Senado diz que opinião pública é "volúvel"

O senador Paulo Duque (PMDB-RJ) deve decidir sobre denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética

O senador Paulo Duque (PMDB-RJ), eleito presidente do Conselho de Ética do Senado, afirmou nesta quinta-feira (16) que a opinião pública é "muito volúvel", ao responder se está preocupado com a influência de suas decisões junto à população.

O senador Paulo Duque (PMDB-RJ) deve decidir sobre denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), no Conselho de Ética
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UOL Notícias"Não estou nem preocupado com isso, porque a opinião pública é muito volúvel, ela flutua. E quem tem muita influência sobre ela são vocês, jornalistas", afirmou Duque.O recém-eleito tem sido alvo de críticas da oposição porque teria recebido a incumbência de proteger o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Já existem pelo menos uma representação e três denúncias encaminhadas ao conselho contra o presidente da Casa, por quebra do decoro parlamentar. Elas deverão ser analisadas por Paulo Duque, que decidirá se acatará ou arquivará os pedidos de investigação. O presidente do Conselho de Ética disse que "está estudando" as representações e reafirmou que seguirá as regras do conselho.Atos secretosUma das críticas contra Paulo Duque é que ele teria considerado "bobagem" os atos secretos utilizados ao longo dos últimos 14 anos para criar cargos e aumentar salários, entre outras medidas que favoreceram, inclusive, parentes e apadrinhados de Sarney. Nesta quinta, o senador do Rio disse que considera ato secreto "bobagem" quando se trata dele mesmo. "Eu jamais tive benefício por qualquer ato secreto. Por isso disse que é bobagem. Pra mim."Para o senador, nomeações existem "desde que o Brasil foi descoberto". "Agora é que começou um controle maior, sobretudo após a Constituição de 88."O presidente do Senado está envolvido em várias denúncias relacionadas aos atos secretos, incluindo nomeações de parentes. Nesta quinta, o jornal "O Estado de S. Paulo" publicou reportagem segundo a qual Sarney teria intermediado a nomeação do suposto namorado de sua neta para uma vaga no Senado.Para a oposição, ao tomar uma posição de defesa de Sarney, o presidente do Conselho de Ética estaria também quebrando o decoro. "Um presidente que já assume a posição, não de árbitro, mas de parte do processo, acho que ele está quebrando o decoro, sim. Agora, imaginem: o pedido de quebra de decoro vai pra ele, que pode arquivar. Com isso nós entramos em uma situação muito complicada", disse o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). O pedetista diz esperar que os membros do conselho tentem destituir seu presidente, mas admitiu que a possibilidade de isso acontecer é pequena. "Espero que tentem, mas acho que não vão conseguir porque a maioria determinante no conselho é de pessoas que elegeram o senador Paulo Duque."O peemedebista foi eleito para o cargo nesta quarta-feira, com dez votos favoráveis, quatro votos em branco e uma abstenção. Antes mesmo da votação, a oposição avisou que votaria em branco "para manter sua isenção" no conselho.
Fonte: Uol

