Como são eleitos os congressistas
"Os dois sistemas usados para eleger os congressistas brasileiros têm virtudes e imperfeições. Mas eles parecem se complementar um ao outro de forma razoavelmente funcional"
Rogério Schmitt
O nosso glorioso Congresso Nacional é composto por 81 senadores e por 513 deputados federais. Nas eleições de outubro, serão renovados os mandatos de 2/3 dos membros do Senado Federal e da totalidade dos integrantes da Câmara dos Deputados.
Essa será a sétima eleição parlamentar geral desde o final do regime militar. Apesar disso, muitos eleitores ainda não entendem direito as diferenças entre os critérios utilizados para a eleição dos senadores e dos deputados federais. Esta coluna foi escrita para tentar esclarecer essas dúvidas.
O nosso Poder Legislativo é bicameral. A Câmara Alta (Senado) representa os 27 estados da federação – e os senadores são selecionados em eleições majoritárias. Por sua vez, a Câmara Baixa (Câmara) representa os 190 milhões de brasileiros – e os deputados são eleitos por intermédio de um sistema proporcional.
Antes de falar das diferenças, vale mencionar uma característica em comum dos dois tipos de eleição. No Brasil, tanto senadores como deputados são eleitos pelos colégios eleitorais estaduais. Em outras palavras, os estados da federação funcionam como circunscrições eleitorais nos dois casos. Nos EUA e em outros países, ao contrário, apenas os senadores são eleitos estadualmente. Os deputados representam subdivisões territoriais dos estados (também chamadas de distritos).
Os critérios para a eleição de senadores são bem mais intuitivos para o eleitor comum. Cada partido poderá lançar até 2 candidatos ao Senado por estado (todos elegerão uma dupla de novos senadores em 2010). Cada eleitor poderá votar em até 2 candidatos (mas esses votos não podem ser cumulativos). Os senadores eleitos em cada estado serão os dois candidatos individualmente mais votados. A regra majoritária é simples assim.
Por outro lado, o sistema que utilizamos para eleger os deputados federais é proporcional. A lógica desse sistema não é individual, e sim partidária. A votação individual de cada candidato é menos decisiva que a votação de seus partidos. Grosso modo, uma legenda que obtenha x% dos votos válidos elegerá x% dos deputados dentro daquele estado.
Cada partido pode lançar tantos candidatos quanto o número de cadeiras na Câmara que estiverem sendo disputadas (70 no caso de São Paulo, 53 em Minas Gerais, 46 no Rio de Janeiro, e assim por diante). A votação mínima necessária para a eleição de um deputado é chamada de quociente eleitoral. Suponha um estado imaginário com 500 mil votos válidos (A) e que eleja 10 deputados (B). O quociente eleitoral naquela circunscrição será, portanto, de 50 mil votos (A dividido por B).
O número de deputados eleitos por cada partido será determinado com base no número de vezes em que ele atingir o quociente eleitoral. No exemplo acima, uma sigla cujos candidatos obtenham 100 mil votos elegerá 2 deputados federais. Para ser preciso, os dois mais votados individualmente da sua lista de candidatos.
É justamente por conta desse procedimento complicado que, ao menos teoricamente, candidatos que tiveram menos votos podem ser eleitos derrotando candidatos que tiveram mais votos. Basta que os primeiros pertençam a partidos com um desempenho agregado superior aos partidos dos segundos. A regra é clara!
Quando entendemos o modo pelo qual um sistema eleitoral funciona, fica mais fácil evitar o desperdício do nosso voto. Como a eleição dos senadores é majoritária, os eleitores têm incentivos para praticar o chamado voto útil (escolhendo candidatos individualmente competitivos). E, como a eleição dos deputados é proporcional, os incentivos são para que escolhamos os melhores candidatos dos partidos mais competitivos – permitindo uma escolha mais “sincera” do que no caso anterior.
Os dois sistemas usados para eleger os congressistas brasileiros têm virtudes e imperfeições. Mas eles parecem se complementar um ao outro de forma razoavelmente funcional. É pouco provável que sejam drasticamente alterados nas eleições futuras.
*Consultor político, coordenador de Estudos e Pesquisas do Centro deLiderança Pública (CLP) e Doutor em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj). Foi professor da Universidade de São Paulo (USP), da PUC-SP e da Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Publicou o livro "Partidos políticos do Brasil: 1945-2000" (Jorge Zahar Editor, 2000) e co-organizou a coletânea Partidos e coligações eleitorais no Brasil (Unesp/Fundação Konrad Adenauer, 2005).
Fonte: http://congressoemfoco.uol.com.br/coluna.asp?cod_publicacao=33476&cod_canal=14
quarta-feira, 30 de junho de 2010
"Bolsa eleição" não tem limites
"Bolsa eleição" não tem limites
Calcula-se que teremos um índice de renovação de bancadas superior à média das últimas décadas, em torno de 50%.
Não estará errado quem multiplicar, pelo menos por dois, qualquer previsão dos políticos e dos partidos sobre os gastos oficiais de campanha neste ano. Corre o risco, isso sim, de ser excessivamente conservador. A "bolsa eleição" não tem limites – o que está levando alguns poucos possíveis candidatos, assustados, a desistir de concorrer. E uma boa maioria a perder o sono.
Histórias que se ouvem em Brasília, se não de arrepiar, são de deixar qualquer um preocupado. A começar pela admissão, mais ou menos explícita, de que os caixas dois, três, ou "n" estão em alta. Admite-se que as empresas de maior peso, com boa governança corporativa, ou não vão ajudar ou farão apenas o jogo aberto, ultralegal. E é nesse ponto que está o perigo, ou seja, de onde virá o dinheiro que sustentará as caríssimas máquinas de campanha que estão sendo montadas. É um sorvedouro de dinheiro sem fim: campanha presidencial, campanha para governador, campanha para senador, campanha para deputado federal, campanha para deputado estadual.
Com a ação mais dura – e ainda assim muito branda, devido à falta de instrumentos mais eficientes – da Justiça Eleitoral em relação aos gastos eleitorais de partidos e candidatos, evidenciada nas eleições municipais de dois anos atrás, deixou muito colaborador, patrocinador, investidor ressabiado.
A vigilância da imprensa, divulgando a lista de colaboradores, também leva ao refluxo do contribuinte. Ter o nome ou a marca ligada a um político com eventuais suspeitas, mesmo que tudo tenha sido feito legalmente, não é agradável. Por essas e outras tem crescido, de eleição para eleição, a contribuição entregue ao partido – em detrimento dos investimentos individuais. O que vai para o partido entra num bolo e não se identifica para quem foi redistribuído.
Por isso, registra-se em Brasília, os colaboradores financeiros mais confiáveis estão escasseando. O que está levando a um fato não registrado anteriormente, a não ser como exceção: alguns políticos estão aceitando um rebaixamento de status para ter parceiros endinheirados que lhes garantam recurso. Tal coisa já era observada no caso dos senadores: muito suplentes, no primeiro e segundo graus, ganham vaga porque são bons assinantes de cheques.
Agora, a coisa está mais radical: há deputado federal que se disponha a voltar para seu rincão, como deputado estadual, em dobradinha com algum abonado que queira ir para a Câmara em Brasília e se disponha a investir no mandato. Há pelo menos dois senadores que também farão um dowgrade, atravessando o corredor que liga o Senado à Câmara na capital federal.
Tem mais ainda tirando a soneca dos políticos instalados em Brasília e mesmo nos legislativos estaduais: colaboradores frequentes de outras campanhas, alguns setores tradicionalistas, daqueles que têm muita sinergia com o setor público, estão optando, em lugar de financiar políticos profissionais, por ajudar a eleger algum executivo de sua própria companhia ou de estrita confiança do setor. É o tal: nada de intermediários, quem é do ramo sempre é de mais confiança.
Nada de ilegítimo, em princípio, numa ação dessas; pode ser até positivo porque pode levar para o Congresso executivos e administradores bem qualificados tecnicamente e não apenas políticos especialistas nas artes da político. O tempero pode ser bom. Mas se não foi bem misturado, pode desandar.
O processo está em curso, com a previsão, a partir das desistências, da chegado desses novos "políticos" e da força dos financiamentos extras, de que o Congresso futuro terá uma cara e um tipo diferente do atual. Admite-se que teremos um índice de renovação de bancadas superior à média das últimas décadas, tradicionalmente em torno de 50%. Se para melhor ou para pior, não dá para imaginar. Só podemos torcer para que as trocas não sejam apenas substituição de nomes.
José Márcio Mendonça é jornalista e analista político
Jornal Diário do Comércio de SP
Calcula-se que teremos um índice de renovação de bancadas superior à média das últimas décadas, em torno de 50%.
Não estará errado quem multiplicar, pelo menos por dois, qualquer previsão dos políticos e dos partidos sobre os gastos oficiais de campanha neste ano. Corre o risco, isso sim, de ser excessivamente conservador. A "bolsa eleição" não tem limites – o que está levando alguns poucos possíveis candidatos, assustados, a desistir de concorrer. E uma boa maioria a perder o sono.
Histórias que se ouvem em Brasília, se não de arrepiar, são de deixar qualquer um preocupado. A começar pela admissão, mais ou menos explícita, de que os caixas dois, três, ou "n" estão em alta. Admite-se que as empresas de maior peso, com boa governança corporativa, ou não vão ajudar ou farão apenas o jogo aberto, ultralegal. E é nesse ponto que está o perigo, ou seja, de onde virá o dinheiro que sustentará as caríssimas máquinas de campanha que estão sendo montadas. É um sorvedouro de dinheiro sem fim: campanha presidencial, campanha para governador, campanha para senador, campanha para deputado federal, campanha para deputado estadual.
Com a ação mais dura – e ainda assim muito branda, devido à falta de instrumentos mais eficientes – da Justiça Eleitoral em relação aos gastos eleitorais de partidos e candidatos, evidenciada nas eleições municipais de dois anos atrás, deixou muito colaborador, patrocinador, investidor ressabiado.
A vigilância da imprensa, divulgando a lista de colaboradores, também leva ao refluxo do contribuinte. Ter o nome ou a marca ligada a um político com eventuais suspeitas, mesmo que tudo tenha sido feito legalmente, não é agradável. Por essas e outras tem crescido, de eleição para eleição, a contribuição entregue ao partido – em detrimento dos investimentos individuais. O que vai para o partido entra num bolo e não se identifica para quem foi redistribuído.
Por isso, registra-se em Brasília, os colaboradores financeiros mais confiáveis estão escasseando. O que está levando a um fato não registrado anteriormente, a não ser como exceção: alguns políticos estão aceitando um rebaixamento de status para ter parceiros endinheirados que lhes garantam recurso. Tal coisa já era observada no caso dos senadores: muito suplentes, no primeiro e segundo graus, ganham vaga porque são bons assinantes de cheques.
Agora, a coisa está mais radical: há deputado federal que se disponha a voltar para seu rincão, como deputado estadual, em dobradinha com algum abonado que queira ir para a Câmara em Brasília e se disponha a investir no mandato. Há pelo menos dois senadores que também farão um dowgrade, atravessando o corredor que liga o Senado à Câmara na capital federal.
Tem mais ainda tirando a soneca dos políticos instalados em Brasília e mesmo nos legislativos estaduais: colaboradores frequentes de outras campanhas, alguns setores tradicionalistas, daqueles que têm muita sinergia com o setor público, estão optando, em lugar de financiar políticos profissionais, por ajudar a eleger algum executivo de sua própria companhia ou de estrita confiança do setor. É o tal: nada de intermediários, quem é do ramo sempre é de mais confiança.
Nada de ilegítimo, em princípio, numa ação dessas; pode ser até positivo porque pode levar para o Congresso executivos e administradores bem qualificados tecnicamente e não apenas políticos especialistas nas artes da político. O tempero pode ser bom. Mas se não foi bem misturado, pode desandar.
O processo está em curso, com a previsão, a partir das desistências, da chegado desses novos "políticos" e da força dos financiamentos extras, de que o Congresso futuro terá uma cara e um tipo diferente do atual. Admite-se que teremos um índice de renovação de bancadas superior à média das últimas décadas, tradicionalmente em torno de 50%. Se para melhor ou para pior, não dá para imaginar. Só podemos torcer para que as trocas não sejam apenas substituição de nomes.
José Márcio Mendonça é jornalista e analista político
Jornal Diário do Comércio de SP
segunda-feira, 28 de junho de 2010
PSB lança Paulo Skaf ao Governo de São Paulo
Foto: Vitor Santos
Por Vitor Santos
Na convenção realizada ontem, na Casa de Portugal em São Paulo, o Partido Socialista Brasileiro (PSB), homologou a candidatura do empresário e presidente lincenciado da FIESP Paulo Skaf ao governo do Estado de São Paulo.
Paulo Skaf falou durante o discurso, que fez recentemente uma pesquisa e constatou que os mesmos problemas enfrentados em 1990, são os mesmo de hoje ou seja, saúde, educação e segurança, vinte ano depois os problemas são os mesmos, nada mudou neste perídodo.
O Estado de São Paulo precisa de chacoalhada, falta competência, fallta seriedade, falta vontade política.
Na saúde, vamos reduzir as filas para marcação de consultas, "vamos fazer parceria com Prefeitura, com a iniciativa privada".
A segurança precisa de um governo eficiente, vamos criar um serviço de inteligência para combater o crime.
Os pedágios são caros, precisamos reduzir os preços e implementar inovações tecnológicas.
"O filho do pobre estuda em escola de péssima qualidade". Falta vagas nas escolas, falta creches, vamos fazer convênio com a Prefeitura para acabar com o sofrimentos das mães que precisam trabalhar fora de casa. Na educação falta dar capacitação profissional aos educadores, elaborar um plano de carreira que comteple e valorize os professores, com melhores salários. Nós vamos respeitar os profissionais da educação. Não vai faltar vaga para os alunos deficientes no Estado. A educação não pode ser colocada em sugundo plano.
No transporte, Skaf falou que vai investir muito com responsalidade nos trens para melhorar as condições de locomoção dos trabalhadores.
Skaf encerrou seu discurso afirmando que o Estado precisa de um governo que não seja covarde, que tenha pulso, coragem e vontade para mudar.
Por Vitor Santos
Na convenção realizada ontem, na Casa de Portugal em São Paulo, o Partido Socialista Brasileiro (PSB), homologou a candidatura do empresário e presidente lincenciado da FIESP Paulo Skaf ao governo do Estado de São Paulo.
Paulo Skaf falou durante o discurso, que fez recentemente uma pesquisa e constatou que os mesmos problemas enfrentados em 1990, são os mesmo de hoje ou seja, saúde, educação e segurança, vinte ano depois os problemas são os mesmos, nada mudou neste perídodo.
O Estado de São Paulo precisa de chacoalhada, falta competência, fallta seriedade, falta vontade política.
Na saúde, vamos reduzir as filas para marcação de consultas, "vamos fazer parceria com Prefeitura, com a iniciativa privada".
A segurança precisa de um governo eficiente, vamos criar um serviço de inteligência para combater o crime.
Os pedágios são caros, precisamos reduzir os preços e implementar inovações tecnológicas.
"O filho do pobre estuda em escola de péssima qualidade". Falta vagas nas escolas, falta creches, vamos fazer convênio com a Prefeitura para acabar com o sofrimentos das mães que precisam trabalhar fora de casa. Na educação falta dar capacitação profissional aos educadores, elaborar um plano de carreira que comteple e valorize os professores, com melhores salários. Nós vamos respeitar os profissionais da educação. Não vai faltar vaga para os alunos deficientes no Estado. A educação não pode ser colocada em sugundo plano.
No transporte, Skaf falou que vai investir muito com responsalidade nos trens para melhorar as condições de locomoção dos trabalhadores.
