
Foto por Andre Penner/AP
Ô, Lula,,,
Editoriais pelo mundo afora condenam a aproximação do presidente brasileiro com o ditador iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
DC - 18/5/2010 - 21h50
"Caro Lula,
É com a mais profunda tristeza que vejo você abraçando a encarnação de tudo que nega os direitos humanos, a justiça social e tudo de bom que os sindicatos representaram(e que são a base da sua história). Sua imagem ao lado do tirano iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, como se ele fosse o melhor amigo da democracia brasileira, chocou os democratas ao redor do mundo. Este homem preside um regime que tortura, mata, aprisiona e humilha aqueles cidadãos que ousam clamar pela liberdade e pela democracia. Adolescentes são enforcados em guindastes; manifestantes são mortos impunemente nas ruas. Mulheres são tratadas como cidadãos de segunda categoria e apedrejadas até a morte. Escritores e jornalistas são volta e meia aprisionados, suas publicações censuradas e os sindicatos inexistem. Iranianos homossexuais vivem no temor de que sua sexualidade seja descoberta pelos clérigos fanáticos, que odeiam os direitos humanos e governam o país, com Ahmadinejad como seu boneco.
Seu novo amigo é um exterminador que conclamou que os judeus de Israel fossem varridos da face da Terra. Seu novo companheiro manda foguetes e bombas para o Hezbollah, terroristas assassinos de judeus. Ele anda ao redor do mundo ameaçando cada democracia com sua ira. Seu regime é uma corrida para obter a bomba nuclear, que poderia desestabilizar totalmente a região. (...)
O que aconteceu com o Lula a quem apoiei e prestei minha solidariedade? Eu nunca tive ilusões sobre o decadente Castro, com o corrupto campo de prisioneiros que se tornou a Cuba de hoje, onde escritores apodrecem na cadeia e oposicionistas pró-democratas, como Orlando Zapata, são condenador a morrer presos. Já tive a esperança de que Hugo Chavez usaria seu carisma para fazer da Venezuela uma democracia, onde a justiça social falaria mais alto. Mas ele é só mais um populista, como Perón.
(...) O seu papel global como campeão dos direitos humanos foi admirado em todos os lugares. E então você posa ao lado de Ahmadinejad, que é a negação de tudo que você sempre sustentou, e tudo o que as democracias da Europa e do resto do mundo conseguiram construir. Como pôde chegar a isso?
Gosto de voar nas aeronaves da Embraer e apoio o incremento do comércio e dos contatos com o Brasil. Seu belo país tem muito a contribuir para um mundo melhor, exatamente como você sempre contribuiu para a chegada dele a uma democracia moderna. Por que, então, tomar um chá com um tirano e envergonhar sua história de vida?
Denis Macshane foi secretário para a América Latina na administração do primeiro-ministro britânico Tony Blair
A menos que detalhes de um novo acordo (uma carta deve ser enviada à Agência Internacional de Energia Atômica) contenha surpresas agradáveis, parece que o Irã conseguiu repetir com sucesso seu velho truque de alargar a divisão entre os países que se preparam para reforçar as sanções em torno dele. Israel já disse que o Brasil, inexperiente na diplomacia do Oriente Médio, pode ter sido manipulado, e o ceticismo certamente aumentará nos próximos dias. Messrs Erdogan e Lula não terão muito tempo para saborear suas conquistas.
The Economist
Pouco depois de o Irã ter anunciado a execução de cinco ativistas políticos curdos, no dia 9, um domingo, recebi e-mail de uma militante dos direitos humanos em Teerã, que conhecia um dos executados, pedindo que eu divulgasse algumas palavras sobre os enforcamentos. "Estamos realmente desprotegidos", ela escreveu, "e nos sentimos perdidos."
O Irã rotulou os cinco de "terroristas", mas defensores dos direitos humanos afirmam que os prisioneiros negaram todas as acusações contra eles; foram submetidos à tortura e condenados injustamente. Um dos cinco, Farzad Kamangar, foi sentenciado à morte depois de uma defesa que durou cinco minutos, segundo disse seu advogado.
