sexta-feira, 4 de junho de 2010

MAIS RAZÃO E MENOS EMOÇÃO

Foto: Jair Bertolucci

MAIS RAZÃO E MENOS EMOÇÃO

Heródoto Barbeiro
Os três pré candidatos a presidência da república com melhores colocações nas pesquisas participaram de uma rodada de entrevistas de uma hora no Jornal da CBN. Pela ordem de sorteio, Serra, Dilma e Marina puderam defender seus programas de governo em uma rede nacional de rádio, conectada na internet, com a participação de internautas e ouvintes no Outlook e debates no twiter, e com transmissão simultânea vivo pelo G1 com áudio e imagem. Cada entrevista tevê uma boa repercussão em outros veículos, como nos telejornais da noite e no dia seguinte nos principais jornais impressos em tinta e papel de todo o país. No final de semana ganharam espaço em algumas revistas semanais. Os jornalistas que participaram procuraram fazer perguntas que ainda não tinham sido feitas, para não ” chover no molhado” e isso colaborou com a utilidade de expor os candidatos. Perguntas de ouvintes e internautas chegaram antes, durante e depois de cada uma delas, e foram agrupadas por tema e apresentadas.

Nesta época de copa do mundo é até compreensível que as emoções se aflorem com as jogadas da seleção dos anões, no bom sentido, do Dunga. E em futebol o que vale é torcer, e quando a gente torce ninguém pode convencer a gente do contrário. Eu mesmo sou corintiano e apesar de todo o vexame do “Sentenário”, continuo usando a camisa do timão. Torcer quer dizer virar, empurrar na direção que se quer, é xingar, respeitosamente, o árbitro quando ele apita um pênalti clamoroso contra o nosso time e quando ele anula um gol do Gordo pilhado em flagrante tomando banho na área do adversário. Mesmo assim defendemos nossos valorosos jogadores, inventamos piadas sobre os adversários, e usamos os argumentos mais ridículos para defender nossa agremiação. A coisa é do jeito que a gente quer e ponto final. No próximo jogo a torcida está lá de novo cantando eslogans, empunhando bandeiras e os mais insensatos e ausentes de cidadani se envolvem em brigas com a torcida adversária, Não são capazes de por um limite na sua sofreguidão de ofender, inventar mentiras, ameaçar, quebrar o transporte público e outros atos de vandalismo que podem chegar a ferir e matar pessoas. Isso tudo é fruto de uma emoção sem limites que cega as pessoas e geralmente é seguida do arrependimento. Não é um seqüestro límbico como definiu Daniel Golleman.

Depois da copa volta a política e o embate principal é a disputa da presidência da república.´É o momento de guardar a camisa da seleção, hexacampeã espero, e olhar racionalmente o que cada um oferece em seu programa de governo. Além dos três, outros como Plínio de Arruda e outros de partidos menores também vão apresentar suas propostas. São elas que deveriam nortear a escolha do eleitor. Simpatia, voz melíflua, roupas adequadas para a tevê, assessorias milionárias, declaração de voto de celebridades e personalidades não deveriam ser os fatores decisivos para a escolha do futuro ou da futura presidente do Brasil. O fundamental é o programa, o comprometimento, a postura ética e a transparência. Uma disputa eleitoral não pode gerar discussões ou e-mails ofensivos, mentirosos, detratores de quem quer que seja. Uma coisa é noticiar, expor o currículo deste ou daquele, divulgar reportagens, participar de debates civilizados e outro é a calúnia. Bons exemplos recentes foram a eleição de Obama nos Estados Unidos e Cameron na Grã Bretanha. Para se chegar a esse estágio de racionalidade cada um pode dar sua contribuição ajudando a desenvolver a politização e o espírito crítico de cada um. Pela primeira vez vai aparecer na urna eletrônica a foto do vice ou dos suplentes no caso dos senadores e isso também deve ajudar na hora de escolher. Depois da festa da copa a reflexão necessária sobre o destino do país.



O jornalista Heródoto Barbeiro é Bacharel em História, Direito e Jornalismo, e mestre em História pela Universidade de São Paulo (USP), Heródoto foi professor de História por quase 30 anos antes de enveredar pelo jornalismo.

Na década de 80, comandou o programa Vox Populi na TV Cultura, por alguns meses. Em 1992, Heródoto retornou à emissora, onde permanece até os dias atuais, passando por diversos programas, Jornal da Cultura, Opinião Nacional, 60 Minutos, o Cesta Básica, o Balanço Social e o próprio Roda Viva (entre 1994 e 1995).


Âncora do Jornal da CBN, Heródoto também assina colunas em diversos jornais do interior paulista, nas revistas Gol Futebol Clube e Conselho Regional de Enfermagem, além de manter sempre muito atualizado o blog do Barbeiro. É autor de livros na área de treinamento para empresas, jornalismo, história e religião, como Meu Velho Centro, Fora do Ar, Manual de Telejornalismo e Buda - O Mito e a Realidade. Graças à sua competência e credibilidade, Heródoto Barbeiro conquistou muitos prêmios ao longo de sua carreira, entre eles, APCA, Comunique-se e Prêmio Ayrton Senna de Jornalismo.

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