Skaf encerrou seu discurso afirmando que o Estado precisa de um governo que não seja covarde, que tenha pulso, coragem e vontade para mudar.
quinta-feira, 17 de junho de 2010
A REFORMA POLÍTICA É UTOPIA, OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS

A REFORMA POLÍTICA É UTOPIA, OS FINS JUSTIFICAM OS MEIOS
Vitor Santos
A reforma política no Brasil é utopia. A presença de Maquiavel na política brasileira é marcante e ao mesmo tempo inevitável, principalmente com as suas artimanhas de leão e raposa, símbolos, respectivamente, da força e da astúcia, é a ação da política do príncipe, em que "os fins justificam os meios". E aqui já começam surgir as grandes questões: "se todos os meios são legítimos, quem justifica os fins? Qual é a legitimidade dos fins?". Vivemos um Estado democrático de direito. A Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 1988, em seu artigo 5º consagrou como cláusula pétrea os direitos dos cidadãos, indicando o povo como fonte do Poder e os objetivos e valores que deverão ser perseguidos pelo Estado. O Estado brasileiro está organizado de maneira a ser instrumento a serviço da sociedade a fim de atingir os valores supremos, ou seja: a igualdade, a liberdade, e a fraternidade, porém os seus direitos não podem ser exercidos, porque o cidadão comum não passa de um mero expectador do grande espetáculo político, que ocorre no palco chamado Brasília, a exemplo do que ocorria na antiga Roma, "pão e circo". A eterna reforma política não tem forças para sair do papel, haverá algumas mudanças que não impliquem na legislação a ponto de comprometer a atuação dos políticos. Mas as leis e as emendas são propostas e aprovadas pelos políticos, deputados e senadores que muitas vezes não tem suporte técnico jurídico, e que apenas estão defendendo interesses de oligarquias, cartéis ou interesses internacionais. É urgente e necessária a reforma política no plano da soberania popular. A reforma política deverá transformar o povo brasileiro de mero expectador no jogo político em verdadeiro protagonista e, portanto aprofundar os mecanismos da democracia direta e participativa, mas de nada valerá se não houver a participação do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil, especialmente a Seção São Paulo que tem se transformado no grande cenário das discussões nacionais, da Associação Comercial de São Paulo, da CNBB, do Lions, do Rotary, da Maçonaria, das Universidades, do Conseg, e principalmente de representantes do povo, Ong\'s, Sociedade amigos de bairro, enfim da sociedade civil como um todo. A reforma política deverá repensar melhor o financiamento de campanhas com o dinheiro público, da reeleição de presidentes, governadores, senadores e principalmente dos seus suplentes que na vacância do cargo, assumem o mesmo sem ter recebido nenhum voto violando o princípio do sufrágio universal, que impõe o voto direto para escolha dos representantes do povo. Na pauta da reforma política deverá ser discutido o voto distrital puro ou misto, a obrigatoriedade do voto, a adoção do parlamentarismo, a realização de eleições para cargos eletivos federais e estaduais em uma mesma data, a forma de representação dos Estados e do Distrito na Câmara dos Deputados, que não respeita o princípio da proporcionalidade prevista na Constituição Federal, a captação ilícita de sufrágios, aliciamento e compra de votos, a fidelidade partidária com o intuito de evitar o troca-troca de partidos, o foro privilegiado que beneficia ex-autoridades e réus em ações cíveis de improbidade, em ações criminais com o trancamento da ação penal, incentivando a impunidade, legendas de aluguel, fundo partidário, verticalização, prazo para filiação e desincompatibilização de cargos, venda de legenda na convenção partidária e a cláusula de barreira que é uma medida que visa reduzir o número de partidos e principalmente, é oportuno, também rediscutir o funcionamento interno e a representação dos partidos no cenário brasileiro. Enquanto o sistema político brasileiro permanecer inalterado, vamos continuar a assistir a todos esses episódios envolvendo os políticos e acima de tudo, conviver com a imoralidade pública. Não podemos mais aceitar um sistema político arcaico e distanciado do povo.
A reforma precisa contemplar a reorganização do Estado brasileiro. "Para Maquiavel, o Estado era um fim em si mesmo. A suprema obrigação do governante é manter a ordem, o poder e a segurança do País que governava."
Notas:
1 – Reformar; verbo transitivo direito que significa: o ato ou efeito de restaurar, reorganizar, dar nova fórmula, reconstruir, retificar, emendar, reformar as Leis, a Constituição, reformar abusos.
2 – Política é a ciência do Governo dos povos, a arte de governar um Estado e regular suas relações com outros; princípios políticos, maneira hábil de agir em assuntos particulares, a fim de obter o que se deseja, civilidade, cortesia, astúcia, artifício.
Referências:
1 – Pão e Circo os bastidores da Política, Vitor Santos.
2 – O Príncipe, Machiavelli, Editora Escala, Tradução de Lívio Xavier.
Artigo publicado na Revista de Jurisprudência TRE do Paraná, Consultor Jurídico, Netlegis e outros...
Vitor Santos
A reforma política no Brasil é utopia. A presença de Maquiavel na política brasileira é marcante e ao mesmo tempo inevitável, principalmente com as suas artimanhas de leão e raposa, símbolos, respectivamente, da força e da astúcia, é a ação da política do príncipe, em que "os fins justificam os meios". E aqui já começam surgir as grandes questões: "se todos os meios são legítimos, quem justifica os fins? Qual é a legitimidade dos fins?". Vivemos um Estado democrático de direito. A Constituição da República Federativa do Brasil promulgada em 1988, em seu artigo 5º consagrou como cláusula pétrea os direitos dos cidadãos, indicando o povo como fonte do Poder e os objetivos e valores que deverão ser perseguidos pelo Estado. O Estado brasileiro está organizado de maneira a ser instrumento a serviço da sociedade a fim de atingir os valores supremos, ou seja: a igualdade, a liberdade, e a fraternidade, porém os seus direitos não podem ser exercidos, porque o cidadão comum não passa de um mero expectador do grande espetáculo político, que ocorre no palco chamado Brasília, a exemplo do que ocorria na antiga Roma, "pão e circo". A eterna reforma política não tem forças para sair do papel, haverá algumas mudanças que não impliquem na legislação a ponto de comprometer a atuação dos políticos. Mas as leis e as emendas são propostas e aprovadas pelos políticos, deputados e senadores que muitas vezes não tem suporte técnico jurídico, e que apenas estão defendendo interesses de oligarquias, cartéis ou interesses internacionais. É urgente e necessária a reforma política no plano da soberania popular. A reforma política deverá transformar o povo brasileiro de mero expectador no jogo político em verdadeiro protagonista e, portanto aprofundar os mecanismos da democracia direta e participativa, mas de nada valerá se não houver a participação do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil, especialmente a Seção São Paulo que tem se transformado no grande cenário das discussões nacionais, da Associação Comercial de São Paulo, da CNBB, do Lions, do Rotary, da Maçonaria, das Universidades, do Conseg, e principalmente de representantes do povo, Ong\'s, Sociedade amigos de bairro, enfim da sociedade civil como um todo. A reforma política deverá repensar melhor o financiamento de campanhas com o dinheiro público, da reeleição de presidentes, governadores, senadores e principalmente dos seus suplentes que na vacância do cargo, assumem o mesmo sem ter recebido nenhum voto violando o princípio do sufrágio universal, que impõe o voto direto para escolha dos representantes do povo. Na pauta da reforma política deverá ser discutido o voto distrital puro ou misto, a obrigatoriedade do voto, a adoção do parlamentarismo, a realização de eleições para cargos eletivos federais e estaduais em uma mesma data, a forma de representação dos Estados e do Distrito na Câmara dos Deputados, que não respeita o princípio da proporcionalidade prevista na Constituição Federal, a captação ilícita de sufrágios, aliciamento e compra de votos, a fidelidade partidária com o intuito de evitar o troca-troca de partidos, o foro privilegiado que beneficia ex-autoridades e réus em ações cíveis de improbidade, em ações criminais com o trancamento da ação penal, incentivando a impunidade, legendas de aluguel, fundo partidário, verticalização, prazo para filiação e desincompatibilização de cargos, venda de legenda na convenção partidária e a cláusula de barreira que é uma medida que visa reduzir o número de partidos e principalmente, é oportuno, também rediscutir o funcionamento interno e a representação dos partidos no cenário brasileiro. Enquanto o sistema político brasileiro permanecer inalterado, vamos continuar a assistir a todos esses episódios envolvendo os políticos e acima de tudo, conviver com a imoralidade pública. Não podemos mais aceitar um sistema político arcaico e distanciado do povo.
A reforma precisa contemplar a reorganização do Estado brasileiro. "Para Maquiavel, o Estado era um fim em si mesmo. A suprema obrigação do governante é manter a ordem, o poder e a segurança do País que governava."
Notas:
1 – Reformar; verbo transitivo direito que significa: o ato ou efeito de restaurar, reorganizar, dar nova fórmula, reconstruir, retificar, emendar, reformar as Leis, a Constituição, reformar abusos.
2 – Política é a ciência do Governo dos povos, a arte de governar um Estado e regular suas relações com outros; princípios políticos, maneira hábil de agir em assuntos particulares, a fim de obter o que se deseja, civilidade, cortesia, astúcia, artifício.
Referências:
1 – Pão e Circo os bastidores da Política, Vitor Santos.
2 – O Príncipe, Machiavelli, Editora Escala, Tradução de Lívio Xavier.
Artigo publicado na Revista de Jurisprudência TRE do Paraná, Consultor Jurídico, Netlegis e outros...
Ursas, republicanas e feministas

Hillary Clinton ao lado de Barack Obama
Ursas, republicanas e feministas
Lucas Mendes
De Nova York para a BBC Brasil
2010 é o ano das "muié". Dizem lé em Minas e aqui também. No Brasil, ano da Dilma, e aqui, das republicanas conservadoras que agora são as novas feministas. Sarah Palin, pró-arma, pró-religião, pró-petróleo, anti-aborto, anti-gay, anti-Estado, é a nova feminista? Quem diz é Sarah Palin.
Sarah se refere às feministas republicanas como “Mamães Ursas”. Para quem já se sentia confuso com a identidade e os rumos do movimento feminista, como eu, agora se sente mais perdido do que nunca. A Dilma é ursa? É feminista? Por favor, esclareçam.
As mulheres paparam os homens nas eleições primárias americanas deste mês, em especial as republicanas conservadoras, com a benção da Sarah Palin e do Tea Party, o não-partido mais direitista no cenário político americano.
Duas republicanas milionárias ganharam eleições primárias na Califórnia para disputar o governo do Estado e o Senado. Meg Whitman, candidata a governadora, gastou US$ 80 milhões da própria bolsa. Carly Fiorina, que quase afundou a Hewlett- Packard quando dirigia a multinacional, também meteu a mão na bolsa e vai tentar tomar o emprego de outra milionária, a democrata Barbara Boxer, que já está há quase 18 anos no Senado.
Liberais cínicos não viram candidatos com ideias revolucionárias. Viram apenas mulheres que finalmente aprenderam a comprar votos, como os homens.
Nem todas que ganharam eleições foram republicanas conservadoras, mas elas foram maioria em quatro Estados.
Entre elas a mais ursa das ursas é Sharron Angle, de Nevada, que vai disputar com o mais influente democrata no Senado, o líder, Harry Reid. Ele está sufocado pela identificação com os programas de Obama, mas os liberais torcem por ela porque acham esta ursa indomável e inelegível.
Sharron Angle, 60 anos, avó de dez netos, votou tantas vezes "não" na Câmara Estadual de 42 deputados que os resultados das votações eram anunciados "41 a Angle". Ela é a Madame "No". A deputada quer tirar os Estados Unidos das Nações Unidas porque é "um reduto liberal e promove a farsa do aquecimento global", quer fechar o Ministério da Educação, privatizar a Previdência Social e a Assistência Médica estatal, jogar no lixo o código do imposto de renda e proibir uso de flúor na água . "Se não for na base do voto, então vai ser na base das armas". Este discurso é a grande esperança dos democratas.
Comparada com a ursa de Nevada, Nikki Haley é uma ursa de pelúcia, muito mais perigosa para os liberais porque ela deve se eleger. Nascida Nimrata Nikki Randhawa, uma indiana da religião sikh, é candidata a governadora da Carolina do Sul . Conseguiu 49% dos votos na primária de 1º de junho e esta semana vai disputar uma segunda eleição para conseguir superar os 50% para ser a candidata do partido.
Nikki agora além de sikh é metodista, casada com filhos, tem 38 anos, magra e bonita. Dois de seus ex-assessores anunciaram que dormiram com ela, mas as revelações não impediram sua vitória parcial na eleição. Disse que sempre foi fiel ao marido e, além de negar os affairs, prometeu que renunciará se as denúncias forem provadas, mas não processou. A numerosa lista de chamadas telefônicas entre ela e os supostos amantes nao foi suficiente para derrubar a candidatura dela.
A Carolina do Sul é um Estado estranho. Um veterano político local dizia que é muito pequeno para ser um país e muito grande para ser um hospício.
O Ano da Mulher nao é novidade na política americana. Em 84, quando Geraldine Ferraro foi a primeira mulher numa chapa presidencial, como vice de Walter Mondale, nove mulheres se candidataram ao Senado concorrendo com senadores no poder. Todas as nove perderam. 1992 também foi Ano da Mulher. Dez desafiaram senadores no poder, quatro ganharam. Grande progresso.
Com a benção da padroeira Palin, elas são a sensação deste ano eleitoral. Conservadoras, mães, esposas, mas não apenas donas de casa. Na marcha feminista as companheiras americanas avançam cada vez menos de mãos dadas. E no Brasil as mulheres estão com Dilma?
BBC Brasil
Ursas, republicanas e feministas
Lucas Mendes
De Nova York para a BBC Brasil
2010 é o ano das "muié". Dizem lé em Minas e aqui também. No Brasil, ano da Dilma, e aqui, das republicanas conservadoras que agora são as novas feministas. Sarah Palin, pró-arma, pró-religião, pró-petróleo, anti-aborto, anti-gay, anti-Estado, é a nova feminista? Quem diz é Sarah Palin.
Sarah se refere às feministas republicanas como “Mamães Ursas”. Para quem já se sentia confuso com a identidade e os rumos do movimento feminista, como eu, agora se sente mais perdido do que nunca. A Dilma é ursa? É feminista? Por favor, esclareçam.
As mulheres paparam os homens nas eleições primárias americanas deste mês, em especial as republicanas conservadoras, com a benção da Sarah Palin e do Tea Party, o não-partido mais direitista no cenário político americano.
Duas republicanas milionárias ganharam eleições primárias na Califórnia para disputar o governo do Estado e o Senado. Meg Whitman, candidata a governadora, gastou US$ 80 milhões da própria bolsa. Carly Fiorina, que quase afundou a Hewlett- Packard quando dirigia a multinacional, também meteu a mão na bolsa e vai tentar tomar o emprego de outra milionária, a democrata Barbara Boxer, que já está há quase 18 anos no Senado.
Liberais cínicos não viram candidatos com ideias revolucionárias. Viram apenas mulheres que finalmente aprenderam a comprar votos, como os homens.
Nem todas que ganharam eleições foram republicanas conservadoras, mas elas foram maioria em quatro Estados.
Entre elas a mais ursa das ursas é Sharron Angle, de Nevada, que vai disputar com o mais influente democrata no Senado, o líder, Harry Reid. Ele está sufocado pela identificação com os programas de Obama, mas os liberais torcem por ela porque acham esta ursa indomável e inelegível.
Sharron Angle, 60 anos, avó de dez netos, votou tantas vezes "não" na Câmara Estadual de 42 deputados que os resultados das votações eram anunciados "41 a Angle". Ela é a Madame "No". A deputada quer tirar os Estados Unidos das Nações Unidas porque é "um reduto liberal e promove a farsa do aquecimento global", quer fechar o Ministério da Educação, privatizar a Previdência Social e a Assistência Médica estatal, jogar no lixo o código do imposto de renda e proibir uso de flúor na água . "Se não for na base do voto, então vai ser na base das armas". Este discurso é a grande esperança dos democratas.
Comparada com a ursa de Nevada, Nikki Haley é uma ursa de pelúcia, muito mais perigosa para os liberais porque ela deve se eleger. Nascida Nimrata Nikki Randhawa, uma indiana da religião sikh, é candidata a governadora da Carolina do Sul . Conseguiu 49% dos votos na primária de 1º de junho e esta semana vai disputar uma segunda eleição para conseguir superar os 50% para ser a candidata do partido.
Nikki agora além de sikh é metodista, casada com filhos, tem 38 anos, magra e bonita. Dois de seus ex-assessores anunciaram que dormiram com ela, mas as revelações não impediram sua vitória parcial na eleição. Disse que sempre foi fiel ao marido e, além de negar os affairs, prometeu que renunciará se as denúncias forem provadas, mas não processou. A numerosa lista de chamadas telefônicas entre ela e os supostos amantes nao foi suficiente para derrubar a candidatura dela.
A Carolina do Sul é um Estado estranho. Um veterano político local dizia que é muito pequeno para ser um país e muito grande para ser um hospício.