Outra condenada, Shirin Alam-houli, escreveu diversas cartas da prisão, afirmando ter feito falsas confissões depois de passar por torturas. As famílias dos prisioneiros, segundo as informações recebidas, não foram notificadas das execuções com antecedência.
Se a comunidade internacional falha em condenar tais atrocidades, o regime do Irã continuará a espezinhar os direitos básicos dos indivíduos, muitos dos quais foram detidos simplesmente por levantar, pacificamente, a bandeira dos direitos humanos universais.
É comum que os prisioneiros de Teerã – incluindo jornalistas, blogueiros, militantes dos direitos das mulheres, estudantes ativistas e aderentes da minoria religiosa Baha’i – sejam presos e confinados em solitárias por longos períodos, sem acesso a advogados para defendê-los contra acusações fabricadas, como espionagem e "propaganda contra o Islã" ou contra o regime.
Do Jerusalem Post
O acordo-golpe anunciado na segunda-feira pelo Irã , juntamente com o Brasil e a Turquia, em nada conterá o programa nuclear de Teerã. Mas poderia inviabilizar os esforços da administração de Obama – de focar a pressão internacional sobre o Irã – e ganhar mais tempo para o regime enriquecer urânio e derrotar a oposição interna. Em outras palavras, poderia ser um grande golpe diplomático para o regime do aiatolá Ali Khamenei, que explorou habilmente a ânsia dos líderes brasileiro e turco de provar a si mesmos que são peças globais.
Como o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad esperava, os dirigentes brasileiro e turco declararam que as negociações ampliaram as discussões sobre o impasse das sanções ao país.
Este é um momento é crucial para o Irã: está se aproximando o dia 12 de junho, aniversário da última eleição presidencial, e o regime tenta prevenir o ressurgimento da oposição do Movimento Verde. Evitar sanções por mais algumas semanas ajudaria Khamenei e Ahmadinejad a reforçar sua trincheira extremista.
Washington Post
Jornal Diário do Comércio
Ô, Lula,,,
Editoriais pelo mundo afora condenam a aproximação do presidente brasileiro com o ditador iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
DC - 18/5/2010 - 21h50
"Caro Lula,
É com a mais profunda tristeza que vejo você abraçando a encarnação de tudo que nega os direitos humanos, a justiça social e tudo de bom que os sindicatos representaram(e que são a base da sua história). Sua imagem ao lado do tirano iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, como se ele fosse o melhor amigo da democracia brasileira, chocou os democratas ao redor do mundo. Este homem preside um regime que tortura, mata, aprisiona e humilha aqueles cidadãos que ousam clamar pela liberdade e pela democracia. Adolescentes são enforcados em guindastes; manifestantes são mortos impunemente nas ruas. Mulheres são tratadas como cidadãos de segunda categoria e apedrejadas até a morte. Escritores e jornalistas são volta e meia aprisionados, suas publicações censuradas e os sindicatos inexistem. Iranianos homossexuais vivem no temor de que sua sexualidade seja descoberta pelos clérigos fanáticos, que odeiam os direitos humanos e governam o país, com Ahmadinejad como seu boneco.
Seu novo amigo é um exterminador que conclamou que os judeus de Israel fossem varridos da face da Terra. Seu novo companheiro manda foguetes e bombas para o Hezbollah, terroristas assassinos de judeus. Ele anda ao redor do mundo ameaçando cada democracia com sua ira. Seu regime é uma corrida para obter a bomba nuclear, que poderia desestabilizar totalmente a região. (...)
O que aconteceu com o Lula a quem apoiei e prestei minha solidariedade? Eu nunca tive ilusões sobre o decadente Castro, com o corrupto campo de prisioneiros que se tornou a Cuba de hoje, onde escritores apodrecem na cadeia e oposicionistas pró-democratas, como Orlando Zapata, são condenador a morrer presos. Já tive a esperança de que Hugo Chavez usaria seu carisma para fazer da Venezuela uma democracia, onde a justiça social falaria mais alto. Mas ele é só mais um populista, como Perón.
