Diferença entre Serra e Dilma diminuiPesquisa CNT/Sensus mostra que o fiel da balança, a oito meses das eleições presidenciais, pode ser o deputado Ciro Gomes.
Com Sergio Kapustan - 1/2/2010 - 22h30
Se a eleição fosse hoje, o governador de São Paulo José Serra (PSDB) teria 33,2% dos votos contra 27,8% da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) ficaria com 11,9%, seguido da senadora Marina Silva (PV-AC), com 6,8%. Os dados fazem parte da pesquisa CNT/Sensus, divulgada ontem. Os indecisos, brancos e nulos somam 20,4%.
Este cenário, entretanto, tem um fiel da balança: Ciro Gomes. O levantamento tem margem de erro de três pontos porcentuais para mais ou para menos. Sem Ciro na disputa para a Presidência da República, o empate técnico desaparece. Serra teria hoje 40,7% dos votos, Dilma, 28,5% e Marina, 9,5%. No segundo turno, o tucano venceria a petista por 44% a 37,1%.
Fator Ciro Gomes
O presidente do Instituto Sensus, Ricardo Guedes, disse acreditar que os votos de Ciro, que perdeu pontos por estar afastado da mídia, tenham sido transferidos em sua maioria para Dilma. "A queda do Ciro vai para a Dilma, mas o restante também vai para o Serra. Os votos do Ciro vão um pouco mais para a Dilma que para o Serra", afirmou.
Prova disso é que a diferença de intenção de votos entre Serra e Dilma diminuiu de 10,1 pontos porcentuais em novembro para 5,4 pontos agora em janeiro.
Dilma ultrapassou Serra, por exemplo, no Nordeste, reduto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Teve 38% contra 25,4% do tucano. Na pesquisa anterior, ela tinha 29,5%, e Serra, 30,7%.
"Com o peso de Lula e da máquina pública contra, Serra continua na frente", disse o deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP). "O PSDB é o favorito. Não temos motivo nenhum para ficarmos intranquilos", completou.
Especialistas afirmam que somente após a desincompatibilização de Serra e de Dilma – o prazo se encerra em 3 de abril – a campanha tomará o rumo definitivo. "O jogo está para ser jogado, entretanto, pode-se afirmar que, pelos números atuais, ele será difícil para os dois lados", prevê o sociólogo, Alberto Carlos Almeida, diretor do Instituto Análise. Ele acrescenta que os números da pesquisa reforçam a dificuldade da candidatura de Marina Silva (PV) de se consolidar como uma alternativa à polarização tucana-petista.
Dilma, diz Almeida, começa a se tornar mais conhecida como a "candidata do governo", o que resulta em uma "predisposição" de parte do eleitorado em votar nela. "Se essa predisposição vai se cristalizar ou não, aí é uma outra questão ".
O cientista político Amaury de Souza concorda. Para ele, o atual momento é de "flutuação" das candidaturas e o maior impacto é sobre os partidos, que buscam alianças para fortalecê-las. Ele lembrou que, além de PT e PSDB, o PSB, do presidenciável Ciro Gomes, também requereu à Justiça Eleitoral a veiculação de programa nacional, no dia 18. Com isso, poderia somar pontos no próximo levantamento, assim como o PT somou agora, após o programa partidário. "O jogo da eleição está numa fase incipiente. Até o prazo de desincompatibilização, vamos ter oscilações", declara Souza. (Com Sergio Kapustan)
Doario do Comércio de 02 de fevereiro de 2010
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