O Ano da Mulher nao é novidade na política americana. Em 84, quando Geraldine Ferraro foi a primeira mulher numa chapa presidencial, como vice de Walter Mondale, nove mulheres se candidataram ao Senado concorrendo com senadores no poder. Todas as nove perderam. 1992 também foi Ano da Mulher. Dez desafiaram senadores no poder, quatro ganharam. Grande progresso.
Com a benção da padroeira Palin, elas são a sensação deste ano eleitoral. Conservadoras, mães, esposas, mas não apenas donas de casa. Na marcha feminista as companheiras americanas avançam cada vez menos de mãos dadas. E no Brasil as mulheres estão com Dilma?
BBC Brasil
quarta-feira, 16 de junho de 2010
A dança de Lula com os déspotas

A dança de Lula com os déspotas
Artigo do The Wall Street Journal afirma que o Brasil pode estar ganhando algum respeito no front da economia e da política monetária, mas, quando se trata da liderança geopolítica, o presidente só mostra desprezo pelas democracias.
Mary Anastassia O'Grady, do The Wall Street Journal - 14/6/2010 - 22h08
Desde que fomos expulsos do Éden, o Brasil sonha tornar-se um país sério e um protagonista no cenário mundial. Agora, quando este sonho eterno estava se tornando uma realidade, Lula consegue fazer de uma vitória uma derrota. O Brasil pode estar ganhando algum respeito no front da economia e da política monetária, mas, quando se trata da liderança geopolítica, o presidente está fazendo um esforço adicional para preservar a imagem de um país ressentido, um cachorrinho ranheta do Terceiro Mundo [Third-World ankle-biter].
O mais recente exemplo de como o Brasil ainda não está pronto para figurar no horário nobre dos círculos internacionais se deu na semana passada, quando votou contra as sanções ao Irã no Conselho de Segurança da ONU. A Turquia foi a única parceira do Brasil neste constrangedor exercício. Mas a Turquia pode ao menos usar como desculpa suas raízes muçulmanas. Lula está levando a reputação do Brasil para o brejo.
O Brasil defendeu seu voto argumentando que “as sanções muito provavelmente levarão sofrimento ao povo do Irã e conduzirão o processo às mãos daqueles que, dos dois lados [da disputa], não querem que o diálogo prevaleça. É um argumento sem nada dentro. As sanções não têm como alvo os civis, mas as ambições nucleares do Irã e seu programa de mísseis. Quanto ao diálogo, é óbvio que, agora, o presidente Mahmoud Ahmadinejad precisa é de um pouco menos de conversa.
Se o Brasil considerou seu voto uma posição de princípio em defesa do que considera justo, é certo que mudou depressa. Depois de ter feito estardalhaço com as sanções, rapidamente anunciou que vai honrá-las. Isso sugere que pode ter avaliado a possibilidade de sair aos poucos de sua política externa lunática.
O Partido dos Trabalhadores de Lula é de esquerda, mas não se deve confundir Lula com um aplicado bolchevique. Ele é simplesmente um político esperto, que veio do povo e ama o poder e o luxo. Como primeiro presidente brasileiro do Partido dos Trabalhadores, ele teve de equilibrar as coisas úteis que aprendeu sobre os mercados e as restrições monetárias com a ideologia de sua base de apoio.
Sua resposta para esse dilema tem sido usar a Ministério das Relações Exteriores — onde uma burocracia geneticamente tendente à esquerda é conduzida por Celso Amorim, um intelectual notoriamente antiamericano e anticapitalista — para lustrar suas credenciais esquerdistas. Essa amizade com os “não-alinhados” tem servido de justificativa para manter os ideólogos coletivistas fora da economia.
Mas a reputação do Brasil como um líder das economias emergentes sofreu enormemente. Para satisfazer a esquerda, Lula tem sido chamado a defender e exaltar os seus [da esquerda] heróis, que são alguns dos mais notórios violadores dos direitos humanos do planeta.
Uma análise de seus dois mandatos revela uma tendência para defender déspotas e desprezar democratas. O repressivo governo do Irã é apenas o caso mais recente. Há também o apoio incondicional de Lula à ditadura de Cuba e à Venezuela de Hugo Chávez. Em fevereiro, Cuba permitiu que o dissidente político Orlando Zapata morresse de fome, na mesma semana em que Lula chegou à ilha de escravos para puxar o saco dos irmãos Castro. Quando indagado pela imprensa sobre Zapata, Lula desqualificou sua morte como maius uma das muitas greves de fome que o mundo ignorou. Ele certamente nunca ouviu falar do militante irlandês Bobby Sands.
Lula também ficou ao lado de Hugo Chávez quando este destruiu as instituições democráticas em seu país e colaborou com o tráfico de drogas das Farc. Um Brasil maduro teria usado sua influência para fazer recuar o terrorismo de estado. Porém, na política de custo-benefício de Lula, as vítimas das Farc não contam.
Honduras não teve melhor sorte na era Lula. O Brasil passou boa parte do ano passado tentando forçar aquele país a reempossar o deposto presidente Manuel Zelaua, apear de ele ele ter sido removido do poder pelos civis por ter violado a Constituição. As ações brasileiras, incluindo o abrigo a Zelaya na embaixada brasileira por meses, criou imensas dificuldades econômicas para os hondurenhos.
Na semana passada, Hillary Clinton, secretária de Estado dos EUA, conclamou à volta de Honduras à Organização dos Estados Americanos (OEA), observando que o país realizou eleições e voltou à normalidade. O Brasil objetou. “A volta de Honduras à OEA tem de estar ligada a questões como democratização e restabelecimento de direitos fundamentais”, disse Antonio de Aguiar Patriota, braço-direito do ministro das Relações Exteriores. Uma questão ao Brasil: estaria ele se referindo a Cuba?
O Brasil vai realizar eleições presidenciais em outubro, e, apesar da popularidade com que Lula vai deixar o poder, não é garantido que a candidata do Partido dos Trabalhadores vá sucedê-lo. Então Lula está oferecendo sangue [red meat] à base partidária ao pegar na mão de Arhmadinejad e votar contra o Tio Sam.
Vai funcionar? Em grande parte vai depender se os que o vêem como aquele que levou o Brasil a desperdiçar uma grande chance estarão em maior número do que os que apóiam a sua dança com os déspotas. Como advertiu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a política de Lula leva o Brasil a ficar mudando de lado, mas não está claro se os brasileiros estão de acordo.
Diário do Comércio
Uma pessoa que não tem medo diante de ameaças e que não sente indignação está mais vulnerável ao comportamento corrupto.

Uma pessoa que não tem medo diante de ameaças e que não sente indignação está mais vulnerável ao comportamento corrupto.
A hipótese, baseada na análise de imagens do cérebro captadas por meio de ressonâncias magnéticas funcionais e em exames que detectam as descargas de adrenalina do sistema nervoso, foi apresentada hoje no congresso Cérebro, Comportamento e Emoções, em Gramado, pelo neurologista André Palmini, da PUC do Rio Grande do Sul.
Palmini explicou que há um senso de justiça presente no cérebro de quase todas as pessoas. Quando presenciamos a justiça sendo feita, sentimos uma identificação com isso, uma empatia. Se vemos uma injustiça, sentimos nojo. "Quando sentimos nojo, ativamos a ínsula, região do cérebro essencial para o comportamento moral", disse o médico. Daí vem a sensação de indignação que normalmente surge diante da corrupção. Mas, como cada cérebro é diferente, há quem tenha reações diferentes.
De acordo com as pesquisas citadas pelo médico, é possível observar as conexões entre as regiões morais do cérebro: o cíngulo anterior e a ínsula. Assim como cada região do cérebro tem funções específicas, essas conexões também desempenham seus próprios papéis.
Nesses estudos, foram aplicadas escalas para medir o nível de empatia das pessoas em relação à sociedade. Quanto menor a conexão entre essas duas regiões emocionais e morais do cérebro, menor a capacidade que o indivíduo tem de funcionar socialmente. Em pessoas com conexões mais fortes, havia maior capacidade de indignação e entendimento da moral.
"O status dessas redes neurais influenciam a maneira como valorizamos os estímulos do ambiente. Isso varia muito entre as pessoas e é a base de como sentimos o mundo e como tomamos decisões", disse Palmini.
Em outro estudo, que media a reação de adrenalina em pessoas submetidas a situações de estresse, por meio da condutividade elétrica da pele, algumas não reagiam às ameaças. De acordo com o neurologista, isso indica que elas eram insensíveis. "Essa condição leva à tomada de decisão inadequada, porque a pessoa fica vulnerável a correr riscos desnecessários."
Crianças que apresentaram essa falta de reação aos três anos não respondiam a punições verbais. Aos oito, elas já tinham comportamentos agressivos. Elas não eram sensíveis ao meio, não mobilizavam seu "cérebro emocional".
"Quem não se condicionava, não tinha medo, tinha mais risco de cometer crimes mais tarde, aos 20 anos", afirmou Palmini.
Um cérebro que amadurece nessas condições fica mais predisposto a ter uma personalidade psicopata, segundo o médico. A ausência do medo da punição facilita o comportamento corrupto, aliada aos fatores ambientais, como a oportunidade de cometer delitos.
CORRUPTOS LESADOS
O pesquisador Antoine Bechara, da Universidade de Iowa, também apresentou sua explicação para esses comportamentos desviantes.
A ausência de moral do corrupto, segundo Bechara, é similar àquela apresentada pelos psicopatas, que não se preocupam com o outro. "Em pessoas normais, os valores morais e os riscos são ligados. Não há por que violar as regras", disse o neurologista.
O pesquisador afirma que há duas explicações para o cérebro corrupto. Ou há uma lesão cerebral, por motivos genéticos ou traumas sofridos na infância, ou a pessoa não tem lesão alguma, mas cresceu em um ambiente onde a corrupção não é punida.
O primeiro grupo não tem como aprender a diferenciar certo e errado, mesmo que sofra punições. Já o segundo pode conseguir se ajustar, se houver mudanças no ambiente.
De acordo com Bechara, pessoas com anormalidades no córtex pré-frontal repetem os erros, ainda que tenham uma alta capacidade intelectual. "Elas podem até ser mais bem sucedidas do que as pessoas normais, dependendo do meio em que atuam", disse o neurologista.
Ele explica suas conclusões por meio de um teste de jogo chamado Iowa Gambling Test. Nesse exame, são exibidas quatro possibilidades de aposta para o voluntário. Um par dá mais ganhos imediatos, mas leva a perdas maiores a longo prazo. O outro dá menos benefícios imediatos, mas resulta em um ganho grande no final.
Pessoas sem lesões cerebrais, em geral, sabem escolher a opção mais vantajosa a longo prazo. Quando há a lesão no córtex frontal, a pessoa erra mesmo quando já sabe qual é a melhor escolha. "Ainda que elas tenham uma reação negativa em relação à perda, não temem essa punição na hora de tomar a decisão", explicou Bechara.
Além de serem destemidas, essas pessoas não julgam moralmente os outros. Em testes que apresentam aos voluntários uma história de tentativa de homicídio que não dá certo, os normais acham isso um crime. As pessoas com lesão se mostram mais permissivas.
O curioso, segundo o neurologista, é que há pessoas normais que se comportam como se tivessem a lesão cerebral. Talvez, disse ele, elas tenham algum problema cerebral indetectável em exames. "Essas pessoas também são vulneráveis a comportamentos antissociais como a corrupção."
Ao final, Bechara lembrou que os psicopatas não são só os assassinos. "Eles estão na sociedade. Podem ser empresários, políticos, pessoas que não cometem crimes violentos, mas que exploram os outros, são imorais, usam cargos públicos para enriquecer e prejudicar os outros. Está na hora de revisitar as causas cerebrais para estudar o comportamento corrupto."
Folha on line
A hipótese, baseada na análise de imagens do cérebro captadas por meio de ressonâncias magnéticas funcionais e em exames que detectam as descargas de adrenalina do sistema nervoso, foi apresentada hoje no congresso Cérebro, Comportamento e Emoções, em Gramado, pelo neurologista André Palmini, da PUC do Rio Grande do Sul.
Palmini explicou que há um senso de justiça presente no cérebro de quase todas as pessoas. Quando presenciamos a justiça sendo feita, sentimos uma identificação com isso, uma empatia. Se vemos uma injustiça, sentimos nojo. "Quando sentimos nojo, ativamos a ínsula, região do cérebro essencial para o comportamento moral", disse o médico. Daí vem a sensação de indignação que normalmente surge diante da corrupção. Mas, como cada cérebro é diferente, há quem tenha reações diferentes.
De acordo com as pesquisas citadas pelo médico, é possível observar as conexões entre as regiões morais do cérebro: o cíngulo anterior e a ínsula. Assim como cada região do cérebro tem funções específicas, essas conexões também desempenham seus próprios papéis.
Nesses estudos, foram aplicadas escalas para medir o nível de empatia das pessoas em relação à sociedade. Quanto menor a conexão entre essas duas regiões emocionais e morais do cérebro, menor a capacidade que o indivíduo tem de funcionar socialmente. Em pessoas com conexões mais fortes, havia maior capacidade de indignação e entendimento da moral.
"O status dessas redes neurais influenciam a maneira como valorizamos os estímulos do ambiente. Isso varia muito entre as pessoas e é a base de como sentimos o mundo e como tomamos decisões", disse Palmini.
Em outro estudo, que media a reação de adrenalina em pessoas submetidas a situações de estresse, por meio da condutividade elétrica da pele, algumas não reagiam às ameaças. De acordo com o neurologista, isso indica que elas eram insensíveis. "Essa condição leva à tomada de decisão inadequada, porque a pessoa fica vulnerável a correr riscos desnecessários."
Crianças que apresentaram essa falta de reação aos três anos não respondiam a punições verbais. Aos oito, elas já tinham comportamentos agressivos. Elas não eram sensíveis ao meio, não mobilizavam seu "cérebro emocional".
"Quem não se condicionava, não tinha medo, tinha mais risco de cometer crimes mais tarde, aos 20 anos", afirmou Palmini.
Um cérebro que amadurece nessas condições fica mais predisposto a ter uma personalidade psicopata, segundo o médico. A ausência do medo da punição facilita o comportamento corrupto, aliada aos fatores ambientais, como a oportunidade de cometer delitos.
CORRUPTOS LESADOS
O pesquisador Antoine Bechara, da Universidade de Iowa, também apresentou sua explicação para esses comportamentos desviantes.
A ausência de moral do corrupto, segundo Bechara, é similar àquela apresentada pelos psicopatas, que não se preocupam com o outro. "Em pessoas normais, os valores morais e os riscos são ligados. Não há por que violar as regras", disse o neurologista.
O pesquisador afirma que há duas explicações para o cérebro corrupto. Ou há uma lesão cerebral, por motivos genéticos ou traumas sofridos na infância, ou a pessoa não tem lesão alguma, mas cresceu em um ambiente onde a corrupção não é punida.
O primeiro grupo não tem como aprender a diferenciar certo e errado, mesmo que sofra punições. Já o segundo pode conseguir se ajustar, se houver mudanças no ambiente.
De acordo com Bechara, pessoas com anormalidades no córtex pré-frontal repetem os erros, ainda que tenham uma alta capacidade intelectual. "Elas podem até ser mais bem sucedidas do que as pessoas normais, dependendo do meio em que atuam", disse o neurologista.
Ele explica suas conclusões por meio de um teste de jogo chamado Iowa Gambling Test. Nesse exame, são exibidas quatro possibilidades de aposta para o voluntário. Um par dá mais ganhos imediatos, mas leva a perdas maiores a longo prazo. O outro dá menos benefícios imediatos, mas resulta em um ganho grande no final.
Pessoas sem lesões cerebrais, em geral, sabem escolher a opção mais vantajosa a longo prazo. Quando há a lesão no córtex frontal, a pessoa erra mesmo quando já sabe qual é a melhor escolha. "Ainda que elas tenham uma reação negativa em relação à perda, não temem essa punição na hora de tomar a decisão", explicou Bechara.
Além de serem destemidas, essas pessoas não julgam moralmente os outros. Em testes que apresentam aos voluntários uma história de tentativa de homicídio que não dá certo, os normais acham isso um crime. As pessoas com lesão se mostram mais permissivas.
O curioso, segundo o neurologista, é que há pessoas normais que se comportam como se tivessem a lesão cerebral. Talvez, disse ele, elas tenham algum problema cerebral indetectável em exames. "Essas pessoas também são vulneráveis a comportamentos antissociais como a corrupção."