Senadores apresentam pedido de censura a Lula por chamar oposição de pizzaiola

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode ser alvo de um voto de censura do Senado. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) apresentou nesta quinta-feira um requerimento pedindo que o Senado aprove um ato de censura à declaração do presidente chamando os senadores da oposição de "pizzaiolos". O documento é assinado por outros 11 parlamentares de governo e oposição.
Para a censura ser confirmada, é preciso que a proposta seja aprovada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) e depois pelo plenário. Segundo Buarque, o presidente Lula fere a Constituição ao desrespeitar a independência dos Poderes. "O presidente não tem o direito de fazer isso. O Legislativo é um poder equivalente ao Executivo e merece respeito. Não podemos aceitar essa maneira desrespeitosa que o presidente Lula trata o Senado", disse.
Apesar de repreender a postura do presidente, o pedetista acusou o presidente e seus aliados de serem "pizzaiolos". "Não vou dizer quem são, mas são aliados do presidente. Tem alguns sim, mas a Casa não. Os outros até podem dizer isso, mas o presidente Lula não. A imprensa tem direito, mas o presidente não porque ofende outro Poder. O presidente precisa ter noção de que deseduca o país com atitudes como essa", disse.
Buarque disse ainda que o presidente não pode falar de pizzaiolos, porque pretende fazer uma grande pizza com a CPI da Petrobras. "Agora, como ele pode dizer isso se os pizzaiolos são os aliados dele que não querem deixar a gente apurar as irregularidades aqui e fazer uma grande pizza da CPI da Petrobras. Há intenção de o governo usar a força para não deixar investigar as denúncias", afirmou.
Os senadores Jefferson Praia (PDT-AM), Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e Mão Santa (PMDB-PI), que estavam no plenário, também condenaram as declarações do presidente. "Estamos querendo oficializar a nossa indignação a declaração do presidente que ofendeu ao Parlamento brasileiro", disse Mozarildo.
O vice-líder do governo, Gim Argello (PTB-DF), tentou minimizar a declaração e pediu desculpas em nome do presidente Lula. "É um exagero esse pedido de censura. O presidente Lula fala com o linguajar popular e não quis ofender ninguém", disse.
Ontem, questionado se a CPI da Petrobras acabaria "em pizza", o presidente Lula acusou a oposição de "gritar" enquanto ele trabalha e chamou os senadores de "bons pizzaiolos".
Em resposta, o Senado rejeitou a recondução do diretor da ANA (Agência Nacional de Águas), Bruno Pagnoccheschi. Para contornar a situação, governistas adiaram para agosto a apreciação de outras indicações. Vários parlamentares da oposição usaram a tribuna para afirmar que a grande pizzaria do país é Planalto.

Fonte: AFolha SP

Diário Oficial publica anulação de atos secretos; advogado-geral diz que medida tem "plena eficácia"

O ato assinado pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), anulando todos os 663 atos administrativos que foram mantidos em sigilo foi publicado nesta quinta-feira (16) no Diário Oficial da União. De acordo com o advogado-geral do Senado, Luiz Fernando Bandeira de Mello, com a publicação a anulação dos atos passa a ter "plena eficácia".
Filho de Sarney é indiciado
O empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, foi indiciado pela PF sob a acusação de falsificar documentos para favorecer empresas em contratos com estatais, entre outros crimes
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Associação ligada à Fundação Sarney quis verba para médicosAinda nesta quinta-feira poderá ser publicada uma lista dos servidores que serão exonerados com a medida. O número de exonerados poderá chegar a 200. Segundo Bandeira, as exonerações que tiverem ocorrido por meio de ato secreto, o que daria margem a reclamações, serão agora oficializadas com atos públicos.Em relação ao ressarcimento aos cofres públicos de recursos "eventualmente pagos de forma indevida", como prevê o ato assinado por Sarney, a devolução não atingirá os salários pagos a funcionários que realmente prestaram serviços ao Senado. "É uma norma constitucional que o ressarcimento não se aplica a pessoas que trabalharam de boa fé", diz o advogado-geral. O ato que anula as medidas tomadas por meio de atos administrativos que não foram publicados foi assinado pelo presidente Sarney na última segunda-feira (13) e gerou polêmica. Várias foram as interpretações a respeito da aplicação da decisão do peemedebista. O primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI), chegou a dizer que a decisão precisaria ser avaliada pela Mesa Diretora. Os próprios técnicos do Senado divergiram sobre a decisão do presidente da Casa. Agora, o advogado-geral afirma que não há mais dúvidas e que a anulação dos 663 atos secretos terá efeito prático. Na prática, contudo, os gabinetes que quiserem manter ou readmitir um funcionário exonerado poderão fazê-lo, agora de forma pública. A lista dos exonerados deverá ser publicada na tarde desta quinta no boletim administrativo de pessoal e amanhã no Diário Oficial.ComissãoMesmo com a publicação da lista de exonerados, uma comissão técnica formada por cinco servidores do Senado fará um relatório em que deverá apontar as implicações jurídicas da anulação dos atos secretos. Esta comissão deverá apresentar um relatório à Mesa Diretora do Senado até meados do mês de agosto. Contudo, Bandeira diz que a maior parte das medidas constantes dos atos administrativos - nomeações e exonerações - terão solução imediata. "Vai ficar faltando uma meia dúzia de casos mais complexos que vamos avaliar".Uma das funções dos consultores será analisar se gratificações salariais concedidas foram devidas ou não. "Se alguém foi nomeado para um cargo de chefia e realmente exerceu esse cargo, não terá que devolver", explica o advogado-geral. O ressarcimento deverá ocorrer quando a gratificação foi concedida sem que nenhuma função especial fosse exercida.