(...) O seu papel global como campeão dos direitos humanos foi admirado em todos os lugares. E então você posa ao lado de Ahmadinejad, que é a negação de tudo que você sempre sustentou, e tudo o que as democracias da Europa e do resto do mundo conseguiram construir. Como pôde chegar a isso?
Gosto de voar nas aeronaves da Embraer e apoio o incremento do comércio e dos contatos com o Brasil. Seu belo país tem muito a contribuir para um mundo melhor, exatamente como você sempre contribuiu para a chegada dele a uma democracia moderna. Por que, então, tomar um chá com um tirano e envergonhar sua história de vida?
Denis Macshane foi secretário para a América Latina na administração do primeiro-ministro britânico Tony Blair
A menos que detalhes de um novo acordo (uma carta deve ser enviada à Agência Internacional de Energia Atômica) contenha surpresas agradáveis, parece que o Irã conseguiu repetir com sucesso seu velho truque de alargar a divisão entre os países que se preparam para reforçar as sanções em torno dele. Israel já disse que o Brasil, inexperiente na diplomacia do Oriente Médio, pode ter sido manipulado, e o ceticismo certamente aumentará nos próximos dias. Messrs Erdogan e Lula não terão muito tempo para saborear suas conquistas.
The Economist
Pouco depois de o Irã ter anunciado a execução de cinco ativistas políticos curdos, no dia 9, um domingo, recebi e-mail de uma militante dos direitos humanos em Teerã, que conhecia um dos executados, pedindo que eu divulgasse algumas palavras sobre os enforcamentos. "Estamos realmente desprotegidos", ela escreveu, "e nos sentimos perdidos."
O Irã rotulou os cinco de "terroristas", mas defensores dos direitos humanos afirmam que os prisioneiros negaram todas as acusações contra eles; foram submetidos à tortura e condenados injustamente. Um dos cinco, Farzad Kamangar, foi sentenciado à morte depois de uma defesa que durou cinco minutos, segundo disse seu advogado.
Outra condenada, Shirin Alam-houli, escreveu diversas cartas da prisão, afirmando ter feito falsas confissões depois de passar por torturas. As famílias dos prisioneiros, segundo as informações recebidas, não foram notificadas das execuções com antecedência.
Se a comunidade internacional falha em condenar tais atrocidades, o regime do Irã continuará a espezinhar os direitos básicos dos indivíduos, muitos dos quais foram detidos simplesmente por levantar, pacificamente, a bandeira dos direitos humanos universais.
É comum que os prisioneiros de Teerã – incluindo jornalistas, blogueiros, militantes dos direitos das mulheres, estudantes ativistas e aderentes da minoria religiosa Baha’i – sejam presos e confinados em solitárias por longos períodos, sem acesso a advogados para defendê-los contra acusações fabricadas, como espionagem e "propaganda contra o Islã" ou contra o regime.
Do Jerusalem Post
O acordo-golpe anunciado na segunda-feira pelo Irã , juntamente com o Brasil e a Turquia, em nada conterá o programa nuclear de Teerã. Mas poderia inviabilizar os esforços da administração de Obama – de focar a pressão internacional sobre o Irã – e ganhar mais tempo para o regime enriquecer urânio e derrotar a oposição interna. Em outras palavras, poderia ser um grande golpe diplomático para o regime do aiatolá Ali Khamenei, que explorou habilmente a ânsia dos líderes brasileiro e turco de provar a si mesmos que são peças globais.
Como o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad esperava, os dirigentes brasileiro e turco declararam que as negociações ampliaram as discussões sobre o impasse das sanções ao país.
Este é um momento é crucial para o Irã: está se aproximando o dia 12 de junho, aniversário da última eleição presidencial, e o regime tenta prevenir o ressurgimento da oposição do Movimento Verde. Evitar sanções por mais algumas semanas ajudaria Khamenei e Ahmadinejad a reforçar sua trincheira extremista.
Washington Post
Jornal Diário do Comércio
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