Ao final, Bechara lembrou que os psicopatas não são só os assassinos. "Eles estão na sociedade. Podem ser empresários, políticos, pessoas que não cometem crimes violentos, mas que exploram os outros, são imorais, usam cargos públicos para enriquecer e prejudicar os outros. Está na hora de revisitar as causas cerebrais para estudar o comportamento corrupto."
Folha on line
segunda-feira, 14 de junho de 2010
Mitos políticos do Brasil

Mitos políticos do Brasil
Publicado por João Mellão
Não há nada mais tedioso do que assistir a discursos políticos no Brasil. Invariavelmente, da mais revolucionária esquerda a mais reacionária direita, todos eles são calcados em princípios morais e éticos que, devidamente decodificados, em nada diferem da doutrina religiosa católica, em seus anjos e demônios, pecados e virtudes, infernos e paraísos. É compreensível que assim seja. A razão e sim o coração. Este só é atingido através dos mitos. E a mitologia disponível, de circulação livre e consensual, é justamente aquela que a Igreja nos ensinou.
As variações são muitas, os temas sempre os mesmos. A partir de uma análise superficial, poder-se-iam identificar ao menos os principais: “A luta do Bem contra o Mal”, “O Paraíso Perdido”, “Terra Prometida”, “A Volta do Messias”, “O Milagre da Multiplicação” e “O Povo Escolhido”.
A luta do bem contra o mal está presente no discurso de todos os partidos. Cada um arvora para si o monopólio da virtude, das boas intenções e da verdade. Os demais, ou são maculados (“seu passado desautoriza suas propostas”), ou agem de má-fé (“sua pregação é bela mas não é sincera”, ou estão simplesmente equivocados(“uma vez que Deus revelou a Verdade apenas a nós”). O “O Bem vencerá!”, pregam todos aos quatro ventos. O Bem, obviamente, possui uma única concessionária autorizada, que somos “nós”.
O “Paraíso Perdido” não falta em nenhuma preleção. O passado era melhor. Bons tempos aqueles em que cada um de nós tinha uma identidade própria, uma renda compatível com nossas necessidades, uma família bem estruturada, uma bela casa cercada de verde, uma vida totalmente feliz…. Apesar de todos nós acreditarmos piamente nisso, a comprovação desse fato é bastante duvidosa. Do passado guardamos apenas as boas lembranças. Na verdade nem nós éramos tão inocentes, nem a vida era tão feliz. A mortalidade infantil era múltiplas vezes maior do que hoje e a expectativa de vida era imensamente menor, não havia os confortos do mundo moderno, o trabalho era maus árduo… mas afinal, quem se lembra disso?
Perdemos o Paraíso, mas podemos voltar a ele! A “Terra prometida” existe, chame-se ela Cuba, Albânia, Alemanha ou Austrália. Há um mundo melhor, um horizonte perdido onde homens são livres, iguais e fraternos. Confiem em nós e os levaremos até lá. Em Canaã, em se plantando tudo dá. Os “sem-terra” terão terra, os “sem-teto” terão casa, os “sem-esposa” se casarão. Em Pasárgada, todos nós seremos amigos do Rei. E o monarca será um homem justo, ético, correto e amigo do povo.
Infelizmente, porém, nem todos caberão no paraíso. Ele é um privilégio do “Povo Escolhido”. Existe no mundo uma maioria de gente boa, pura altruísta e uma minoria de gente má, pecadora e egoísta. Os bons somos nós: eu, você, nossos amigos. Trabalhamos duro, honestamente, mas nunca crescemos porque uma minoria mal-intencionada faz de tudo para estragar a nossa sociedade. Quem é ela? Isso varia, conforme a ideologia; para as esquerdas é a burguesia, para as direitas são os comunistas, para os liberais são os burocratas, para os nazistas são os judeus. Temos que expulsar os mercadores do templo, extirpar o câncer que ameaça o corpo, a maçã podre que compromete o cesto! O mundo, sem os mais, os impuros, os infiéis, será, sem dúvida, melhor!
Os governantes alegam que não podem resolver nossos problemas porque não tem recursos. Mentira! Os recursos existem só que são mal aplicados. O sangue da plebe é sugado para alimentar o festim dos fariseus. O “Milagre da Multiplicação” seja de pães, creches, terra ou salário, é possível. Confie em nós! Só nós sabemos como fazê-lo!
Tudo isso é belo, mas quem liderará a transição, quem abrirá as águas do Mar Vermelho, quem nos guiará até a terra prometida? Nós lhe trazemos a boa nova! O Messias voltou! Um homem (ou mulher) sem pecados, justo, honesto, bom. Seu nome está escrito nas estrelas. Ele veio para redimir os pecados do mundo. Acredite, confie, tenha fé! Inscreva, em seu voto, o nome do salvador!
Este é em resumo, o discurso político praticado no Brasil. Analisemos o “evangelho” de cada um dos presidenciáveis. Decodifiquemos a retórica de cada um dos partidos políticos. Com maior ou menor paixão, em doses variáveis de ódio e rancor, recheado ou não de “embasamento” estatístico, científico ou histórico, este é o teor da totalidade das teses e propostas políticas apresentadas ao nosso povo.
Eu também, intimamente, aguardo um Messias. Só que ele, para me seduzir, terá de dizer coisas muito diferentes. Terá de reconhecer que o passado não foi nenhuma maravilha e que o futuro só será bom se todos suarem o rosto para isso. Haverá de ter a coragem de dizer que o mundo não se divide entre bons e maus, uma vez que cada um, legitimamente, luta apenas pelos seus interesses. Terá de proclamar que o “povo escolhido” é unicamente aquele que se escolhe. Haverá de reconhecer que os recursos realmente não existem; que os pães não se multiplicam por milagre, apenas se somam através do trabalho duro de cada um de nós. Não busco um salvador. No dia em que tivermos um governante sincero, racional e decente, todos nós poderemos nos salvar por conta própria.
Artigo publicado no jornal “O Estado de São Paulo” em abril de 1989.
Publicado por João Mellão
Não há nada mais tedioso do que assistir a discursos políticos no Brasil. Invariavelmente, da mais revolucionária esquerda a mais reacionária direita, todos eles são calcados em princípios morais e éticos que, devidamente decodificados, em nada diferem da doutrina religiosa católica, em seus anjos e demônios, pecados e virtudes, infernos e paraísos. É compreensível que assim seja. A razão e sim o coração. Este só é atingido através dos mitos. E a mitologia disponível, de circulação livre e consensual, é justamente aquela que a Igreja nos ensinou.
As variações são muitas, os temas sempre os mesmos. A partir de uma análise superficial, poder-se-iam identificar ao menos os principais: “A luta do Bem contra o Mal”, “O Paraíso Perdido”, “Terra Prometida”, “A Volta do Messias”, “O Milagre da Multiplicação” e “O Povo Escolhido”.
A luta do bem contra o mal está presente no discurso de todos os partidos. Cada um arvora para si o monopólio da virtude, das boas intenções e da verdade. Os demais, ou são maculados (“seu passado desautoriza suas propostas”), ou agem de má-fé (“sua pregação é bela mas não é sincera”, ou estão simplesmente equivocados(“uma vez que Deus revelou a Verdade apenas a nós”). O “O Bem vencerá!”, pregam todos aos quatro ventos. O Bem, obviamente, possui uma única concessionária autorizada, que somos “nós”.
O “Paraíso Perdido” não falta em nenhuma preleção. O passado era melhor. Bons tempos aqueles em que cada um de nós tinha uma identidade própria, uma renda compatível com nossas necessidades, uma família bem estruturada, uma bela casa cercada de verde, uma vida totalmente feliz…. Apesar de todos nós acreditarmos piamente nisso, a comprovação desse fato é bastante duvidosa. Do passado guardamos apenas as boas lembranças. Na verdade nem nós éramos tão inocentes, nem a vida era tão feliz. A mortalidade infantil era múltiplas vezes maior do que hoje e a expectativa de vida era imensamente menor, não havia os confortos do mundo moderno, o trabalho era maus árduo… mas afinal, quem se lembra disso?
Perdemos o Paraíso, mas podemos voltar a ele! A “Terra prometida” existe, chame-se ela Cuba, Albânia, Alemanha ou Austrália. Há um mundo melhor, um horizonte perdido onde homens são livres, iguais e fraternos. Confiem em nós e os levaremos até lá. Em Canaã, em se plantando tudo dá. Os “sem-terra” terão terra, os “sem-teto” terão casa, os “sem-esposa” se casarão. Em Pasárgada, todos nós seremos amigos do Rei. E o monarca será um homem justo, ético, correto e amigo do povo.
Infelizmente, porém, nem todos caberão no paraíso. Ele é um privilégio do “Povo Escolhido”. Existe no mundo uma maioria de gente boa, pura altruísta e uma minoria de gente má, pecadora e egoísta. Os bons somos nós: eu, você, nossos amigos. Trabalhamos duro, honestamente, mas nunca crescemos porque uma minoria mal-intencionada faz de tudo para estragar a nossa sociedade. Quem é ela? Isso varia, conforme a ideologia; para as esquerdas é a burguesia, para as direitas são os comunistas, para os liberais são os burocratas, para os nazistas são os judeus. Temos que expulsar os mercadores do templo, extirpar o câncer que ameaça o corpo, a maçã podre que compromete o cesto! O mundo, sem os mais, os impuros, os infiéis, será, sem dúvida, melhor!
Os governantes alegam que não podem resolver nossos problemas porque não tem recursos. Mentira! Os recursos existem só que são mal aplicados. O sangue da plebe é sugado para alimentar o festim dos fariseus. O “Milagre da Multiplicação” seja de pães, creches, terra ou salário, é possível. Confie em nós! Só nós sabemos como fazê-lo!
Tudo isso é belo, mas quem liderará a transição, quem abrirá as águas do Mar Vermelho, quem nos guiará até a terra prometida? Nós lhe trazemos a boa nova! O Messias voltou! Um homem (ou mulher) sem pecados, justo, honesto, bom. Seu nome está escrito nas estrelas. Ele veio para redimir os pecados do mundo. Acredite, confie, tenha fé! Inscreva, em seu voto, o nome do salvador!
Este é em resumo, o discurso político praticado no Brasil. Analisemos o “evangelho” de cada um dos presidenciáveis. Decodifiquemos a retórica de cada um dos partidos políticos. Com maior ou menor paixão, em doses variáveis de ódio e rancor, recheado ou não de “embasamento” estatístico, científico ou histórico, este é o teor da totalidade das teses e propostas políticas apresentadas ao nosso povo.
Eu também, intimamente, aguardo um Messias. Só que ele, para me seduzir, terá de dizer coisas muito diferentes. Terá de reconhecer que o passado não foi nenhuma maravilha e que o futuro só será bom se todos suarem o rosto para isso. Haverá de ter a coragem de dizer que o mundo não se divide entre bons e maus, uma vez que cada um, legitimamente, luta apenas pelos seus interesses. Terá de proclamar que o “povo escolhido” é unicamente aquele que se escolhe. Haverá de reconhecer que os recursos realmente não existem; que os pães não se multiplicam por milagre, apenas se somam através do trabalho duro de cada um de nós. Não busco um salvador. No dia em que tivermos um governante sincero, racional e decente, todos nós poderemos nos salvar por conta própria.
Artigo publicado no jornal “O Estado de São Paulo” em abril de 1989.
sábado, 12 de junho de 2010
Em convenção "morna", PMDB oficializa Temer como vice de Dilma

Em convenção "morna", PMDB oficializa Temer como vice de DilmaRANIER BRAGON
VALDO CRUZ
FÁBIO AMATO
DE BRASÍLIA
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Em uma convenção que destoou do histórico de confrontos físicos e jurídicos de ocasiões anteriores, o PMDB oficializou na tarde deste sábado, por ampla margem, o nome do deputado federal Michel Temer (SP) para a vice na chapa presidencial de Dilma Rousseff (PT).
Ao todo, 473 peemedebistas votaram na convenção nacional do partido, sendo que 560 votos aprovaram a indicação de Temer (84% do total). A candidatura própria, do ex-governador Roberto Requião (PR), recebeu apenas 95 votos. A do jornalista Antonio Pedreira, 4. A diferença ocorre porque, a depender da função, o voto de alguns peemedebistas vale mais do que 1.
Ladeado por José Sarney (AP), Renan Calheiros (AL) e Jader Barbalho (PA), Temer, que é presidente da Câmara dos Deputados e presidente do partido, afirmou em discurso, antes do resultado, que o PMDB não será "coadjuvante", mas "ator principal" em caso de vitória.
"O PMDB não será coadjuvante, será protagonista, ator principal. o PMDB não vai chegar apenas com a vice-presidência, porque atrás do PMDB está o maior exército político eleitoral do país", disse o peemedebista.
Renan e Jader já foram obrigados, no passado, a renunciar à presidência do Senado diante de suspeitas de irregularidades, enquanto Sarney resistiu no cargo em meio a uma grave crise em 2009.
É a primeira vez que PT e PMDB se coligam para uma disputa presidencial. A aliança proporcionará a Dilma o maior tempo na propaganda de rádio e TV, que começa na segunda quinzena de agosto.
Apesar do resultado, Temer expressou sua contrariedade a aliados porque pretendia ter sido aclamado --o que não ocorreu pelos pleitos de Requião e Pedreira. O ex-governador do Paraná deixou a convenção pouco antes de Temer chegar, bem antes do anúncio do resultado. "O partido está cabresteado", havia reclamado, em sua fala. O encontro ocorreu no centro de convenções Ulysses Guimarães, na região central de Brasília.
Nos anos anteriores, o PMDB se caracterizou por um forte racha, o que se evidenciava em convenções tensas, marcadas por batalhas judiciais e trocas de sopapos e cadeiradas durante os encontros. Neste ano, entretanto, a ala divergente ficou restrita, principalmente, a Requião e aos grupos dos ex-governadores Orestes Quércia (SP) e Jarbas Vasconcelos (PE).
Folha on line
VALDO CRUZ
FÁBIO AMATO
DE BRASÍLIA
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Em uma convenção que destoou do histórico de confrontos físicos e jurídicos de ocasiões anteriores, o PMDB oficializou na tarde deste sábado, por ampla margem, o nome do deputado federal Michel Temer (SP) para a vice na chapa presidencial de Dilma Rousseff (PT).
Ao todo, 473 peemedebistas votaram na convenção nacional do partido, sendo que 560 votos aprovaram a indicação de Temer (84% do total). A candidatura própria, do ex-governador Roberto Requião (PR), recebeu apenas 95 votos. A do jornalista Antonio Pedreira, 4. A diferença ocorre porque, a depender da função, o voto de alguns peemedebistas vale mais do que 1.
Ladeado por José Sarney (AP), Renan Calheiros (AL) e Jader Barbalho (PA), Temer, que é presidente da Câmara dos Deputados e presidente do partido, afirmou em discurso, antes do resultado, que o PMDB não será "coadjuvante", mas "ator principal" em caso de vitória.
"O PMDB não será coadjuvante, será protagonista, ator principal. o PMDB não vai chegar apenas com a vice-presidência, porque atrás do PMDB está o maior exército político eleitoral do país", disse o peemedebista.
Renan e Jader já foram obrigados, no passado, a renunciar à presidência do Senado diante de suspeitas de irregularidades, enquanto Sarney resistiu no cargo em meio a uma grave crise em 2009.
É a primeira vez que PT e PMDB se coligam para uma disputa presidencial. A aliança proporcionará a Dilma o maior tempo na propaganda de rádio e TV, que começa na segunda quinzena de agosto.
Apesar do resultado, Temer expressou sua contrariedade a aliados porque pretendia ter sido aclamado --o que não ocorreu pelos pleitos de Requião e Pedreira. O ex-governador do Paraná deixou a convenção pouco antes de Temer chegar, bem antes do anúncio do resultado. "O partido está cabresteado", havia reclamado, em sua fala. O encontro ocorreu no centro de convenções Ulysses Guimarães, na região central de Brasília.
Nos anos anteriores, o PMDB se caracterizou por um forte racha, o que se evidenciava em convenções tensas, marcadas por batalhas judiciais e trocas de sopapos e cadeiradas durante os encontros. Neste ano, entretanto, a ala divergente ficou restrita, principalmente, a Requião e aos grupos dos ex-governadores Orestes Quércia (SP) e Jarbas Vasconcelos (PE).