Fonte: Folha SP

Grampo mostra negociação de cargo no Senado em ato secreto


O vazamento de supostas gravações da Polícia Federal lança a suspeita de que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), possa estar envolvido diretamente na edição dos atos secretos. Segundo reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", interceptações telefônicas realizadas durante a Operação Boi Barrica, com autorização judicial, identificaram telefonemas de Fernando Sarney para o ex-diretor-geral do Senado, Agaciel Maia.
Veja os 663 atos secretos que devem ser anulados pelo SenadoLeia a íntegra do relatório da comissão de sindicância sobre os 663 atos secretosVeja relatório sobre a responsabilidade sobre os atos secretos
Nas ligações, há indícios de que a família do presidente da Casa negociava com o ex-diretor a contratação sigilosa de parentes e afilhados políticos do peemedebista. Gravadas entre março e abril de 2008, as conversas apontam que Maria Beatriz Brandão Cavalcanti Sarney, neta do presidente do Senado, teria conseguido empregar na Diretoria Geral Henrique Dias Bernardes, identificado pela PF como seu namorado.
Maria Beatriz teria feito o pedido ao pai, Fernando Sarney, e ao próprio avô. Sarney teria entrado na negociação e recebido a orientação de encaminhar o currículo de Bernardes para o ex-diretor-geral. Segundo a reportagem, Bernardes foi nomeado como assistente parlamentar 3 na Diretoria Geral do Senado, na vaga do meio-irmão de Beatriz e passou cinco anos recebendo R$ 2.700.
A Folha Online procurou a assessoria do presidente do Senado, que não quis comentar a denúncia.
A comissão de sindicância que analisou a responsabilidade pela edição dos atos secretos não apontou envolvimento dos senadores nas irregularidades. Para os técnicos do Senado, ex-diretor-geral Agaciel Maia e o ex-diretor de Recursos Humanos João Carlos Zoghbi e cinco servidores foram os responsáveis.
O Ministério Público também decidiu investigar os atos secretos e pediu na semana passada à Polícia Federal a instauração de inquérito policial para analisar as decisões. Também foi determinado que os atos não publicados sejam analisados individualmente para verificar quem foram os beneficiários e quais os motivos para que eles não fossem publicados.
Durante os trabalhos da comissão do Senado, o procurador da República no Distrito Federal José Robalinho Calvacanti recomendou que as investigações fossem aprofundadas para esclarecer melhor a ordem para esconder as decisões administrativas que serviam para nomear, exonerar afilhados e parentes dos senadores, além de aumentar salários e benefícios. "Pouco importa quem assinou os autos, mas é absolutamente necessário saber quem determinou e porque determinou sua ocultação", afirma o Ministério Público. A comissão ignorou a recomendação do procurador.

Fonte: Folha SP

PF indicia filho de Sarney por suspeita de formar quadrilha

O empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), foi indiciado pela Polícia Federal sob a acusação, entre outros crimes, de falsificar documentos para favorecer empresas em contratos com estatais. A informação é de reportagem de Leonardo Souza e Hudson Corrêa publicada na Folha.
Fernando foi o principal alvo da Operação Boi Barrica, nome de um grupo folclórico maranhense, criada em 2006 para investigar suspeitas de caixa dois na campanha de Roseana Sarney ao governo do Estado. Às vésperas da disputa, ele havia sacado R$ 2 milhões em dinheiro.
O empresário foi indiciado pelos crimes de formação de quadrilha, gestão de instituição financeira irregular, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Pela investigação, o órgão mais beneficiado pelos crimes foi o Ministério de Minas e Energia --controlado politicamente por seu pai.
Fernando sempre negou ter cometido qualquer irregularidade. O Ministério Público vai decidir agora se oferece ou não denúncia contra Fernando com base no trabalho da PF.

