
Arruda passa primeiro dia de prisão na Polícia Federal lendo, diz advogado
MÁRCIO , em Brasília
No primeiro dia em que ficou preso na Superintendência da Polícia Federal, o governador afastado do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), se dedicou a leitura de livros para passar o tempo. O advogado Nélio Machado, que esteve com o governador na noite de hoje para traçar uma estratégia para reverter o pedido de prisão, não soube informar o nome dos títulos.
Arruda está preso desde a noite de ontem em uma sala do INC (Instituto Nacional de Criminalística) por determinação do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Segundo Machado, foi disponibilizada uma cama "de criança" para o governador. Ele ainda está sendo monitorado por dois agentes. No local, há um banheiro privativo, ar condicionado. O advogado negou que ele tenha acesso a televisão e a aparelho de celular.
"É uma cama pequenininha, mais ou menos de criança. Nenhuma prisão é boa, mas não tenho do que reclamar em relação ao tratamento que tem sido dado a ele", disse.
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Ao longo do dia, o governador afastado que é acusado de tentar subornar uma das testemunhas do esquema de corrupção, não recebeu visitas de familiares. Machado disse que vai fazer uma consulta aos parentes para saber se há o interesse no encontro.
O advogado afirmou que o governador está esperançoso em retomar a liberdade nos próximos dias e que está abatido.
Além de Machado também passaram para visitar o governador o secretário Alberto Fraga (Transportes) --que teria sido o primeiro a informação da rejeição do habeas corpus pelo ministro Marco Aurélio-- o advogado José Gerardo Grossi, e o chefe da Casa Militar, coronel Ivan Rocha.
O coronel disse que Arruda é injustiçado e vive uma "situação humilhante" para um governador.
Sérgio Lima/Folha Imagem
Prisão
Na decisão tomada nesta sexta-feira que mantém o governador Arruda preso, o ministro Marco Aurélio Mello, do STF, afirma que a decisão do STJ de decretar a prisão do governador cumpriu todos os requisitos legais necessários.
Marco Aurélio afirma que a prisão do governador era necessária para "preservar a ordem pública e campo propício à instrução penal considerado o inquérito em curso".
O ministro diz, ainda, que o momento é "alvissareiro" para a correção de rumos no país, extinguindo a impunidade. "Indefiro a liminar. Outrora houve dias natalinos, hoje avizinha-se a festa pagã do Carnaval. Que não se repita a autofagia", diz o ministro.
Com a o pedido de liminar negado por Marco Aurélio, a defesa de Arruda terá que esperar o fim do Carnaval para que o plenário do STF julgue o mérito da decisão do ministro. A próxima sessão plenária do Supremo está marcada para quarta-feira de Cinzas.
Até lá, Arruda fica preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília. A defesa do governador ainda não comentou o teor da decisão do STF, nem se pretende pedir a revisão da liminar de Marco Aurélio.
Na noite desta sexta-feira, o ex-deputado distrital Geraldo Naves (DEM) também se entregou à Polícia Federal. Naves foi o último a se apresentar. Ele deve permanecer preso na Superintendência da PF até ser transferido amanhã para o presídio da Papuda, em Brasília. Lá, estão presos o ex-secretário de Comunicação Weligton Moraes, o sobrinho do governador afastado, Rodrigo Arantes, e o diretor da CEB (Companhia Energética de Brasília), Haroaldo Brasil de Carvalho, além de Antonio Bento da Silva, conselheiro do Metrô que foi preso em flagrante durante a tentativa de suborno do jornalista.
Jornal A Folha de S. Paulo de 13 de fevereiro de 2010