Folha on line
José Serra oficializou sua candidatura à Presidência da República em evento em Salvador

José Serra oficializou sua candidatura à Presidência da República em evento em Salvador. 12/06/2010
REUTERS/Ricardo Moraes
Serra abre mão de discurso conciliatório, ataca governo
sábado, 12 de junho de 2010 15:
REUTERS/Ricardo Moraes
Serra abre mão de discurso conciliatório, ataca governo
sábado, 12 de junho de 2010 15:
Carmen Munari e Natuza Nery
SALVADOR (Reuters) - No dia em que oficializou sua candidatura à Presidência da República, José Serra (PSDB), fez o discurso mais duro contra o governo desde que se colocou na disputa deste ano. O tucano apontou corrupção no Executivo federal, atacou o loteamento político de cargos e se utilizou do escândalo do mensalão do PT.
José Serra, de 68 anos, abriu mão neste sábado do discurso conciliatório que vinha empreendendo ao longo da pré-campanha.
O anúncio de sua candidatura marca a largada de uma difícil corrida eleitoral, na qual ele aparece empatado com a candidata do PT, Dilma Rousseff depois de cair nas pesquisas.
"Não tenho esquemas, não tenho máquinas oficiais, não tenho patotas corporativas, não tenho padrinhos, não tenho esquadrões de militantes pagos com dinheiro público. Tenho apenas a minha história de vida, minha biografia e minhas idéias", disse no discurso para 5 mil pessoas, segundo a organização
Foram críticas reiteradas, mas sem citar uma só vez o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, muito popular na Bahia, local do evento. A única ocasião em que chegou perto disso foi quando se referiu aos "luíses" que acreditam personificar o Estado.
"O tempo dos chefes de governo que acreditavam personificar o Estado ficou pra trás há mais de 300 anos. Luís 14 achava que o Estado era ele. Nas democracias e no Brasil, não há lugar para luíses assim," acusou.
Também houve referências à sua experiência eleitoral em que disse ser conhecido pela população brasileira. Serra foi eleito em cinco das oito eleições que disputou, enquanto Dilma nunca disputou uma eleição. Ele perdeu para Lula em 2002.
"Não comecei ontem e não caí de paraquedas. Apresentei-me ao povo brasileiro, fui votado, exerci cargos, me submeti ao julgamento da população, fui aprovado e votado de novo. Assim foi em cada degrau, em cada etapa da minha vida", alfinetou.
"Isso demonstra meu respeito pela vontade popular. 80 milhões de votos ao longo da vida pública, 80 milhões de vezes brasileiros me disseram sim, siga em frente que nós te apoiamos."
Essa foi uma das raras vezes nesta campanha em que o candidato usa o escândalo do mensalão para atingir o PT. Ao seu lado, no palanque, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, aplaudia Serra. Ele foi o autor da denúncia do suposto esquema de compra de apoio parlamentar pelo PT no primeiro mandato de Lula.
"Acredito no Congresso Nacional como a principal arena do debate e do entendimento político, da negociação responsável sobre as novas leis, e não como arena de mensalões, compra de votos e de silêncios."
Da tribuna, Serra também fez críticas à atuação internacional de Lula, num momento em que o Brasil aumenta sua relação com o Irã, país alvo de sanções econômicas da ONU por seu programa nuclear, e segue apoiando o governo cubano.
"Eu acredito nos direitos humanos, dentro do Brasil e no mundo. Não fica bem elogiar continuamente ditadores de todos os cantos do planeta."
SEM VICE
José Serra deu a largada oficial de sua campanha sem ter a seu lado um companheiro de chapa.
O ex-governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), era o nome mais desejado no partido, mas recusou o convite.
A campanha enfrenta dificuldades para encontrar um nome enquanto o Democratas reivindica o direito à indicação, após o mensalão do partido em Brasília. O nome deve ser anunciado por volta do dia 20, desde que costuras locais no Paraná e em outros Estados se resolvam.
Aécio fez um discurso inflamado, tentado espantar as avaliações de que não se engajaria na campanha do correligionário, após ter sido derrotado na disputa interna pela indicação do PSDB para disputar a presidência.
"O Brasil não foi uma construção solitária, de um messias ou de um grupo partidário. Cada um colocou seu tijolo nessa construção...queremos um líder e não apenas o reflexo de um líder", disse.
SALVADOR (Reuters) - No dia em que oficializou sua candidatura à Presidência da República, José Serra (PSDB), fez o discurso mais duro contra o governo desde que se colocou na disputa deste ano. O tucano apontou corrupção no Executivo federal, atacou o loteamento político de cargos e se utilizou do escândalo do mensalão do PT.
José Serra, de 68 anos, abriu mão neste sábado do discurso conciliatório que vinha empreendendo ao longo da pré-campanha.
O anúncio de sua candidatura marca a largada de uma difícil corrida eleitoral, na qual ele aparece empatado com a candidata do PT, Dilma Rousseff depois de cair nas pesquisas.
"Não tenho esquemas, não tenho máquinas oficiais, não tenho patotas corporativas, não tenho padrinhos, não tenho esquadrões de militantes pagos com dinheiro público. Tenho apenas a minha história de vida, minha biografia e minhas idéias", disse no discurso para 5 mil pessoas, segundo a organização
Foram críticas reiteradas, mas sem citar uma só vez o nome do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, muito popular na Bahia, local do evento. A única ocasião em que chegou perto disso foi quando se referiu aos "luíses" que acreditam personificar o Estado.
"O tempo dos chefes de governo que acreditavam personificar o Estado ficou pra trás há mais de 300 anos. Luís 14 achava que o Estado era ele. Nas democracias e no Brasil, não há lugar para luíses assim," acusou.
Também houve referências à sua experiência eleitoral em que disse ser conhecido pela população brasileira. Serra foi eleito em cinco das oito eleições que disputou, enquanto Dilma nunca disputou uma eleição. Ele perdeu para Lula em 2002.
"Não comecei ontem e não caí de paraquedas. Apresentei-me ao povo brasileiro, fui votado, exerci cargos, me submeti ao julgamento da população, fui aprovado e votado de novo. Assim foi em cada degrau, em cada etapa da minha vida", alfinetou.
"Isso demonstra meu respeito pela vontade popular. 80 milhões de votos ao longo da vida pública, 80 milhões de vezes brasileiros me disseram sim, siga em frente que nós te apoiamos."
Essa foi uma das raras vezes nesta campanha em que o candidato usa o escândalo do mensalão para atingir o PT. Ao seu lado, no palanque, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, aplaudia Serra. Ele foi o autor da denúncia do suposto esquema de compra de apoio parlamentar pelo PT no primeiro mandato de Lula.
"Acredito no Congresso Nacional como a principal arena do debate e do entendimento político, da negociação responsável sobre as novas leis, e não como arena de mensalões, compra de votos e de silêncios."
Da tribuna, Serra também fez críticas à atuação internacional de Lula, num momento em que o Brasil aumenta sua relação com o Irã, país alvo de sanções econômicas da ONU por seu programa nuclear, e segue apoiando o governo cubano.
"Eu acredito nos direitos humanos, dentro do Brasil e no mundo. Não fica bem elogiar continuamente ditadores de todos os cantos do planeta."
SEM VICE
José Serra deu a largada oficial de sua campanha sem ter a seu lado um companheiro de chapa.
O ex-governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), era o nome mais desejado no partido, mas recusou o convite.
A campanha enfrenta dificuldades para encontrar um nome enquanto o Democratas reivindica o direito à indicação, após o mensalão do partido em Brasília. O nome deve ser anunciado por volta do dia 20, desde que costuras locais no Paraná e em outros Estados se resolvam.
Aécio fez um discurso inflamado, tentado espantar as avaliações de que não se engajaria na campanha do correligionário, após ter sido derrotado na disputa interna pela indicação do PSDB para disputar a presidência.
"O Brasil não foi uma construção solitária, de um messias ou de um grupo partidário. Cada um colocou seu tijolo nessa construção...queremos um líder e não apenas o reflexo de um líder", disse.
"O PMDB não será coadjuvante. O PMDB será protagonista principal, ator principal",

"O PMDB não será coadjuvante. O PMDB será protagonista principal, ator principal", disse o presidente do partido e da Câmara, deputado Michel Temer. 29/03/2010
REUTERS/Ricardo Moraes
PMDB não será coadjuvante, será protagonista, diz Temer
sábado, 12 de junho de 2010 14:11
REUTERS/Ricardo Moraes
PMDB não será coadjuvante, será protagonista, diz Temer
sábado, 12 de junho de 2010 14:11
Fernando Exman
BRASÍLIA (Reuters) - O PMDB ocupará um papel de destaque na campanha eleitoral e no futuro governo, prometeu neste sábado o presidente do partido e da Câmara, deputado Michel Temer (SP), aos militantes da legenda.
A indicação do parlamentar para a vaga de vice da petista Dilma Rousseff será formalizada nesta tarde, durante a convenção nacional da sigla, quando o partido também oficializará a coligação com o PT para a eleição presidencial de outubro.
"O PMDB não será coadjuvante. O PMDB será protagonista principal, ator principal", discursou Temer no evento. "Vamos ter uma presença como parceiro neste (futuro) governo."
O deputado pediu aos delegados do partido que referendem o acordo fechado com o PT como forma de demonstrar a unidade do partido.
Afirmando que o PMDB é o partido "da moderação e do equilíbrio", fez questão de ressaltar que estava sendo apoiado por diversas lideranças da legenda, como o presidente do Senado, José Sarney (AP), o líder do governo naquela Casa, Romero Jucá (RR), e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL).
"Quem duvida desta unidade olhe para esta mesa", desafiou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a direção do PT fizeram um grande esforço para garantir a coligação com o PMDB, maior partido do país. Mas dissidentes peemedebistas apoiam o presidenciável José Serra (PSDB), enquanto outra ala defende a candidatura própria.
"Eu preciso do voto, sim. Preciso do voto robusto, significativo", apelou, ouvindo como resposta da plateia o grito de ordem "O PMDB já decidiu: Michel e Dilma presidentes do Brasil."
"AJUNTAMENTO DE IDEIAS"
Temer defendeu a transformação da eleição em uma espécie de plebiscito. "Vai se formar um bloco de um lado e um bloco do outro lado. Isso é útil para os costumes político-eleitorais do país", comentou.
Ele também destacou a participação do PMDB nas realizações do governo Lula, dizendo que o partido garantiu apoio decisivo ao Executivo na aprovação no Congresso de matérias essenciais para a estabilidade econômica e conquistas sociais do país.
"O PMDB não está fazendo um ajuntamento de pessoas. O PMDB está fazendo um ajuntamento de ideias", destacou. "Vamos fazer uma coalizão político-eleitoral-programática."
Depois da apuração dos votos na convenção e da esperada vitória da ala que defende a coligação com o PT, Dilma deve comparecer ao evento para prestigiar o seu vice e o partido aliado. Ela também foi à convenção nacional do PDT neste sábado, outra aliança da sigla nacional.
Os peemedebistas tentaram convencer o presidente Lula a participar do encerramento da convenção, mas não obtiveram sucesso. "Ele não pôde ir à convenção do PDT e ele acha que a ministra Dilma devia ser a primeira figura", disse Temer a jornalistas.
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello e Bruno Peres)
BRASÍLIA (Reuters) - O PMDB ocupará um papel de destaque na campanha eleitoral e no futuro governo, prometeu neste sábado o presidente do partido e da Câmara, deputado Michel Temer (SP), aos militantes da legenda.
A indicação do parlamentar para a vaga de vice da petista Dilma Rousseff será formalizada nesta tarde, durante a convenção nacional da sigla, quando o partido também oficializará a coligação com o PT para a eleição presidencial de outubro.
"O PMDB não será coadjuvante. O PMDB será protagonista principal, ator principal", discursou Temer no evento. "Vamos ter uma presença como parceiro neste (futuro) governo."
O deputado pediu aos delegados do partido que referendem o acordo fechado com o PT como forma de demonstrar a unidade do partido.
Afirmando que o PMDB é o partido "da moderação e do equilíbrio", fez questão de ressaltar que estava sendo apoiado por diversas lideranças da legenda, como o presidente do Senado, José Sarney (AP), o líder do governo naquela Casa, Romero Jucá (RR), e o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL).
"Quem duvida desta unidade olhe para esta mesa", desafiou.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a direção do PT fizeram um grande esforço para garantir a coligação com o PMDB, maior partido do país. Mas dissidentes peemedebistas apoiam o presidenciável José Serra (PSDB), enquanto outra ala defende a candidatura própria.
"Eu preciso do voto, sim. Preciso do voto robusto, significativo", apelou, ouvindo como resposta da plateia o grito de ordem "O PMDB já decidiu: Michel e Dilma presidentes do Brasil."
"AJUNTAMENTO DE IDEIAS"
Temer defendeu a transformação da eleição em uma espécie de plebiscito. "Vai se formar um bloco de um lado e um bloco do outro lado. Isso é útil para os costumes político-eleitorais do país", comentou.
Ele também destacou a participação do PMDB nas realizações do governo Lula, dizendo que o partido garantiu apoio decisivo ao Executivo na aprovação no Congresso de matérias essenciais para a estabilidade econômica e conquistas sociais do país.
"O PMDB não está fazendo um ajuntamento de pessoas. O PMDB está fazendo um ajuntamento de ideias", destacou. "Vamos fazer uma coalizão político-eleitoral-programática."
Depois da apuração dos votos na convenção e da esperada vitória da ala que defende a coligação com o PT, Dilma deve comparecer ao evento para prestigiar o seu vice e o partido aliado. Ela também foi à convenção nacional do PDT neste sábado, outra aliança da sigla nacional.
Os peemedebistas tentaram convencer o presidente Lula a participar do encerramento da convenção, mas não obtiveram sucesso. "Ele não pôde ir à convenção do PDT e ele acha que a ministra Dilma devia ser a primeira figura", disse Temer a jornalistas.
(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello e Bruno Peres)
Paulo Skaf leva megaestrutura para comitê do PSB em São Paulo

Foto: Adriana Elias/iG
Skaf leva megaestrutura para comitê do PSB em São Paulo
Empresário deixa Fiesp e aluga casa de 2 mil m² no Jardim Paulista para o PSB-SP, que deverá ter menos de um minuto na televisão
Nara Alves, iG São Paulo 11/06/2010 16:31
A partir da próxima segunda-feira, dia 14 de junho, o presidente licenciado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSB, Paulo Skaf, estará de casa nova. Após anos comandando um sistema que ele próprio descreve como “maior do que 99% das cidades brasileiras e maior do que alguns Estados brasileiros”, Skaf decidiu montar uma megaestrutura também para gerenciar sua candidatura, que até o momento tem 2% das intenções de voto (Datafolha) e menos de um minuto na televisão.
Depois de mais de três anos na Avenida Paulista, onde funciona a sede da Fiesp, o empresário irá se instalar em uma casa alugada por R$ 8 mil mensais na rua Canadá, no Jardim Paulista, uma das regiões mais nobres da capital paulista. A estrutura pode ser considerada enxuta se comparada ao pomposo edifício na Paulista, de onde Skaf comandava um orçamento de R$ 1,5 bilhão e 132 sindicatos patronais que representam cerca de 150 mil indústrias de diferentes cadeias produtivas. Ainda assim, é muito maior do que qualquer estrutura que o PSB paulista já tenha montado em uma eleição.
O novo local tem cerca de 2 mil metros quadrados e servirá de sede para 16 comitês regionais. "A gente está com muita gente. São cerca de 1000 pessoas envolvidas (incluindo militantes) em todo Estado, e 25 assessores de imprensa", diz o deputado federal e presidente do PSB-SP, Márcio França, coordenador da campanha. "Comparado ao que a gente tinha nas últimas eleições é uma megaestrutura", completa. A ideia da legenda é criar sub-governadorias para atuar "pedaço por pedaço", segundo França.
Paulo Skaf na sede da Fiesp antes de licenciar-se da presidência
Nanicos nunca mais
Nas eleições de 2006, o PSB comemorou por superar a cláusula de barreira. O dispositivo legal (que não chegou a valer no Brasil por ser considerado inconstitucional) extinguiria partidos com menos de 5% do total de votos para a Câmara, os chamados “nanicos”. Naquele ano, o partido terminou a disputa ao governo de São Paulo com 39.857 votos, ou 0,19% do total. O candidato foi uma figura desconhecida no ambiente político, o professor Mario Luiz Guide.