Fonte: A Folha SP

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Lula diz que Brasil não terá nem síndico toda vez que alguém denunciado sem prova renunciar

Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (15), ao se referir às denúncias enfrentadas pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que, “se cada pessoa renunciar quando alguém faz uma denúncia sem provas e antes de ser provado, o Brasil não vai ter nem síndico mais”.Lula defendeu com veemência a apuração dos fatos antes de qualquer acusação, inclusive no que diz respeito às denúncias de que houve uso de dinheiro público na fundação de Sarney, no Maranhão. Ele disse que apuração é fundamental para que não se crie uma “crise desnecessária”. “Estou convencido de que todas as pessoas são inocentes até que se prove o contrário. E segundo, todas as denúncias são carecedoras de investigação e, se provadas, seja o presidente da República ou o do Senado, tem que ser punido”, disse ao falar com jornalistas, após cerimônia de posse do presidente da Empesa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Pedro Arraes. Lula disse que José Sarney tem tomado atitudes corretas ao contratar a Fundação Getulio Vargas para apresentar uma proposta de reestruturação para o Senado e pedir que se investigue denúncias envolvendo o neto do parlamentar.O presidente disse ainda que no Senado só tem “gente experiente”. “No Senado só tem gente experiente, você pensa que tem algum bobo no Senado, o bobo é o que não foi eleito, os espertos estão todos eleitos".


Fonte: Agência Brasil

CCJ aprova mudanças para nomeação de diretor-geral do Senado


Após escândalos, CCJ aprova mudanças para nomeação de diretor-geral do Senado

Brasília - Projeto de resolução, aprovado hoje (15) pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal, estabelece novos procedimentos para a escolha do diretor-geral da Casa, bem como o prazo para que permaneçam no cargo. A iniciativa ainda tem que ser aprovada em plenário.De autoria do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e assinado por diversos líderes partidários, o projeto estabelece que, para poderem tomar posse, os futuros indicados ao cargo terão que ser sabatinados pela CCJ e seus nomes vão ter que ser aprovados pelo plenário da Casa Legislativa. A exoneração destes servidores também terá que ser aprovada em plenário.A resolução também define que o diretor-geral não poderá permanecer no cargo além do período que durar o mandato dos membros da Mesa Diretora à época de sua nomeação e proíbe que, terminado esse prazo, o mesmo servidor volte a ocupar o cargo.Segundo o senador Arthur Virgílio, um dos autores da proposição, as mudanças foram negociadas com os senadores a partir das denúncias de supostas irregularidades praticadas ao longo dos 14 anos de gestão do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia.Durante a reunião da comissão, Virgílio defendeu que o objetivo da iniciativa é dividir a responsabilidade pelos atos administrativos com os senadores. Alguns parlamentares, no entanto, ressaltaram que a exigência de que o plenário aprove o nome indicado ao cargo é uma tentativa da diluir a responsabilidade da Mesa Diretora do Senado.“Acho a proposta saudável, mas discordo da votação [do diretor-geral] pelo plenário. Querem dividir os atos ruins da Casa com todos os senadores, ao submeter ao plenário essa escolha. Já elegemos a Mesa, que é responsável por tudo o que acontece na Casa. Não podemos tratar um diretor-geral como um ministro de tribunal superior”, avaliou o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), presidente da CCJ.
Fonte: Agência Brasil

Oposição repudia Lula por ter classificado senadores de "bons pizzaiolos"