Neste ano, para tentar alavancar o desempenho de Skaf e de olho nas eleições à Prefeitura de São Paulo em 2012, o PSB contratou o marqueteiro Duda Medonça, responsável pela campanha vitoriosa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. O slogan da campanha criada por Duda para Skaf é "preste atenção neste cara".
Skaf leva megaestrutura para comitê do PSB em São Paulo
Empresário deixa Fiesp e aluga casa de 2 mil m² no Jardim Paulista para o PSB-SP, que deverá ter menos de um minuto na televisão
Nara Alves, iG São Paulo 11/06/2010 16:31
A partir da próxima segunda-feira, dia 14 de junho, o presidente licenciado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pré-candidato ao governo de São Paulo pelo PSB, Paulo Skaf, estará de casa nova. Após anos comandando um sistema que ele próprio descreve como “maior do que 99% das cidades brasileiras e maior do que alguns Estados brasileiros”, Skaf decidiu montar uma megaestrutura também para gerenciar sua candidatura, que até o momento tem 2% das intenções de voto (Datafolha) e menos de um minuto na televisão.
Depois de mais de três anos na Avenida Paulista, onde funciona a sede da Fiesp, o empresário irá se instalar em uma casa alugada por R$ 8 mil mensais na rua Canadá, no Jardim Paulista, uma das regiões mais nobres da capital paulista. A estrutura pode ser considerada enxuta se comparada ao pomposo edifício na Paulista, de onde Skaf comandava um orçamento de R$ 1,5 bilhão e 132 sindicatos patronais que representam cerca de 150 mil indústrias de diferentes cadeias produtivas. Ainda assim, é muito maior do que qualquer estrutura que o PSB paulista já tenha montado em uma eleição.
O novo local tem cerca de 2 mil metros quadrados e servirá de sede para 16 comitês regionais. "A gente está com muita gente. São cerca de 1000 pessoas envolvidas (incluindo militantes) em todo Estado, e 25 assessores de imprensa", diz o deputado federal e presidente do PSB-SP, Márcio França, coordenador da campanha. "Comparado ao que a gente tinha nas últimas eleições é uma megaestrutura", completa. A ideia da legenda é criar sub-governadorias para atuar "pedaço por pedaço", segundo França.
Paulo Skaf na sede da Fiesp antes de licenciar-se da presidência
Nanicos nunca mais
Nas eleições de 2006, o PSB comemorou por superar a cláusula de barreira. O dispositivo legal (que não chegou a valer no Brasil por ser considerado inconstitucional) extinguiria partidos com menos de 5% do total de votos para a Câmara, os chamados “nanicos”. Naquele ano, o partido terminou a disputa ao governo de São Paulo com 39.857 votos, ou 0,19% do total. O candidato foi uma figura desconhecida no ambiente político, o professor Mario Luiz Guide.
Neste ano, para tentar alavancar o desempenho de Skaf e de olho nas eleições à Prefeitura de São Paulo em 2012, o PSB contratou o marqueteiro Duda Medonça, responsável pela campanha vitoriosa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. O slogan da campanha criada por Duda para Skaf é "preste atenção neste cara".
quinta-feira, 10 de junho de 2010
Lei da Ficha Limpa vale para as eleições deste ano

21:52
10/06/2010
Lei da Ficha Limpa vale para as eleições deste ano
Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Lei da Ficha Limpa vale para as eleições deste ano. A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi por 6 votos a 1 pela aplicabilidade, nas próximas eleições, da Lei Complementar 135/10), que altera a Lei das Inelegibilidades (LC 64/90).
A lei prevê que os candidatos com condenações graves em órgão colegiado não poderão concorrer nas eleições de outrubro.
A maioria dos ministros acompanhou o voto do relator Hamilton Carvalhido, que considerou que o período eleitoral começa apenas após o registro de candidaturas, no dia 6 de julho.
Edição: Aécio Amado
10/06/2010
Lei da Ficha Limpa vale para as eleições deste ano
Débora Zampier
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A Lei da Ficha Limpa vale para as eleições deste ano. A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) foi por 6 votos a 1 pela aplicabilidade, nas próximas eleições, da Lei Complementar 135/10), que altera a Lei das Inelegibilidades (LC 64/90).
A lei prevê que os candidatos com condenações graves em órgão colegiado não poderão concorrer nas eleições de outrubro.
A maioria dos ministros acompanhou o voto do relator Hamilton Carvalhido, que considerou que o período eleitoral começa apenas após o registro de candidaturas, no dia 6 de julho.
Edição: Aécio Amado
Lula diz que decisão da ONU é equívoco e enfraquece Conselho

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou de "equívoco" a imposição de novas sanções ao Irã. 18/05/2010
REUTERS/Susana Vera
Lula diz que decisão da ONU é equívoco e enfraquece Conselho
quarta-feira, 9 de junho de 2010 18:39
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira a decisão do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas de impor uma nova rodada de sanções ao Irã. Lula cobrou uma mudança na composição do conselho e disse que a medida foi "um equívoco".
"Lamentavelmente, desta vez quem queria negociar era o Irã e quem não queria negociar eram aqueles que acham que a força resolve tudo. Acho que foi um equívoco a tomada de decisão", disse Lula em entrevista em Natal (RN).
Classificou ainda a medida de "vitória de Pirro" --expressão utilizada para manifestar uma vitória potencialmente acarretadora de prejuízos.
Nesta quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma quarta rodada de sanções contra o Irã por conta de seu programa nuclear, que potências do Ocidente suspeitam ter objetivo de desenvolver armas atômicas.
Foram 12 votos a favor da resolução. Brasil e Turquia votaram contra, enquanto o Líbano se absteve. Em maio, Brasil e Turquia negociaram um acordo com o Irã de troca de combustível nuclear que pretendia exatamente evitar as sanções.
"Acho que o Conselho de Segurança jogou fora uma oportunidade histórica de negociar tranquilamente o programa nuclear iraniano", completou Lula, acrescentando que a decisão foi por "birra", uma vez que o governo iraniano concordou com o acordo.
"É um episódio que enfraquece o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Nós estamos tentando reformá-lo há mais de 17 anos", afirmou Lula, para quem o organismo não representa mais a atualidade política mundial, espelhando uma correlação de forças existente em 1948, quando a ONU foi criada.
O Brasil vem buscando apoio internacional para alterar sua participação no conselho, trocando um assento temporário, como atualmente, por um papel permanente. Dos 15 membros, apenas cinco têm assento permanente (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China) e têm direito a veto nas decisões.
Sem citar diretamente esse grupo de cinco países, Lula afirmou que essas nações não estão interessadas em alterar a configuração do conselho e democratizar as relações dentro do organismo.
"A geografia política e econômica do mundo mudou e nós queremos que a ONU tenha representatividade, que tenha gente da América Latina, da África, Índia e outros países e os senhores que são donos do conselho não querem abrir mão porque não querem levar ninguém para sentar numa mesa e democratizar de verdade o Conselho de Segurança da ONU", afirmou Lula, dizendo que espera que o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad continue "tranquilo".
REUTERS/Susana Vera
Lula diz que decisão da ONU é equívoco e enfraquece Conselho
quarta-feira, 9 de junho de 2010 18:39
SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira a decisão do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas de impor uma nova rodada de sanções ao Irã. Lula cobrou uma mudança na composição do conselho e disse que a medida foi "um equívoco".
"Lamentavelmente, desta vez quem queria negociar era o Irã e quem não queria negociar eram aqueles que acham que a força resolve tudo. Acho que foi um equívoco a tomada de decisão", disse Lula em entrevista em Natal (RN).
Classificou ainda a medida de "vitória de Pirro" --expressão utilizada para manifestar uma vitória potencialmente acarretadora de prejuízos.
Nesta quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma quarta rodada de sanções contra o Irã por conta de seu programa nuclear, que potências do Ocidente suspeitam ter objetivo de desenvolver armas atômicas.
Foram 12 votos a favor da resolução. Brasil e Turquia votaram contra, enquanto o Líbano se absteve. Em maio, Brasil e Turquia negociaram um acordo com o Irã de troca de combustível nuclear que pretendia exatamente evitar as sanções.
"Acho que o Conselho de Segurança jogou fora uma oportunidade histórica de negociar tranquilamente o programa nuclear iraniano", completou Lula, acrescentando que a decisão foi por "birra", uma vez que o governo iraniano concordou com o acordo.
"É um episódio que enfraquece o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Nós estamos tentando reformá-lo há mais de 17 anos", afirmou Lula, para quem o organismo não representa mais a atualidade política mundial, espelhando uma correlação de forças existente em 1948, quando a ONU foi criada.
O Brasil vem buscando apoio internacional para alterar sua participação no conselho, trocando um assento temporário, como atualmente, por um papel permanente. Dos 15 membros, apenas cinco têm assento permanente (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China) e têm direito a veto nas decisões.
Sem citar diretamente esse grupo de cinco países, Lula afirmou que essas nações não estão interessadas em alterar a configuração do conselho e democratizar as relações dentro do organismo.
"A geografia política e econômica do mundo mudou e nós queremos que a ONU tenha representatividade, que tenha gente da América Latina, da África, Índia e outros países e os senhores que são donos do conselho não querem abrir mão porque não querem levar ninguém para sentar numa mesa e democratizar de verdade o Conselho de Segurança da ONU", afirmou Lula, dizendo que espera que o presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad continue "tranquilo".
Quase metade da bancada do Norte processada no STF

10/06/2010 - 06h00
Quase metade da bancada do Norte processada no STF
Trinta e sete dos 86 parlamentares da região respondem a 115 inquéritos e ações penais em tramitação no Supremo. Como mostra levatamento exclusivo do Congresso em Foco, é quase um terço dos 397 procedimentos em andamento no tribunal
Neudo Campos, Jader Barbalho e Lira Maia são os três parlamentares da região Norte com mais processos em tramitação no Supremo
Edson Sardinha, Thomaz Pires e Lúcio Lambranho
Nenhuma região do país tem mais parlamentares processados, em relação ao tamanho de sua bancada no Congresso, do que o Norte. Quase metade dos 86 congressistas da região responde a algum tipo de processo. Levantamento do Congresso em Foco revela que 37 deputados e senadores desses sete estados são alvos de 115 processos, quase um terço dos 397 procedimentos em andamento no Supremo contra parlamentar.
Há 40 ações penais (denúncias que podem resultar em condenações) contra 15 deputados e três senadores, e outros 75 inquéritos (investigações preliminares) contra 24 deputados e dez senadores do Norte.
Veja a relação dos parlamentares
O que dizem os deputados e senadores
As denúncias contra esses congressistas alcançam pelo menos 22 tipos de crime. Os mais comuns são peculato (apropriação, por funcionário público, de bem ou valor de que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio ou alheio), 32 vezes; formação de quadrilha, 23 vezes, e crime de responsabilidade (praticados no exercício de outra função pública), que se repetem dez vezes. Também há oito investigações de crimes contra a Lei de Licitações, eleitorais e ambientais.
A relação inclui ainda denúncias de corrupção, trabalho escravo, estelionato, falsidade ideológica e crimes considerados de menor gravidade, como calúnia, difamação e desacato, entre outros. Em pelo menos seis casos, o STF não informa de maneira clara a natureza da acusação.
A lista dos parlamentares nortistas processados é encabeçada pelo ex-governador de Roraima e deputado Neudo Campos (PP), com 21 processos ao todo. Os deputados paraenses Jader Barbalho (PMDB) e Lira Maia (DEM) aparecem logo a seguir, com dez investigações cada, no ranking dos parlamentares da região com mais problemas na Justiça.
As bancadas de Roraima e Tocantins são as que têm, proporcionalmente, mais parlamentares com pendências judiciais: seis dos 11 congressistas desses estados respondem a inquérito ou ação penal. O mesmo se dá com cinco dos 11 deputados e senadores de Rondônia. Maior bancada do Norte no Congresso, o Pará tem nove de seus 20 representantes com processo no Supremo. Com 11 parlamentares na Câmara e no Senado, Amazonas e Amapá têm quatro sob investigação, e o Acre, três. O PMDB, com 13 nomes, o PSDB e o DEM, com quatro cada, são os partidos com mais representantes entre os investigados do Norte.
Praga do Egito
Parlamentar com maior número de investigações autorizadas pelo Supremo, Neudo Campos é acusado de peculato e formação de quadrilha e de ter cometido crimes de responsabilidade, contra a Lei de Licitações e eleitorais. Pré-candidato ao governo de Roraima, ele desponta como líder nas intenções de voto, em empate técnico com o atual governador, Anchieta Júnior (PSDB), segundo instituto de pesquisa local (Ipespe). No dia 31, sua candidatura ganhou o apoio do PT.
Em novembro de 2003, menos de um ano após deixar o governo, Neudo foi preso, juntamente com outras 40 pessoas, acusado de comandar um esquema de fraude na folha de pagamento do estado. O grupo, desarticulado pela Operação Praga do Egito (também conhecida como Gafanhoto), da Polícia Federal (PF), desviou mais de R$ 230 milhões dos cofres públicos, de acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF).
O deputado não retornou os contatos feitos com seu gabinete pela reportagem. Mas, em entrevista concedida ao site há dois anos, Neudo rebateu as 17 investigações que estavam em curso, naquela época, contra ele. De lá pra cá, virou alvo de outras três. O ex-governador disse que os processos foram desdobrados apenas para prejudicá-lo e que nunca soube de desvios de recursos em sua administração.
“O mundo se voltou contra mim. Minha esperança é o Supremo. Tenho certeza de que serei absolvido. Meu advogado diz que, à luz do que se encontra, é impossível me condenarem”, declarou, na ocasião. Neudo disse que, quando voltar ao governo de Roraima, fará tudo diferente: “Não vou assinar um convênio. Vou fazer uma auditoria rigorosa”, garantiu.
Processado por formação de quadrilha, estelionato, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, emprego irregular de verbas públicas e crimes contra o sistema financeiro, a ordem tributária e a administração pública, Jader também é um sobrevivente político no Congresso. Alvo de cinco inquéritos e cinco ações penais, lidera todas as pesquisas de intenção de voto para o Senado.
Jader, o sobrevivente
Como mostrou o Congresso em Foco em maio, Jader poucas vezes esteve tão forte em quatro décadas de vida pública. Seus aliados políticos comandam um orçamento público de R$ 7 bilhões nos governos federal e estadual. Na corrida eleitoral, é assediado pelo PSDB, o DEM e o PT, seus tradicionais adversários políticos. Presidente do PMDB paraense, decidiu lançar candidato próprio para forçar um segundo turno, provavelmente entre a petista Ana Júlia e o ex-governador tucano Simão Jatene.
Há uma década, Jader protagonizou uma histórica batalha pelo poder com o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que acabou resultando na queda dos dois. Acusado de desviar recursos do Banco do Estado do Pará (Banpará), da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Ministério da Reforma Agrária, Jader renunciou à presidência do Senado e ao mandato para escapar da cassação em 2001.
Em fevereiro do ano seguinte, o peemedebista foi algemado e passou 16 horas preso na sede da Superintendência da Polícia Federal em Tocantins, acusado pelo Ministério Público Federal de comandar uma “organização criminosa” que desviou pelo menos R$ 130 milhões da antiga Sudam. O deputado sempre negou as acusações, alegando ser vítima de perseguição política.
"Se Jesus foi violentado, por que eu não poderia ser?”, provocou em setembro de 2002. “Também fui apanhado de manhã cedo, como Jesus. Disseram a Pilatos que Jesus era um malfeitor, e portanto, um bandido. Naquela época, eles não tinham algemas e fizeram uma coroa de espinhos", discursou em ato público em sua defesa, realizado em Belém na época.
As imagens de Jader encobrindo as algemas com um livro, ao desembarcar do avião em Palmas, correram o país, mas não a ponto de abalar sua popularidade no estado natal. Oito meses depois da prisão, recebeu 344.018 votos que fizeram dele o deputado mais bem votado do Pará e lhe devolveram o chamado foro privilegiado, a prerrogativa de ser julgado apenas pelo Supremo. Benefício estendido quatro anos mais tarde, por igual período, quando se reelegeu com 311.526 votos, e que pode ser prorrogado por outros longos oito anos caso se candidate e vença a disputa ao Senado. Procurado pela reportagem, Jader não retornou o contato.
Legado da prefeitura
Também do Pará, o deputado Lira Maia é réu em quatro ações penais e alvo de outros seis inquéritos. Na Ação Penal 524, aberta pelo Supremo em setembro do ano passado, ele é acusado pelo Ministério Público (MP) por crimes contra a Lei das Licitações. O deputado é investigado por envolvimento em irregularidades em 24 processos licitatórios promovidos para aquisição de merenda escolar da rede pública de Santarém (PA), em 2000, quando era prefeito do município. O superfaturamento, segundo a denúncia, passou de R$ 1,9 milhão, em valores da época. Os dados constam da página do STF.
A passagem de Lira Maia pela prefeitura de Santarém ainda lhe rende outros processos no Supremo. Nas ações penais 517 e 518, por exemplo, apura-se o envolvimento do então prefeito em desvios de verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), entre 1998 e 2000.
Segundo a denúncia, auditoria feita pela Delegacia da Receita Federal constatou que parte dos R$ 18 milhões repassados pelo Fundef ao município foram desviados para pagar outros serviços prestados pela prefeitura, em vez de serem aplicados na educação fundamental e na valorização do magistério.
Lira Maia atribui as acusações ao "calor da disputa política local" e as classifica como "ônus" do exercício do cargo de prefeito, que exerceu entre 1997 e 2004. "Todos os processos relacionados são frutos do calor da disputa política local com denúncias infundadas junto aos órgãos da esfera judicial aos quais tenho me defendido ao longo dos anos. Acredito fielmente na Justiça brasileira e tenho a convicção de que os fatos serão devidamente esclarecidos", declarou.
O deputado diz que confia na Justiça e que ter pendência judicial faz parte da vida dos parlamentares que já foram prefeitos. "Até a presente data, alguns processos foram arquivados, e, quando aos que estão em curso, acredito que a justiça prevalecerá. Infelizmente, esse é o ônus de ser um homem público, principalmente tendo exercido mandato de prefeito. Esse ônus não é privilégio meu, a esmagadora maioria dos parlamentares que já exerceu o cargo de prefeito também responde a processos judiciais”, ressaltou.
Congresso em foco
Quase metade da bancada do Norte processada no STF
Trinta e sete dos 86 parlamentares da região respondem a 115 inquéritos e ações penais em tramitação no Supremo. Como mostra levatamento exclusivo do Congresso em Foco, é quase um terço dos 397 procedimentos em andamento no tribunal
Neudo Campos, Jader Barbalho e Lira Maia são os três parlamentares da região Norte com mais processos em tramitação no Supremo
Edson Sardinha, Thomaz Pires e Lúcio Lambranho
Nenhuma região do país tem mais parlamentares processados, em relação ao tamanho de sua bancada no Congresso, do que o Norte. Quase metade dos 86 congressistas da região responde a algum tipo de processo. Levantamento do Congresso em Foco revela que 37 deputados e senadores desses sete estados são alvos de 115 processos, quase um terço dos 397 procedimentos em andamento no Supremo contra parlamentar.
Há 40 ações penais (denúncias que podem resultar em condenações) contra 15 deputados e três senadores, e outros 75 inquéritos (investigações preliminares) contra 24 deputados e dez senadores do Norte.
Veja a relação dos parlamentares
O que dizem os deputados e senadores
As denúncias contra esses congressistas alcançam pelo menos 22 tipos de crime. Os mais comuns são peculato (apropriação, por funcionário público, de bem ou valor de que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio ou alheio), 32 vezes; formação de quadrilha, 23 vezes, e crime de responsabilidade (praticados no exercício de outra função pública), que se repetem dez vezes. Também há oito investigações de crimes contra a Lei de Licitações, eleitorais e ambientais.
A relação inclui ainda denúncias de corrupção, trabalho escravo, estelionato, falsidade ideológica e crimes considerados de menor gravidade, como calúnia, difamação e desacato, entre outros. Em pelo menos seis casos, o STF não informa de maneira clara a natureza da acusação.
A lista dos parlamentares nortistas processados é encabeçada pelo ex-governador de Roraima e deputado Neudo Campos (PP), com 21 processos ao todo. Os deputados paraenses Jader Barbalho (PMDB) e Lira Maia (DEM) aparecem logo a seguir, com dez investigações cada, no ranking dos parlamentares da região com mais problemas na Justiça.
As bancadas de Roraima e Tocantins são as que têm, proporcionalmente, mais parlamentares com pendências judiciais: seis dos 11 congressistas desses estados respondem a inquérito ou ação penal. O mesmo se dá com cinco dos 11 deputados e senadores de Rondônia. Maior bancada do Norte no Congresso, o Pará tem nove de seus 20 representantes com processo no Supremo. Com 11 parlamentares na Câmara e no Senado, Amazonas e Amapá têm quatro sob investigação, e o Acre, três. O PMDB, com 13 nomes, o PSDB e o DEM, com quatro cada, são os partidos com mais representantes entre os investigados do Norte.
Praga do Egito
Parlamentar com maior número de investigações autorizadas pelo Supremo, Neudo Campos é acusado de peculato e formação de quadrilha e de ter cometido crimes de responsabilidade, contra a Lei de Licitações e eleitorais. Pré-candidato ao governo de Roraima, ele desponta como líder nas intenções de voto, em empate técnico com o atual governador, Anchieta Júnior (PSDB), segundo instituto de pesquisa local (Ipespe). No dia 31, sua candidatura ganhou o apoio do PT.
Em novembro de 2003, menos de um ano após deixar o governo, Neudo foi preso, juntamente com outras 40 pessoas, acusado de comandar um esquema de fraude na folha de pagamento do estado. O grupo, desarticulado pela Operação Praga do Egito (também conhecida como Gafanhoto), da Polícia Federal (PF), desviou mais de R$ 230 milhões dos cofres públicos, de acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF).
O deputado não retornou os contatos feitos com seu gabinete pela reportagem. Mas, em entrevista concedida ao site há dois anos, Neudo rebateu as 17 investigações que estavam em curso, naquela época, contra ele. De lá pra cá, virou alvo de outras três. O ex-governador disse que os processos foram desdobrados apenas para prejudicá-lo e que nunca soube de desvios de recursos em sua administração.
“O mundo se voltou contra mim. Minha esperança é o Supremo. Tenho certeza de que serei absolvido. Meu advogado diz que, à luz do que se encontra, é impossível me condenarem”, declarou, na ocasião. Neudo disse que, quando voltar ao governo de Roraima, fará tudo diferente: “Não vou assinar um convênio. Vou fazer uma auditoria rigorosa”, garantiu.
Processado por formação de quadrilha, estelionato, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, emprego irregular de verbas públicas e crimes contra o sistema financeiro, a ordem tributária e a administração pública, Jader também é um sobrevivente político no Congresso. Alvo de cinco inquéritos e cinco ações penais, lidera todas as pesquisas de intenção de voto para o Senado.
Jader, o sobrevivente
Como mostrou o Congresso em Foco em maio, Jader poucas vezes esteve tão forte em quatro décadas de vida pública. Seus aliados políticos comandam um orçamento público de R$ 7 bilhões nos governos federal e estadual. Na corrida eleitoral, é assediado pelo PSDB, o DEM e o PT, seus tradicionais adversários políticos. Presidente do PMDB paraense, decidiu lançar candidato próprio para forçar um segundo turno, provavelmente entre a petista Ana Júlia e o ex-governador tucano Simão Jatene.
Há uma década, Jader protagonizou uma histórica batalha pelo poder com o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que acabou resultando na queda dos dois. Acusado de desviar recursos do Banco do Estado do Pará (Banpará), da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e do Ministério da Reforma Agrária, Jader renunciou à presidência do Senado e ao mandato para escapar da cassação em 2001.
Em fevereiro do ano seguinte, o peemedebista foi algemado e passou 16 horas preso na sede da Superintendência da Polícia Federal em Tocantins, acusado pelo Ministério Público Federal de comandar uma “organização criminosa” que desviou pelo menos R$ 130 milhões da antiga Sudam. O deputado sempre negou as acusações, alegando ser vítima de perseguição política.
"Se Jesus foi violentado, por que eu não poderia ser?”, provocou em setembro de 2002. “Também fui apanhado de manhã cedo, como Jesus. Disseram a Pilatos que Jesus era um malfeitor, e portanto, um bandido. Naquela época, eles não tinham algemas e fizeram uma coroa de espinhos", discursou em ato público em sua defesa, realizado em Belém na época.
As imagens de Jader encobrindo as algemas com um livro, ao desembarcar do avião em Palmas, correram o país, mas não a ponto de abalar sua popularidade no estado natal. Oito meses depois da prisão, recebeu 344.018 votos que fizeram dele o deputado mais bem votado do Pará e lhe devolveram o chamado foro privilegiado, a prerrogativa de ser julgado apenas pelo Supremo. Benefício estendido quatro anos mais tarde, por igual período, quando se reelegeu com 311.526 votos, e que pode ser prorrogado por outros longos oito anos caso se candidate e vença a disputa ao Senado. Procurado pela reportagem, Jader não retornou o contato.
Legado da prefeitura
Também do Pará, o deputado Lira Maia é réu em quatro ações penais e alvo de outros seis inquéritos. Na Ação Penal 524, aberta pelo Supremo em setembro do ano passado, ele é acusado pelo Ministério Público (MP) por crimes contra a Lei das Licitações. O deputado é investigado por envolvimento em irregularidades em 24 processos licitatórios promovidos para aquisição de merenda escolar da rede pública de Santarém (PA), em 2000, quando era prefeito do município. O superfaturamento, segundo a denúncia, passou de R$ 1,9 milhão, em valores da época. Os dados constam da página do STF.
A passagem de Lira Maia pela prefeitura de Santarém ainda lhe rende outros processos no Supremo. Nas ações penais 517 e 518, por exemplo, apura-se o envolvimento do então prefeito em desvios de verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), entre 1998 e 2000.
Segundo a denúncia, auditoria feita pela Delegacia da Receita Federal constatou que parte dos R$ 18 milhões repassados pelo Fundef ao município foram desviados para pagar outros serviços prestados pela prefeitura, em vez de serem aplicados na educação fundamental e na valorização do magistério.
Lira Maia atribui as acusações ao "calor da disputa política local" e as classifica como "ônus" do exercício do cargo de prefeito, que exerceu entre 1997 e 2004. "Todos os processos relacionados são frutos do calor da disputa política local com denúncias infundadas junto aos órgãos da esfera judicial aos quais tenho me defendido ao longo dos anos. Acredito fielmente na Justiça brasileira e tenho a convicção de que os fatos serão devidamente esclarecidos", declarou.
O deputado diz que confia na Justiça e que ter pendência judicial faz parte da vida dos parlamentares que já foram prefeitos. "Até a presente data, alguns processos foram arquivados, e, quando aos que estão em curso, acredito que a justiça prevalecerá. Infelizmente, esse é o ônus de ser um homem público, principalmente tendo exercido mandato de prefeito. Esse ônus não é privilégio meu, a esmagadora maioria dos parlamentares que já exerceu o cargo de prefeito também responde a processos judiciais”, ressaltou.
Congresso em foco
sexta-feira, 4 de junho de 2010
Lula sanciona lei do Ficha Limpa sem vetos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ajusta a bandeira brasileira antes de uma reunião com o primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, em Brasília. Nesta sexta-feira, Lula sancionou o projeto de lei Ficha Limpa, que impede a candidatura de políticos com problemas na Justiça. 27/05/2010
REUTERS/Ricardo Moraes
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta sexta-feira o projeto de lei que impede a candidatura de políticos com problemas na Justiça, informou fonte da Casa Civil.
Conhecido como ficha limpa, a nova lei não recebeu nenhum veto do presidente e será publicada no Diário Oficial da União da segunda-feira. Pelo entendimento dos parlamentares, entretanto, caberá à Justiça Eleitoral decidir se a regra valerá já para as eleições de outubro.
A proposta impede que políticos com condenação na Justiça por decisão de um colegiado disputem eleições. A nova lei permite, no entanto, que o político condenado possa recorrer para tentar suspender a inelegibilidade e participar da eleição. Estabelece também que estará inelegível quem renunciar a mandato para evitar a cassação.
Em outro ponto da lei, o Senado aprovou emenda de texto para explicitar que as regras só valerão para casos que forem julgados a partir da aprovação do projeto. Críticos alegam que a iniciativa aliviou o texto aprovado pela Câmara, o que os senadores negam.
Apesar da polêmica envolvendo a mudança, em seu artigo quinto a Constituição fixa que "a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu".
De iniciativa popular, o projeto Ficha Limpa chegou ao Congresso em setembro do ano passado depois de reunir 1,6 milhão de assinaturas.
(Reportagem de Fernando Exman)
REUTERS/Ricardo Moraes
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta sexta-feira o projeto de lei que impede a candidatura de políticos com problemas na Justiça, informou fonte da Casa Civil.
Conhecido como ficha limpa, a nova lei não recebeu nenhum veto do presidente e será publicada no Diário Oficial da União da segunda-feira. Pelo entendimento dos parlamentares, entretanto, caberá à Justiça Eleitoral decidir se a regra valerá já para as eleições de outubro.
A proposta impede que políticos com condenação na Justiça por decisão de um colegiado disputem eleições. A nova lei permite, no entanto, que o político condenado possa recorrer para tentar suspender a inelegibilidade e participar da eleição. Estabelece também que estará inelegível quem renunciar a mandato para evitar a cassação.
Em outro ponto da lei, o Senado aprovou emenda de texto para explicitar que as regras só valerão para casos que forem julgados a partir da aprovação do projeto. Críticos alegam que a iniciativa aliviou o texto aprovado pela Câmara, o que os senadores negam.
Apesar da polêmica envolvendo a mudança, em seu artigo quinto a Constituição fixa que "a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu".
De iniciativa popular, o projeto Ficha Limpa chegou ao Congresso em setembro do ano passado depois de reunir 1,6 milhão de assinaturas.
(Reportagem de Fernando Exman)
MAIS RAZÃO E MENOS EMOÇÃO
Foto: Jair Bertolucci
MAIS RAZÃO E MENOS EMOÇÃO
Heródoto Barbeiro
MAIS RAZÃO E MENOS EMOÇÃO
Heródoto Barbeiro
Os três pré candidatos a presidência da república com melhores colocações nas pesquisas participaram de uma rodada de entrevistas de uma hora no Jornal da CBN. Pela ordem de sorteio, Serra, Dilma e Marina puderam defender seus programas de governo em uma rede nacional de rádio, conectada na internet, com a participação de internautas e ouvintes no Outlook e debates no twiter, e com transmissão simultânea vivo pelo G1 com áudio e imagem. Cada entrevista tevê uma boa repercussão em outros veículos, como nos telejornais da noite e no dia seguinte nos principais jornais impressos em tinta e papel de todo o país. No final de semana ganharam espaço em algumas revistas semanais. Os jornalistas que participaram procuraram fazer perguntas que ainda não tinham sido feitas, para não ” chover no molhado” e isso colaborou com a utilidade de expor os candidatos. Perguntas de ouvintes e internautas chegaram antes, durante e depois de cada uma delas, e foram agrupadas por tema e apresentadas.
Nesta época de copa do mundo é até compreensível que as emoções se aflorem com as jogadas da seleção dos anões, no bom sentido, do Dunga. E em futebol o que vale é torcer, e quando a gente torce ninguém pode convencer a gente do contrário. Eu mesmo sou corintiano e apesar de todo o vexame do “Sentenário”, continuo usando a camisa do timão. Torcer quer dizer virar, empurrar na direção que se quer, é xingar, respeitosamente, o árbitro quando ele apita um pênalti clamoroso contra o nosso time e quando ele anula um gol do Gordo pilhado em flagrante tomando banho na área do adversário. Mesmo assim defendemos nossos valorosos jogadores, inventamos piadas sobre os adversários, e usamos os argumentos mais ridículos para defender nossa agremiação. A coisa é do jeito que a gente quer e ponto final. No próximo jogo a torcida está lá de novo cantando eslogans, empunhando bandeiras e os mais insensatos e ausentes de cidadani se envolvem em brigas com a torcida adversária, Não são capazes de por um limite na sua sofreguidão de ofender, inventar mentiras, ameaçar, quebrar o transporte público e outros atos de vandalismo que podem chegar a ferir e matar pessoas. Isso tudo é fruto de uma emoção sem limites que cega as pessoas e geralmente é seguida do arrependimento. Não é um seqüestro límbico como definiu Daniel Golleman.