Brasília - Senadores oposicionistas repudiaram veementemente a declaração do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que os classificou de "bons pizzaiolos". Depois de ter afirmado que não se preocupa com a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, instalada ontem (14), Lula pronunciou a frase "todos eles são bons pizzaiolos" ao dizer que a possibilidade da CPI não dar em nada depende dos próprios senadores.
A reação veio da parte de vários oposicionistas. “Não é possível um presidente da República chamar senadores de pizzaiolos. Sinto-me profundamente ofendido com isso, uma frase oportunista”, declarou, em plenário, o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), que apresentou requerimento para que o Senado peça esclarecimentos ao presidente Lula. O pedido de Buarque foi acolhido pelo vice-presidente do Senado, Marconi Perillo, que presidia a sessão.
Para o senador Alvaro Dias (PSDB-PR), Lula “não se dá ao respeito”. “Ele não conduz seu mandado com a liturgia que o cargo exige. Quero crer que cabe aos partidos da oposição provocar a Justiça Eleitoral, movendo uma ação contra o comportamento afrontoso do presidente”, sugeriu o senador, afirmando que, “ao desrespeitar o Senado”, Lula autoriza os parlamentares a afirmarem que ele, sim, é o “maior pizzaiolo do país”.
“Eu indago quando o presidente puniu os acusados de irregularidades que, em seu governo, não foram poucos. Ao contrário, o presidente sempre passou a mão na cabeça destes acusados. O presidente não se dá ao respeito”, concluiu Dias.
Para o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), se não quiser que a CPI da Petrobras deixe de apurar as denúncias envolvendo a estatal petrolífera, apontando eventuais culpados, o presidente Lula deve, então, orientar sua bancada.
O único parlamentar a tentar defender o presidente foi o pemedebista Almeida Lima (SE), que questionou o senador Cristovam Buarque, primeiro a mencionar a declaração presidencial em plenário, quanto ao contexto e à veracidade da afirmação.
“Digamos que ele não tenha se reportado a nenhum senador, nem à Casa?”, ponderou Almeida Lima, ao que Buarque perguntou se ele o estava chamando de mentiroso.
Fonte: Agência Brasil

CPI pode chamar Sarney para esclarecer denúncias de desvio de recursos da Petrobras a sua fundação

Brasília - Os senadores João Pedro (PT-AM) e Romero Jucá (PMDB-RR), respectivamente, presidente e relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, não descartam a hipótese de que o próprio presidente do Senado, senador José Sarney (PMDB-AP), tenha que prestar esclarecimentos à comissão.Segundo denúncia publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, recursos públicos destinados pela Petrobras à Fundação José Sarney, por meio da Lei Rouanet, teriam sido desviados para firmas fantasmas e empresas da família do senador. A fundação é uma entidade privada, criada para preservar a memória do senador maranhense, reunindo e expondo ao público, em São Luís, material do período em que ele ocupou a Presidência da República e reproduções de sua obra literária.“É possível que a Fundação José Sarney seja investigada. Vamos receber as informações, avaliar os dados e verificar quem vai ser investigado”, afirmou o senador Romero Jucá, líder do governo no Senado. “Esses contratos de patrocínio estão no foco da CPI e vão ser analisados pela comissão, para que tenhamos a condição de montarmos um retrato do funcionamento hoje e até propor mudanças e mais transparência”.
O senador João Pedro fez coro às declarações de Jucá, explicando apenas que caberá ao próprio relator averiguar a necessidade de convocar Sarney a depor.
“Devemos investigar tudo que chegar à CPI. O relator tem liberdade para apresentar um requerimento, que nós iremos analisar, debater e aprovar ou não. Acho que nós não podemos começar dizendo que faremos ou não faremos isso ou aquilo. A CPI tem que trabalhar com as proposituras que recebermos”, comentou o senador.
Já para o líder do DEM, José Agripino Maia (RN), as prioridades da comissão devem ser investigar suspeitas de superfaturamentos em contratos da Petrobras, como os de obras realizadas na Refinaria Abreu e Lima, localizada na região metropolitana de Recife, e o “desvio de recursos da estatal para o PT, com fim político-eleitoral”. Mesmo assim, o senador de oposição também não descarta a necessidade de a CPI ouvir Sarney.
“A CPI é para a Petrobras, e não necessariamente para o senador José Sarney, mas, evidentemente que, se fatos ligados ao presidente do Senado tiverem que ser esclarecidos, ele poderia vir a ser chamado”, declarou o democrata, estabelecendo uma “conexão clara” entre o objeto de requerimento para instalação da CPI e as denúncias contra a Fundação José Sarney, presidida de forma vitalícia pelo senador.
“O objetivo da investigação é esclarecer os delitos apontados na Petrobras. Claro que há uma conexão clara. Tanto os patrocínios direcionados ao PT quanto os [recursos] que não tiverem sido corretamente usados, todos cabem na investigação. Assim, o caso da fundação também cabe na investigação”, concluiu Maia.

Fonte: Agência Brasil

terça-feira, 14 de julho de 2009

Os atos secretos de um Senado


Os atos secretos de um Senado em crise
Nomeações e favorecimentos não divulgados abrem nova ferida na imagem da Casa. Entenda as ligações e os atos. Por: Gisele Silva, Andréia Sadi e Bia Rodrigues. Arte: Carlos Lemos


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Fonte: O Estado

Ao lado de Collor, Lula critica 'compadrio' de antecessores

Hélvio Romero/AE - Collor abraça Lula em evento de inauguração em Alagoas

Presidente diz que seu governo não realiza investimentos ou libera recursos de acordo com o partido político

BRASÍLIA - Em lados opostos na eleição de 1989, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o senador Fernando Collor de Mello escolheram a terra do ex-presidente para mostrar que deixaram definitivamente as diferenças de lado. Nesta terça-feira, 14, em visita à pequena cidade de Palmeira dos Índios, no interior do Estado, Lula teceu elogios de sobra ao hoje aliado. Ainda assim, criticou em sua fala o "compadrio" de políticos que o antecederam.
Logo na abertura do discurso, o presidente agradeceu a Collor e ao também senador Renan Calheiros (PMDB-AL) pela ajuda que têm prestado ao governo no Congresso. "Quero fazer Justiça ao senador Collor e ao senador Renan, que têm dado sustentação ao governo em seu trabalho no Senado", afirmou Lula. Renan, apesar de mencionado por vários participantes do evento, não estava presente.

Alguns minutos depois, Lula voltou a elogiar Collor e até se comparou ao ex-presidente. Ao falar sobre sua afinidade com o povo nordestino, o presidente mencionou Juscelino Kubitschek e incluiu Collor na equação. "Não era habitual neste País os presidentes percorrerem o Brasil. Além do Collor que é de Alagoas, o único presidente a vir aqui foi Juscelino Kubitschek."

Hélvio Romero/AE - Lula é observado por Collor ao discursar em inauguração

Já ao dizer que seu governo não define investimentos de acordo com a filiação política dos governos regionais, o presidente completou: "Antes, em vez de se governar, fazia-se a política do compadrio". A fala, nesse caso, complementou o discurso do governador Teotônio Vilela, do PSDB, que não economizou afagos a Lula. Ao encerrar seu discurso, Teotônio disse que faria o mesmo que sempre faz na ausência do presidente e pediu uma "salva de palmas".

Collor não teve direito a fala durante a cerimônia, organizada para a inauguração de uma adutora na região. Ainda assim, teve uma cadeira na mesa de autoridades. Ao ser anunciado, mandou abraços e beijos para a plateia, em agradecimento aos aplausos.

Coube a um jornal local fazer campanha em favor do senador. Durante a cerimônia, o jornalista Geovan Benjoino distribuía entusiasmado a Tribuna Popular. Na capa, uma enorme foto de Collor, acompanhada da manchete: "Presidente Lula da Silva apoia Collor de Mello para governo de Alagoas". No interior, a reportagem dizia que Lula trabalha nos bastidores para lançar Collor. "Lula age discretamente para não provocar ciúmes em grupos políticos aliados", diz o texto.

Fonte: O Estado