Depois da copa volta a política e o embate principal é a disputa da presidência da república.´É o momento de guardar a camisa da seleção, hexacampeã espero, e olhar racionalmente o que cada um oferece em seu programa de governo. Além dos três, outros como Plínio de Arruda e outros de partidos menores também vão apresentar suas propostas. São elas que deveriam nortear a escolha do eleitor. Simpatia, voz melíflua, roupas adequadas para a tevê, assessorias milionárias, declaração de voto de celebridades e personalidades não deveriam ser os fatores decisivos para a escolha do futuro ou da futura presidente do Brasil. O fundamental é o programa, o comprometimento, a postura ética e a transparência. Uma disputa eleitoral não pode gerar discussões ou e-mails ofensivos, mentirosos, detratores de quem quer que seja. Uma coisa é noticiar, expor o currículo deste ou daquele, divulgar reportagens, participar de debates civilizados e outro é a calúnia. Bons exemplos recentes foram a eleição de Obama nos Estados Unidos e Cameron na Grã Bretanha. Para se chegar a esse estágio de racionalidade cada um pode dar sua contribuição ajudando a desenvolver a politização e o espírito crítico de cada um. Pela primeira vez vai aparecer na urna eletrônica a foto do vice ou dos suplentes no caso dos senadores e isso também deve ajudar na hora de escolher. Depois da festa da copa a reflexão necessária sobre o destino do país.
Nesta época de copa do mundo é até compreensível que as emoções se aflorem com as jogadas da seleção dos anões, no bom sentido, do Dunga. E em futebol o que vale é torcer, e quando a gente torce ninguém pode convencer a gente do contrário. Eu mesmo sou corintiano e apesar de todo o vexame do “Sentenário”, continuo usando a camisa do timão. Torcer quer dizer virar, empurrar na direção que se quer, é xingar, respeitosamente, o árbitro quando ele apita um pênalti clamoroso contra o nosso time e quando ele anula um gol do Gordo pilhado em flagrante tomando banho na área do adversário. Mesmo assim defendemos nossos valorosos jogadores, inventamos piadas sobre os adversários, e usamos os argumentos mais ridículos para defender nossa agremiação. A coisa é do jeito que a gente quer e ponto final. No próximo jogo a torcida está lá de novo cantando eslogans, empunhando bandeiras e os mais insensatos e ausentes de cidadani se envolvem em brigas com a torcida adversária, Não são capazes de por um limite na sua sofreguidão de ofender, inventar mentiras, ameaçar, quebrar o transporte público e outros atos de vandalismo que podem chegar a ferir e matar pessoas. Isso tudo é fruto de uma emoção sem limites que cega as pessoas e geralmente é seguida do arrependimento. Não é um seqüestro límbico como definiu Daniel Golleman.
Depois da copa volta a política e o embate principal é a disputa da presidência da república.´É o momento de guardar a camisa da seleção, hexacampeã espero, e olhar racionalmente o que cada um oferece em seu programa de governo. Além dos três, outros como Plínio de Arruda e outros de partidos menores também vão apresentar suas propostas. São elas que deveriam nortear a escolha do eleitor. Simpatia, voz melíflua, roupas adequadas para a tevê, assessorias milionárias, declaração de voto de celebridades e personalidades não deveriam ser os fatores decisivos para a escolha do futuro ou da futura presidente do Brasil. O fundamental é o programa, o comprometimento, a postura ética e a transparência. Uma disputa eleitoral não pode gerar discussões ou e-mails ofensivos, mentirosos, detratores de quem quer que seja. Uma coisa é noticiar, expor o currículo deste ou daquele, divulgar reportagens, participar de debates civilizados e outro é a calúnia. Bons exemplos recentes foram a eleição de Obama nos Estados Unidos e Cameron na Grã Bretanha. Para se chegar a esse estágio de racionalidade cada um pode dar sua contribuição ajudando a desenvolver a politização e o espírito crítico de cada um. Pela primeira vez vai aparecer na urna eletrônica a foto do vice ou dos suplentes no caso dos senadores e isso também deve ajudar na hora de escolher. Depois da festa da copa a reflexão necessária sobre o destino do país.
O jornalista Heródoto Barbeiro é Bacharel em História, Direito e Jornalismo, e mestre em História pela Universidade de São Paulo (USP), Heródoto foi professor de História por quase 30 anos antes de enveredar pelo jornalismo.
Na década de 80, comandou o programa Vox Populi na TV Cultura, por alguns meses. Em 1992, Heródoto retornou à emissora, onde permanece até os dias atuais, passando por diversos programas, Jornal da Cultura, Opinião Nacional, 60 Minutos, o Cesta Básica, o Balanço Social e o próprio Roda Viva (entre 1994 e 1995).
Âncora do Jornal da CBN, Heródoto também assina colunas em diversos jornais do interior paulista, nas revistas Gol Futebol Clube e Conselho Regional de Enfermagem, além de manter sempre muito atualizado o blog do Barbeiro. É autor de livros na área de treinamento para empresas, jornalismo, história e religião, como Meu Velho Centro, Fora do Ar, Manual de Telejornalismo e Buda - O Mito e a Realidade. Graças à sua competência e credibilidade, Heródoto Barbeiro conquistou muitos prêmios ao longo de sua carreira, entre eles, APCA, Comunique-se e Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Centrais gastam R$ 800 mil do imposto sindical para pedir voto contra Serra

Centrais gastam R$ 800 mil do imposto sindical para pedir voto contra Serra
Valor foi usado para pagar evento realizado ontem no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, com objetivo de aprovar Agenda da Classe Trabalhadora e pregar a continuidade do governo Lula; das 30 mil pessoas esperadas, apenas metade compareceu
Roberto Almeida - O Estado de S.Paulo
Palco do evento. Aluguel do Pacaembu custou R$ 135 mil e serviço da CET, R$ 35 mil Cinco centrais sindicais - Força, CUT, CGTB, CTB e Nova Central - pregaram ontem, na assembleia da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), em São Paulo, a continuidade do governo Lula e alertaram para um "retrocesso", em clara referência ao pré-candidato tucano à Presidência, José Serra.
O evento, pago pelo imposto sindical, que desconta um dia de salário ao ano de todos os trabalhadores com carteira assinada, custou pelo menos R$ 800 mil, segundo o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical.
O objetivo, cumprido, era o de aprovar a Agenda da Classe Trabalhadora, que será entregue aos três presidenciáveis. São quase 300 demandas a serem cumpridas pelo vencedor das eleições.
Ao todo, R$ 135 mil foram empenhados para o aluguel do Estádio do Pacaembu e R$ 35 mil para o pagamento da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo para coordenar o trânsito. O restante - R$ 630 mil - foi para a infraestrutura, como palco, som e transporte de militantes.
De acordo com o deputado, somente a Força Sindical pagou 500 passagens de avião para dirigentes virem das regiões Norte e Nordeste do País. As demais centrais também admitiram ter pago por transporte aéreo. A CUT disse que não divulgaria dados e valores de logística.
Mesmo com o investimento pesado das centrais para um megaevento, o público foi apenas a metade do esperado. Segundo a Guarda Civil Metropolitana, 15 mil compareceram, metade dos 30 mil esperados.
A reserva inicial, de acordo com as centrais, era de 13 mil lugares para militantes da CUT e 11 mil para os da Força. Os demais seriam divididos em blocos menores entre as outras três centrais. No entanto, o Pacaembu teve uma manhã e um início de tarde com muitos lugares vazios.
Microfone aberto. Os militantes e dirigentes sindicais, vindos de todos os Estados do País, receberam lanches na porta do estádio e ouviram dezenas de discursos de sindicalistas - a maioria para evitar o "retrocesso", alguns citando nominalmente a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outros em defesa aberta da pré-candidata petista Dilma Rousseff.
O presidente do PT paulista, Edinho Silva, assumiu o microfone falando "em nome do companheiro José Eduardo Dutra", presidente do PT nacional. Delineou o cenário eleitoral, com rasgados elogios a Lula, e disse que "é preciso avançar ainda mais e aprofundar as mudanças do governo".
"O Brasil não pode ter retrocesso", afirmou, em referência ao governo tucano. "Não pode conviver novamente com o desmanche do Estado. Não pode conviver novamente com a submissão de seus interesses. Se vamos avançar ou não, isso cabe a cada um de nós."
Empenhado na campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao Palácio dos Bandeirantes, Edinho afirmou ainda que "é preciso fazer no Estado de São Paulo o mesmo que o presidente Lula fez no Brasil". "É hora de os trabalhadores mais uma vez mostrarem sua força. O avanço só depende de nós", finalizou.
Esvaziamento. O que era para ser o ápice da Conclat - a aprovação da Agenda do Trabalhador, documento chave do evento - acabou de maneira esvaziada. Boa parte do público já havia deixado o Estádio do Pacaembu antes mesmo dos discursos dos presidentes das centrais.
"Companheiros, acho que hoje, embora muita gente já saiu do estádio, nós temos que comemorar aqui esta unidade", afirmou Paulinho, na abertura de seu discurso, já no início da tarde.
A fala do presidente da Força foi "mais mansa" - como ele mesmo definiu -, em comparação à do dia anterior, em que aplicou uma saraivada de golpes em Serra diante de uma plateia composta por movimentos sociais, no centro de São Paulo. E saiu admitindo uma multa eleitoral.
Dessa vez, Paulinho concentrou seus esforços "nas vitórias do trabalhador" e "nas negociações com o presidente Lula". "Essa conferência tem um objetivo muito claro de entregá-la (a Agenda da Classe Trabalhadora) aos candidatos à Presidência. Dizia a grande imprensa nacional que iríamos fazer aqui um dia de política. Estamos hoje aprovando uma pauta, de um modelo de Brasil que nós queremos", esquivou-se Paulinho, para em seguida cantar o Hino à Bandeira.
Artur Henrique, presidente da CUT, que disse antes de discursar que "manteria a língua afiada", foi mais incisivo. "O maior desafio é não permitir o retrocesso, que nós tenhamos em nosso País a volta daqueles que foram, os responsáveis pela crise", discursou, citando FHC.
Valor foi usado para pagar evento realizado ontem no Estádio do Pacaembu, em São Paulo, com objetivo de aprovar Agenda da Classe Trabalhadora e pregar a continuidade do governo Lula; das 30 mil pessoas esperadas, apenas metade compareceu
Roberto Almeida - O Estado de S.Paulo
Palco do evento. Aluguel do Pacaembu custou R$ 135 mil e serviço da CET, R$ 35 mil Cinco centrais sindicais - Força, CUT, CGTB, CTB e Nova Central - pregaram ontem, na assembleia da Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), em São Paulo, a continuidade do governo Lula e alertaram para um "retrocesso", em clara referência ao pré-candidato tucano à Presidência, José Serra.
O evento, pago pelo imposto sindical, que desconta um dia de salário ao ano de todos os trabalhadores com carteira assinada, custou pelo menos R$ 800 mil, segundo o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical.
O objetivo, cumprido, era o de aprovar a Agenda da Classe Trabalhadora, que será entregue aos três presidenciáveis. São quase 300 demandas a serem cumpridas pelo vencedor das eleições.
Ao todo, R$ 135 mil foram empenhados para o aluguel do Estádio do Pacaembu e R$ 35 mil para o pagamento da Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo para coordenar o trânsito. O restante - R$ 630 mil - foi para a infraestrutura, como palco, som e transporte de militantes.
De acordo com o deputado, somente a Força Sindical pagou 500 passagens de avião para dirigentes virem das regiões Norte e Nordeste do País. As demais centrais também admitiram ter pago por transporte aéreo. A CUT disse que não divulgaria dados e valores de logística.
Mesmo com o investimento pesado das centrais para um megaevento, o público foi apenas a metade do esperado. Segundo a Guarda Civil Metropolitana, 15 mil compareceram, metade dos 30 mil esperados.
A reserva inicial, de acordo com as centrais, era de 13 mil lugares para militantes da CUT e 11 mil para os da Força. Os demais seriam divididos em blocos menores entre as outras três centrais. No entanto, o Pacaembu teve uma manhã e um início de tarde com muitos lugares vazios.
Microfone aberto. Os militantes e dirigentes sindicais, vindos de todos os Estados do País, receberam lanches na porta do estádio e ouviram dezenas de discursos de sindicalistas - a maioria para evitar o "retrocesso", alguns citando nominalmente a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e outros em defesa aberta da pré-candidata petista Dilma Rousseff.
O presidente do PT paulista, Edinho Silva, assumiu o microfone falando "em nome do companheiro José Eduardo Dutra", presidente do PT nacional. Delineou o cenário eleitoral, com rasgados elogios a Lula, e disse que "é preciso avançar ainda mais e aprofundar as mudanças do governo".
"O Brasil não pode ter retrocesso", afirmou, em referência ao governo tucano. "Não pode conviver novamente com o desmanche do Estado. Não pode conviver novamente com a submissão de seus interesses. Se vamos avançar ou não, isso cabe a cada um de nós."
Empenhado na campanha do senador Aloizio Mercadante (PT-SP) ao Palácio dos Bandeirantes, Edinho afirmou ainda que "é preciso fazer no Estado de São Paulo o mesmo que o presidente Lula fez no Brasil". "É hora de os trabalhadores mais uma vez mostrarem sua força. O avanço só depende de nós", finalizou.
Esvaziamento. O que era para ser o ápice da Conclat - a aprovação da Agenda do Trabalhador, documento chave do evento - acabou de maneira esvaziada. Boa parte do público já havia deixado o Estádio do Pacaembu antes mesmo dos discursos dos presidentes das centrais.
"Companheiros, acho que hoje, embora muita gente já saiu do estádio, nós temos que comemorar aqui esta unidade", afirmou Paulinho, na abertura de seu discurso, já no início da tarde.
A fala do presidente da Força foi "mais mansa" - como ele mesmo definiu -, em comparação à do dia anterior, em que aplicou uma saraivada de golpes em Serra diante de uma plateia composta por movimentos sociais, no centro de São Paulo. E saiu admitindo uma multa eleitoral.
Dessa vez, Paulinho concentrou seus esforços "nas vitórias do trabalhador" e "nas negociações com o presidente Lula". "Essa conferência tem um objetivo muito claro de entregá-la (a Agenda da Classe Trabalhadora) aos candidatos à Presidência. Dizia a grande imprensa nacional que iríamos fazer aqui um dia de política. Estamos hoje aprovando uma pauta, de um modelo de Brasil que nós queremos", esquivou-se Paulinho, para em seguida cantar o Hino à Bandeira.
Artur Henrique, presidente da CUT, que disse antes de discursar que "manteria a língua afiada", foi mais incisivo. "O maior desafio é não permitir o retrocesso, que nós tenhamos em nosso País a volta daqueles que foram, os responsáveis pela crise", discursou, citando FHC.
terça-feira, 1 de junho de 2010
Família de Jango nega interesse financeiro na apuração de morte
DE SÃO PAULO
A família de João Goulart negou ontem que estimule as teses sobre o suposto assassinato do ex-presidente para obter vantagens financeiras, como acusou o historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira em reportagem publicada no sábado pela Folha.
Neto de Jango, Christopher Goulart diz não haver relação entre a investigação da morte do avô e a ação em que a família pede aos EUA indenização de R$ 4 bilhões pelo apoio ao golpe de 1964: "Ficamos perplexos, porque nossa ação não tem nada a ver com isso".
Candidato a deputado pelo PDT gaúcho, ele afirma crer em uma conspiração para matar Jango: "A ditadura temia o retorno do meu avô ao país. Não há prova concreta de que ele foi assassinado, mas também não há prova contrária".
Folha de 01 de junho de 2010
A família de João Goulart negou ontem que estimule as teses sobre o suposto assassinato do ex-presidente para obter vantagens financeiras, como acusou o historiador Luiz Alberto Moniz Bandeira em reportagem publicada no sábado pela Folha.
Neto de Jango, Christopher Goulart diz não haver relação entre a investigação da morte do avô e a ação em que a família pede aos EUA indenização de R$ 4 bilhões pelo apoio ao golpe de 1964: "Ficamos perplexos, porque nossa ação não tem nada a ver com isso".
Candidato a deputado pelo PDT gaúcho, ele afirma crer em uma conspiração para matar Jango: "A ditadura temia o retorno do meu avô ao país. Não há prova concreta de que ele foi assassinado, mas também não há prova contrária".
Folha de 01 de junho de 2010
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